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Terça, 07 Mai 2024

Da pele para o tecido, grafismo indígena amazonense começa a ganhar o mundo da moda

O grafismo indígena, marca de muitas etnias, passou a inspirar estilistas indígenas do Amazonas. Agora, os traços, que saltaram da pele para o tecido, começam a ganhar o mundo da moda.

Utilizando casca de árvores, fibras e sementes, os estilistas indígenas adaptam produtos naturais encontrados na floresta para produzir as roupas.

Desfiles expõe o trabalho indígena para o mundo. — Foto: Arquivo pessoal/Yra Tikuna

Na cultura indígena, a tradição do grafismo é passada de geração para geração. A estilista Yra Tikuna conta que, desde os 12 anos, tem criado roupas inspiradas na produção ancestral. Hoje, a venda das peças já garante a renda da profissional.

A conexão com a natureza e com os "parentes" - adjetivo usado pelos indígenas para se referir a uma pessoa próxima e querida - inspira o grafismo. Para Yra Tikuna, desenhar no tecido também é uma forma de se ligar às origens.

"A minha inspiração vem da natureza. Da nossas das nossas florestas, dos nossos animais, dos nossos rios, da nossa mãe-terra. Quando eu começo a pintar, vem desenhos de nossos pássaros, nossas araras, nossos papagaios, dos rios, dos nossos peixes. Então acredito que é a nossa inspiração, não só a minha, mas de todos os parentes", 

contou Yra Tikuna.

A tradição e ancestralidade indígena também inspiram a estilista amazonense Claudia Baré. O dom foi passada de mãe para filha. "A própria natureza é minha inspiração. A minha mãe que, costurava nossas próprias roupas quando criança, dá força de mostrar a quem possa interessar que temos capacidade de criar e pôr em prática as nossas ideias a partir da nossa cultura indígena", ressaltou Claudia.

Grafismo indígena pelo mundo 

Com o sucesso, as peças passaram a ser comercializadas em feiras e perfis nas redes sociais, o que garante a venda até para fora do país. Yra Tikuna tem peças expostas em desfiles e mostras indígenas. Segundo a estilista, os clientes internacionais que compram as pessoas são admiradores do grafismo indígena.

"Já vendi já várias peças pra fora do Brasil: para a Europa, Paris e Alemanha. Também estou vendendo bastante por encomenda para São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará. Tenho um enorme sentimento de gratidão. Uma pessoa de fora pedir para eu criar e mandar a minha roupa? É uma honra", destacou Yra.

Claudia, que morava em Manaus, mudou para Paulinia, em São Paulo, para cursar mestrado de linguística na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tem aproveitado um novo mercado. "Estou vendendo nas feiras, agora aqui em São Paulo. Estamos indo na Pinacoteca vender artesanatos. Lá é uma grande exposição", comentou.  

*Por Bianca Fatim, do g1 Amazonas

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