‘Etnias’ é o nome do grafite produzido pelos artistas Denis LDO e Janny Scaranze. A inauguração ocorreu no dia 3 de julho.
A diversidade de raças no Amazonas é o tema do primeiro mural de grafite produzido no município de Manaquiri, há 156 km de Manaus. Inaugurada em 3 de julho deste ano, o mural ‘Etnias’ dos artistas Denis LDO e Janny Scaranze aproximou os cidadãos do município à cultura hip-hop.
A arte foi feita em cinco dias, na Praça Arena das Etnias Luiz Pastor, no centro da cidade. Um presente ao município de 38 anos, conhecido como terra da batata, da laranja e do jaraqui.
Forte representante da cultura hip-hop no Amazonas, o rapper, grafiteiro e produtor cultural Denis LDO diz que não conhecia Manaquiri, mas soube muito sobre a história do município de pouco mais de 32 mil habitantes. Denis elogia a paisagem durante a travessia e a receptividade dos manaquirenses.
“Os moradores sabem e contam muito sobre a história de Manaquiri. A travessia é mágica! Quanto ao grafite, o pessoal da cidade reconhece quem não é de lá, então já teve aquela expectativa antes de eu começar. Quando comecei o mural teve proximidade de algumas pessoas, mesmo com a praça em isolamento. A receptividade foi tão boa que uma família nos convidou pra jantar matrinxã assada, tomar açaí. Foi bem dinâmica a viagem”, contou o artista.
Janny Scaranze está iniciando no universo do grafite agora, por influência de Denis. Ela pontua o acolhimento com o qual o grafite foi recebido na cidade.
“Logo que chegamos as pessoas nos receberam muito bem. Foi gratificante saber que lá não tem preconceito contra o grafite, pois sabem a diferença entre grafite e pichação! Mostramos o que a arte pode trazer pra um local. Muitas pessoas elogiaram nosso trabalho e até quiseram aprender a grafitar, isso me deixou muito feliz! Ver pessoas tirando foto, elogiando, isso não tem preço. A arte é vida e alegria. Foi meu primeiro grafite saindo de Manaus e amei”, relembrou Janny.
Grafite em Manaquiri
Denis conta que foi convidado pela Prefeitura de Manaquiri para pintar o mural e que durante a criação algumas pessoas não sabiam que se tratava de grafite. A dúvida e a curiosidade faziam parte da reação dos moradores.
“Pintamos o esboço, que sempre gera dúvidas do que vai ser feito. Mas depois que a lata começou a estalar e os desenhos foram criando forma, muitas pessoas vieram se aproximar, conversar e perguntar como conseguíamos fazer aquilo. Ficaram impressionados com a capacidade de fazer aquilo com spray. O intuito era pintar só o mural, mas depois rendeu uma oficina para os artistas de lá”.
O professor e artista plástico Sidney Sammer participou da oficina e se encantou pelo grafite por ser algo novo no município. Ele pretende dar continuidade ao que aprendeu.
“As pessoas se admiraram com a beleza do grafite, que ainda não tínhamos aqui em Manaquiri. Foi muito proveitosa a visita deles. Fiz a oficina, junto com colegas para tentar aprimorar e transmitir conhecimentos. Muito obrigada ao Denis LDO e Janny. Vamos tentar dar sequência ao trabalho aqui com meus colegas”, disse Sammer.
Sobre a relação entre a cidade e a cultura hip-hop, representada pelo grafite, Denis conta que o município tem uma realidade muito diferente da de Manaus, com muitas pessoas de região rural, e o contato com grafite foi novidade.
“Pra eles, ter um grafite lá foi coisa nova. E pra mim foi muito bom. Foi o primeiro grafite que fiz que não cobriu uma pichação, ou um vandalismo, um moro degradado. Tive um muro feito pra receber o grafite”, explicou.
Denis ressalta a necessidade do fazer artístico e cultural no município para valorizar a simplicidade e os costumes do caboclo e do ribeirinho.
“Lá eu conheci vários artistas e vi que é um lugar ótimo pra se inspirar. A gente precisa instigar isso com grafite, com as artes plásticas como fazem o Seu Sidney e outros artistas de lá. A gente precisa mostrar o que tem de bonito na Amazônia, no caboclo, no ribeirinho. Mostrar pessoas que têm vida simples e são felizes do jeito que vivem. Essa simplicidade é algo muito valioso”, finalizou Denis.