Assombrações no Teatro Amazonas: 4 relatos enigmáticos

De piano assombrado à aparições inexplicáveis, os fantasmas do Teatro Amazonas ocupam o imaginário de muitos que já visitaram ou trabalharam no local. 

O Teatro Amazonas é o monumento mais icônico da cidade de Manaus (AM). Desde sua fundação, em dezembro de 1896, a construção acumula muitas histórias, que vão desde sua estrutura às pessoas que passaram por lá. Mas e se algumas dessas pessoas nunca tiverem saído do local?

Os fantasmas do Teatro Amazonas assombram o imaginário de muita gente que já visitou a histórica construção ou até mesmo quem já trabalhou por lá. Os relatos são dos mais diversos: instrumentos que tocam sozinhos, passos em andares vazios, aplausos em ensaios solitários, dentre muitos outros.

Mas todo teatro tem os seus fantasmas, sejam os encenados ou os “verdadeiros”. Em busca dessas histórias, o Portal Amazônia conversou com algumas pessoas que trabalham no local e relataram casos assombrosos que ouviram ou vivenciaram. Confira:

O homem de preto 

Foto: Christian Ortner/Pixabay

A história do ‘Homem de Preto’ foi relatada por Mercia Sales, bombeira no Teatro Amazonas. Segundo ela, no dia em que o ex-governador de Manaus, Amazonino Mendes, foi enterrado, um homem elegante trajando roupas pretas foi visto no palco principal, mesmo que não houvesse nenhum espetáculo em curso e que nenhum dos funcionários se vestisse daquela forma.

“Uma menina que trabalha na limpeza ficava falando que tinha um homem de preto com a gente, atrás da gente [de Mercia e do seu parceiro de trabalho]. Olhamos para trás e não tinha ninguém. Ela descreveu um homem bonito, com terno grande, uma roupa toda preta… Acabamos indo fazer uma ronda, para tirar as suspeitas”,

diz a bombeira. 

Apesar da averiguação, a equipe de Mercia não encontrou ninguém fora do habitual, apenas os funcionários padrões, que ficavam naquele horário no teatro, “só o pessoal da segurança, dos bombeiros e da limpeza, não tinha ninguém diferente”. 

Ainda assim, a colega de trabalho da bombeira insistiu que havia alguém, não nos corredores da construção, mas no centro do palco, tirando fotos.

“Fomos até lá, a gente puxou a cortina e não tinha ninguém. Aí a gente começou a ‘bagunçar’ [brincar] com ela. Eu ficava dizendo ‘tia, a senhora deve estar vendo coisa, a pressão não está alta?’. Mas ela insistiu tanto que fomos de novo na recepção perguntar se não era alguém da técnica do Amazonino que estava todo de preto. Vai que era alguém do enterro dele, mas não”, 

relatou Mercia.

  Mais tarde, entretanto, ao fazer a ronda no palco, algo de estranho aconteceu.

“A gente estava fazendo a ronda, quando, de repente, escutamos passos atrás da cortina. Eu e meu amigo nos abaixamos para ver. O homem estava com os pés juntinhos, de frente para a área de carga e descarga. Eu vi, puxei meu amigo e apontei, aí ele viu também. Nessa hora, corremos para a esquerda, abrimos a cortina e demos de cara com as meninas da limpeza”,

conta.

Segundo a bombeira, não apenas ela e seu amigo estavam intrigados com aquela situação, mas todos da equipe da limpeza. Ambos os grupos avistaram o homem por lados opostos, porém, quando se aproximaram, ele não estava mais lá, fazendo com que um grupo fosse ao encontro do outro.

Criança de branco 

Foto: Pheladi Shai/Pixabay

A história da bombeira é apenas um dos relatos de aparições mais recentes que intrigam os funcionários do Teatro. O mesmo aconteceu com ‘Seu Nonato’, mas o fantasma que o assustou era uma criança em vestes brancas. 

Raimundo Nonato Pereira é o servidor mais antigo do Teatro Amazonas. Com mais de 50 anos de serviço, ele já trabalhou em quase todos os cargos disponíveis: foi pedreiro, bilheteiro, segurança, assistente técnico, dentre outros. Isso o fez acumular uma grande quantidade de histórias sobre a construção. 

Inicialmente, Seu Nonato se mostrou cético quanto algumas das histórias relatadas por seus companheiros de trabalho. Ele mesmo até brinca que “seria um fantasma do Teatro um dia, puxando a orelha do pessoal”. Entretanto, ele lembra de uma situação que aconteceu com ele – e não só uma vez. 

