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Terça, 16 Abril 2024

Caça ao tesouro é tema de livro da escritora Etelvina Garcia

Caça ao tesouro é tema de livro da escritora Etelvina Garcia

Uma viagem pela Manaus do final do século 19 e início do 20. Assim pode-se definir o mais recente livro da professora e historiadora Etelvina Garcia, 'Os pequenos detetives da história', à venda na Livraria Leitura, no Amazonas Shopping.

Etelvina Garcia domina a história da Amazônia, do Amazonas e de Manaus como poucas pessoas. Já lançou 19 livros sobre o assunto e sabe detalhes curiosos de vários acontecimentos históricos. Seu mais recente trabalho, na realidade um gibi, é direcionado principalmente para o público infanto-juvenil. "Trata-se de um projeto para ser vivido nas escolas, na família e nas ruas da cidade", enfatizou. "Quero que a geração de hoje conheça a história de nossa cidade de uma forma lúdica", disse.

No livro, três adolescentes, Lila, Luna e Gabriel encontram um 'mapa do tesouro', no baú do bisavô José. Na realidade o mapa é a cópia de uma planta da cidade, mandada desenhar pelo primeiro governador do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, em 1852. Para os adolescentes, uma estrela constante no mapa, marca o local onde possivelmente um tesouro teria sido enterrado por piratas. Porém, a estrela indica o lugar onde foi construído o forte de São José da Barra do Rio Negro, em 1669, que deu início ao surgimento de Manaus.

Já pensando na riqueza que podem conseguir, os três adolescentes procuram a professora Diana para ajudá-los na busca. Assim que vê o mapa, a professora logo reconhece a planta antiga da cidade, mas resolve ajudar os alunos procurando enriquecê-los não com bens materiais advindos do tesouro, mas com conhecimento.

Através dos materiais que estão dentro do baú trazido pelos jovens, fotos e livros antigos, além do mapa, a professora começa a contar a história de Manaus, desde seu surgimento. "O livro não foi feito para ter um fim em si mesmo. A ideia é que as pessoas o leiam e, a partir das informações nele contidas, tenham a curiosidade de conhecer aqueles lugares, já sabendo de sua história", contou Etelvina.

"Apesar de ser uma história em quadrinhos, o livro não é somente direcionado para o público infanto-juvenil, mas também para os adultos, que desconhecem a história de nossa cidade", acrescentou.

Nascemos olhando para o rio

A incipiente Manaus de 1852, com uma população de cerca de cinco mil pessoas, segundo o censo da época, existia apenas no perímetro que hoje conhecemos como centro antigo. Com exceção das ruas, nada daquele período restou, até porque, com início do ciclo econômico do comércio da borracha, que durou entre 1890 e 1910, Manaus passou por drásticas mudanças, principalmente na arquitetura de suas habitações e no aterro de vários igarapés. Tudo isso é mostrado, e contado, pela professora Diana em 'Os pequenos detetives da história' que, in loco, leva seus três alunos num passeio pela cidade.

"Dizem que Manaus é uma cidade virada com as costas para o rio. No começo não foi assim. Nascemos olhando para o belo rio Negro, mas o progresso nos fez irmos nos afastando da beira do rio e hoje, pasmem, existem determinados lugares na frente da cidade, cercado por muros e grades, os quais não podemos ultrapassar. O prazer de contemplar o rio nos foi tirado", reclamou Etelvina.

"Temos uma população divorciada da origem da cidade, de suas origens. Prova maior é o abandono e a destruição de seu patrimônio arquitetônico, e mais recentemente, de seu patrimônio ecológico. São igarapés aterrados e terraplanagens de imensas áreas de floresta para a construção de condomínios. Lembro que isso começou no Parque Dez de Novembro, em fins da década de 1960, com a construção do conjunto Castelo Branco, e não parou mais até hoje. É como se as pessoas dissessem que não querem que a cidade permaneça em meio à natureza, em meio à floresta, e destroem tudo à sua volta", lamentou.

Quanto aos pequenos detetives da história, depois de passearem por todo o centro antigo de Manaus com a professora Diana, finalmente chegam ao chão da estrela, ao local do tesouro: o Palacete do Tesouro, um prédio construído no período da borracha, exatamente onde existira a fortaleza de São José da Barra. "Dedico este livro aos professores. Quero que ele sirva como uma forma de valorização do papel do professor. Diana, a professora da história, é uma homenagem à minha professora de infância, Diana Pinheiro", finalizou.

Onde encontrar o livro

'Os pequenos detetives da história' tem texto e edição geral de Etelvina Garcia, que também escreveu o argumento e o roteiro, junto com Bero Vidal. As ilustrações são de Romahs e Gusmão, com apoio técnico de Sérgio Bemfica. Foi editado pela Norma Editora, com 62 páginas, todo em preto e branco para que possa ser colorido. Já está a venda na Livraria Leitura, no Amazonas Shopping.

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