Cerâmica Koriabo é tema de novo livro

Koriabo é o estilo de cerâmica de povos indígenas que habitaram as regiões do Caribe, Guianas e Baixo Amazonas antes da invasão europeia

“Koriabo, do mar do Caribe ao Rio Amazonas” é o tema do novo livro publicado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e pela Universidade de Leiden, na Holanda, com importantes questões e debates sobre a arqueologia pré-colonial da América do Sul e do Caribe. Lançado em janeiro no meio digital e disponível no Portal MPEG, o livro conta agora com a versão impressa, que está sendo distribuída entre bibliotecas nacionais e locais, com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) e da Organização Holandesa para Pesquisa Científica.

“Koriabo” é um estilo de cerâmica produzida por povos indígenas que habitaram as regiões do Caribe, Guianas e Baixo Amazonas pouco antes da invasão europeia. Segundo os organizadores do livro, esses povos “também tiveram um papel fundamental na história inicial da conquista e da colonização nessa região”.

Foto: Divulgação

Publicado em inglês, o livro é um dos resultados do “II Workshop Internacional sobre cerâmicas arqueológicas da Amazônia”, realizado no Museu Goeldi no ano de 2017. O evento reuniu arqueólogos, etnólogos, historiadores e linguistas de países como o Brasil, a Guiana, a França, a Alemanha e a Holanda.

“Esse é o primeiro resultado da colaboração entre arqueólogos que, até recentemente, trabalhavam separadamente nessas três regiões, mas com um mesmo estilo de cerâmica muito característico, batizado inicialmente nas Guianas como ‘Koriabo’. A troca de dados entre programas de pesquisa no Brasil, nas Guianas e no Caribe permitiu discutir como o singular estilo de cerâmica Koriabo adquiriu uma distribuição geográfica surpreendentemente ampla”, explica a arqueóloga Cristiana Barreto, pesquisadora do Programa de Capacitação Institucional do Museu Goeldi, onde integra a equipe das Ciências Humanas.

Cristiana co-organizou o trabalho com mais três arqueólogos: Helena Pinto Lima, curadora da Coleção Arqueológica e pesquisadora titular do MPEG; Stéphen Rostain, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, na França; e Corinne Hofman, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Leiden.

Livro 

Com 16 capítulos, assinados por 32 autores e co-autores, “Koriabo, do mar do Caribe ao Rio Amazonas” oferece aos leitores um novo corpo de dados sobre estilos e tecnologias cerâmicas, seus contextos arqueológicos locais e regionais.

Após apresentar um panorama inicial sobre a cerâmica Koriabo e os problemas colocados pela amplitude da sua distribuição geográfica, sua variabilidade contextual e uma surpreendente consistência estilística, o livro de 376 páginas se divide em três partes: Koriabo no Caribe e Guianas; Koriabo no Baixo Amazonas; e Cerâmica, identidade cultural e território.

Entre outras questões, os capítulos discutem como padrões de mobilidade, migração, redes de troca e compartilhamento de tecnologias e ideias moldaram não só estilos de cerâmica, mas também identidades culturais e suas dinâmicas de dispersão e mudança.

Na publicação, o leitor encontrará também referências históricas e contemporâneas sobre territorialidade indígena, fronteiras regionais, dispersão de linguas e interações étnicas.

“Trata-se da primeira visão geral sobre um importante estilo de cerâmica que apesar de conhecido, ficou ignorado por muito tempo em várias regiões, e também de uma síntese mais ampla sobre questões e debates na arqueologia pré-colonial do norte da América do Sul e do Caribe”, apontam os organizadores.

“Este livro também contribui para divulgar a cerâmica Koriabo ao grande público, para que siga o mesmo caminho das conhecidas cerâmicas Marajoara, Tapajônica, Maracá ou Aristé que vêm constituindo referências importantes para os repertórios de artesanato e design do Pará e do Amapá, transformando-se em verdadeiros símbolos de identidades regionais amazônicas”, completam.

Serviço: Para acessar o livro “Koriabo, do mar do Caribe ao Rio Amazonas”, editado pelo MPEG em parceria com a Universidade de Leiden, em inglês, clique aqui. 

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