Uma das formas de conhecer a pluralidade da cultura indígena é através da literatura produzida por autores indígenas
O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, registrou a existência de 274 línguas indígenas no país de 305 diferentes etnias. A etnia com o maior número de indígenas é a Tikúna, com cerca de 46 mil pessoas, seguida das Guarani Kaiowá, Kaigang e Macuxí. Uma das formas de conhecer essa pluralidade é através da literatura produzida por autores indígenas, principalmente para o público infantil, que precisa conhecer suas origens.
O Portal Amazônia separou sete livros de autores indígenas feito para que as crianças não percam a cultura de seus povos. Confira:
Um sonho que não parecia sonho, de Daniel Munduruku
Para os povos indígenas, os sonhos são reflexos dos nossos pensamentos, medos e esperanças. Pensando nisso, Daniel Munduruku estabelece, neste livro, um diálogo entre as crianças da cidade e as lendas indígenas, mostrando como os sonhos podem passar importantes mensagens para as pessoas.
Txopai e Itôhã, de Kanátyo Pataxó
O livro traz um mito de origem, escrito e ilustrado pelo índio Kanátyo para seus alunos na escola da aldeia dos pataxós, em Carmésia (MG). O mito conta que Txopai nasceu de uma gota de chuva e foi o primeiro Pataxó a surgir na Terra. Depois dele, seus irmãos também nasceram, de outra chuva, e Txopai deve de lhes ensinar a caçar, pescar, plantar e sobreviver de seu trabalho respeitando os recursos naturais. Trata-se de uma oportunidade de mostrar aos pequenos lições sobre amor e reforçar a importância de respeitar a natureza.
Kabá Darebu, de Daniel Munduruku
“Nossos pais nos ensinam a fazer silêncio para ouvir os sons da natureza; nos ensinam a olhar, conversar e ouvir o que o rio tem para nos contar; nos ensinam a olhar os voos dos pássaros para ouvir notícias do céu; nos ensinam a contemplar a noite, a lua, as estrelas…”Kabá Darebu é um menino-índio que nos conta, com sabedoria e poesia, o jeito de ser de sua gente, os Munduru.
A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas, de Tiago Hakiy
Tomar banho de rio, subir no pé de goiabeira, brincar com os animais, pescar o almoço, olhar as estrelas. Em A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas, a cultura dos índios da Amazônia é apresentada às crianças sob a forma de singelos poemas. Ninguém melhor do que Tiago Hakiy para fazer isso com aprumo: descendente do povo sateré mawé, o autor nasceu em Barreirinha (AM), no coração da Floresta Amazônica. O livro ganha ainda um charme extra com as representativas ilustrações de Taísa Borges. Coloridos, tradicionais e de traços fortes, os desenhos contribuem para a inserção do público infantojuvenil no universo dos índios amazônicos.
Meu lugar no mundo, de Sulami Katy
Um livro autobiográfico escrito pela potiguara Sulami Katy, no qual ela narra uma viagem que fez à cidade de São Paulo para divulgar sua cultura, marcada pelo convívio intenso com a natureza, pelos rituais sagrados, pelas palavras sábias do pajé e pela arte de preparar o beiju. Nessa obra, os jovens leitores vão ter acesso a discussões importantes sobre o que é ser indígena nos dias atuais e outras reflexões sobre diferenças culturais.
Meu pai Ag’wã: Lembranças da casa de conselho, de Yaguarê Yamã
Este é um livro de reencontro de Yaguarê Yamã com a aldeia onde cresceu. Já adulto, o autor retorna àquele lugar, onde revive seus momentos de infância, relembra o contato com a natureza, as brincadeiras e, em especial, sua vivência com Ag’wã, seu pai. Em meio a uma narrativa comovente da relação afetuosa entre pai e filho, o autor mostra ao leitor mais sobre a cultura indígena, com seus costumes, tradições e língua.
Coisas de Índio – Versão Infantil, de Daniel Munduruku
Ainda hoje, os povos indígenas são malcompreendidos apenas porque têm um jeito próprio de viver. Aqui, Daniel Munduruku não só explica o que é ser índio mas também elucida o leitor acerca de particularidades de sua cultura. As aldeias, a língua e as artes são só alguns dos temas abordados, explicados de maneira simples e atrativa, e ilustrados de forma a transmitir toda a riqueza da cultura indígena às crianças. Mais que um livro, Coisas de índio celebra o respeito e a valorização das diferenças.