Também conhecida como ‘Onça Pé-de-Boi’, é descrita como uma criatura majestosa e temida, possuindo as características de duas espécies distintas.
Na vastidão da Amazônia, onde as densas florestas guardam segredos ancestrais, existe uma lenda que é conhecida entre os caçadores e pescadores que se aventuram por suas trilhas misteriosas. Trata-se da história da ‘Onça-Boi‘, um ser fantástico que, segundo relatos, aterroriza a vida dos ribeirinhos da região amazônica.
A ‘Onça-Boi’, que também pode ser conhecida como ‘Onça Pé-de-Boi’, é descrita como uma criatura majestosa e temida, possuindo características de de duas espécies distintas: a onça e o boi. A peculiaridade é a presença de cascos de boi no lugar de suas patas, lhe dando uma aparência única – e aterrorizante.
Ao contrário das onças comuns, que costumam ser solitárias, a lenda da ‘Onça-Boi’ relata que esses seres caçam em pares (um macho e uma fêmea), formando uma aliança na busca por presas.
Testemunhas afirmam que, ao se depararem com caçadores ou intrusos na selva no Acre, essas criaturas astutas os encurralam, forçando as vítimas a subirem em árvores em uma tentativa de escapar. As ‘Onças-Boi’, então, revezam-se na vigilância da presa, aguardando pacientemente até que a exaustão ou a fome derrube o alvo de sua perseguição.
O livro ‘Geografia dos Mitos Brasileiros’, do escritor Luís Câmara Cascudo, destaca a história de Genésio Xavier Torres, servente do Tribunal de Apelação no Rio Grande do Norte. Ele andou pelos rios da Amazônia e Acre, tirando seringa, cortando caucho e apanhando castanha.
Genésio relatou que a existência da ‘Onça-boi’ está fora de qualquer dúvida. Além dele, outros caçadores contam a mesma história da “terrível” onça com cascos de boi que devoram pessoas.
Sobrevivência
Segundo as histórias transmitidas de geração em geração, o único meio de sobreviver ao ataque da ‘Onça-Boi’ é uma batalha direta. De acordo com a lenda, a pessoa, ao avistar essas criaturas místicas, precisa agir rapidamente e eliminar uma delas (o macho ou a fêmea). No entanto, as opiniões divergem sobre qual membro do par deve ser abatido para garantir a fuga.
Alguns acreditam que matar o macho afugenta a fêmea, enquanto outros sustentam que é a fêmea que deve ser eliminada para que o macho se afaste. Essa dualidade de crenças apenas intensifica o mistério em torno dessa lenda amazônica.
Apesar de ser considerada uma lenda, a ‘Onça-Boi’ desempenha um papel importante no folclore amazônico, transmitindo uma mistura única de encanto e medo. Para os habitantes locais, essas histórias servem como um lembrete dos perigos ocultos na selva e a importância de respeitar a natureza.
Anta-cachorro
Você sabia que existe uma variante da ‘Onça-boi’? Sim, é a ‘Anta-cachorro’, que, contam, já foi vista no Pará e também em Goiás. A obra de Luís Câmara Cascudo conta a história do engenheiro Inácio Batista de Moura, que encontrou o “Tapira-Yauara”, nome que no tupi quer dizer ‘Anta-cachorro’, animal gigantesco, que tem a forma de onça e as patas com cascos como pé de anta, com as quais cava a terra.
Essa ‘Anta-cachorro’ não seria a mesma ‘Onça-Boi’ dos acreanos e do Rio Madeira? Tem as características similares, mas os relatos demostram essa diferença em relação aos animais “envolvidos”. Naturalmente a mata está cheia de assombros e, desde os mais velhos livros de viagens, vemos os mais peculiares animais, estudados pelo medo e descritos pela imaginação.