“Eu estava na nossa sala, quando eu vejo, no palco, uma criança toda de branco, correndo na direção da portaria. Eu só fiquei olhando, mas ela não passou pelo portão”,

relembra Nonato.

Surpreendido, ele passou a correr atrás da criança, colocou até mesmo outros membros da equipe de segurança do teatro nas portas, para ver se ela não iria procurar ajuda.  

“Quando eu encontrei ela novamente, virando o corredor ela já tinha sumido. Depois disso, rodei o teatro inteiro, mas não encontrei mais nada”, diz.

Apesar da história ter ocorrido há muito tempo, segundo o próprio Nonato, mais recentemente ela foi revivida em sua memória, após uma cirurgia pela qual passou.

“Eu estava operado da vista, descansando bastante, acabei sonhando com ela, rindo e passando as mãos na minha cabeça”,

finaliza.

Em ambas histórias contadas os participantes afirmaram ter, pelo menos, um vislumbre do sobrenatural. Não é o caso do próximo relato, em que apenas o ‘som do além’ pode ser ouvido.

O piano que toca sozinho 

Foto: b0red/Pixabay

De acordo com Mateus Rodrigues, estagiário do administrativo do setor de turismo, existe uma história em específico que chamou sua atenção desde que começou a ouvir sobre as aparições do teatro. Tudo se desenrola em torno de um instrumento característico dos grandes espetáculos: um piano. 

“Antes, alguns anos atrás, tinha um piano que ficava no nosso palco. E, geralmente, segunda tudo ficava fechado, só com dois ou três funcionários e a equipe de segurança. Certo dia, numa segunda, começaram a ouvir o piano tocando”,

relata.

Em um primeiro momento, apenas o segurança que estava fazendo a ronda ouviu o som do piano e foi, sozinho, averiguar a situação. Pouco depois, um dos funcionários do setor administrativo também ouviu as notas do instrumento e resolveu ir verificar.

“Quando ele estava descendo do administrativo para o palco, ele viu o segurança correndo de volta, desesperado. Ele estava tão desesperado que nem estava conseguindo explicar. O funcionário que estava no administrativo disse ‘então fica aqui que eu vou ver quem está tocando, porque dia de segunda não pode funcionar nada”’,

conta Mateus.

Ao chegar no palco, entretanto, o som já havia cessado, e o funcionário do administrativo não encontrou ninguém, o que o deixou ainda mais intrigado. Ao retornar, encontrando novamente com o segurança, ele perguntou quem estaria tocando naquele dia em que nada deveria estar funcionando. 

Ao passo que o segurança o respondeu que não havia ninguém, o instrumento estava sendo tocado, as teclas apertadas, mas não havia ninguém tocando. 

 O rapaz de cartola

Foto: yanalya/Freepik

Outro figura masculina assombrou mais pessoas pelo teatro. Heloísa Mascarenhas, ex-guia do teatro, conta a história a respeito de um homem visto por duas pessoas em momentos diferentes. 

“Em 2018, eu trabalhava no teatro como guia de turismo e tinha um colega que sempre relatava ver um fantasma no banheiro masculino do térreo. Ele o descrevia como um rapaz de cartola, bigode e roupa no estilo clássico do século XX. Alguns de nós ficamos meio preocupados, mas nada demais, as histórias de fantasmas eram comuns no teatro. Acho que ninguém levava muito a sério, principalmente eu, que além de cética sou ateia”,

relata a ex-funcionária.

Durante algum tempo o guia, amigo de Heloisa, insistia que via o fantasma, entretanto, por ser o único que teria tido esse contato sobrenatural, acabava desacreditado ou visto como brincalhão.

“Até que um dia, um visitante que já tinha feito a visita guiada completa, decidiu voltar e pediu pra usar o banheiro. Menos de um minuto depois da gente liberar a entrada dele, o mesmo retornou, nervoso e apressado. Perguntamos o que tinha acontecido e ele demorou para falar, até que finalmente relatou o que tinha visto: dentro do banheiro, um rapaz de cartola, bigode e traje esporte fino, exatamente do mesmo jeito que o meu amigo descrevia. Claro que todos ficaram extremamente catatônicos, mas tivemos que ‘manter a linha’ pra conseguir dar suporte e atenção para o rapaz”,

revela Mascarenhas.

Quer se acredite em fantasmas ou não, os mistérios que compõem o maior símbolo arquitetônico do Amazonas são inúmeros e há ainda muito o que ser descoberto, daquilo que pode ser visto ou do que se esconde além. Você também tem histórias fantasmagóricas no teatro? 

*Estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar

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