Bienal das Amazônias reúne obras de 120 artistas da Pan-Amazônia

O ponto principal de exposição das obras é um novo espaço cultural de Belém, o prédio desativado de uma antiga loja de departamentos.

Um encontro que reúne todas as amazônias – transnacional e brasileiras – na forma de arte acontece pela primeira vez na história, em Belém do Pará. A Bienal das Amazônias abre as portas ao público nesta sexta-feira (4), com obras de 120 artistas dos nove estados amazônicos brasileiros e dos sete países que integram a Pan-Amazônia, até 5 de novembro.

O ponto principal de exposição das obras é um novo espaço cultural de Belém, o prédio desativado de uma antiga loja de departamentos, com quatro pavimentos e 7,6 mil metros quadrados, no centro comercial da cidade. 

Segundo uma das curadoras do encontro, Vânia Leal, são expressões de toda a efervescência e multiplicidade das culturas amazônicas. “Somos plurais, não existe uma forma única de se fazer arte, o que existe são diferentes individualidades que produzem arte”. Mais detalhes podem ser vistos nas redes sociais da bienal.

Foto: Nailana Thiely/Bienal das Amazônias

Para traduzir essa multiplicidade da floresta, Vânia, que é arte historiadora, nascida em Macapá e radicada em Belém, trabalhou, junto com Keyna Eleison, pesquisadora de história da arte, o conceito “sapukai“, no processo de escolha e curadoria dos artistas e das obras que compõem a Bienal. O termo, que significa grito, traduz as múltiplas vozes de todos que participaram de um processo de pesquisas no território amazônico, que se estendeu por dois anos.

A partir daí, o trabalho de curadoria conseguiu reunir artistas, produtores culturais, agenciadores de cultura e revelar um potente sistema cultural que vai muito além das paisagens da floresta e debate temas mundiais como economia, relações sociais e questões climáticas de relevância mundial. “Belém é fincada na floresta e essa seta aponta de dentro para fora não só para as amazônias, mas também para o mundo”, diz Vânia.

O público terá acesso a esse universo artístico, às 14 horas, no mesmo dia em que a cidade recebe o evento Diálogos Amazônicos e que antecede a realização da Cúpula da Amazônia, com a presença de chefes de estado para o debate de políticas públicas para a região. 

Foto: Nailana Thiely/Bienal das Amazônias

Debates encontram nesse espaço cultural da Bienal outra forma de expressão, trazendo, por exemplo, a arte desenvolvida por quem vive imerso nas questões e problemas da região, como a fotógrafa homenageada pela 1ª Bienal das Amazônias, Elza Lima.

Com uma trajetória de quase 40 anos registrando a região, Elza revela em suas imagens a essência das amazônias, na forma de reflexões sobre as relações dos povos com a floresta, com os rios e todas as questões que permeiam esse território de quase sete milhões de quilômetros quadrados, tão diverso em toda essa extensão.

Elza considera o momento propício para que o mundo conheça mais a fundo a produção cultural das amazônias, que se mostra não apenas na forma de expressão cultural, mas também na documentação da história de uma região invisibilizada por tantos anos. “Tudo que acontece na região está sendo muito bem escrito na sua arte”, diz.

Nascida em Belém, Elza é uma das mulheres que fluíram nos rios amazônicos sem permitir que limites fronteiriços estabelecessem barreiras para a sua produção artística, que teve início quando esse cenário ainda era dominado por homens.

Para a fotógrafa, isso só foi possível pela existência de uma coletividade que se apoia na construção desse cenário artístico.

“Estou honrada por ser uma artista, mulher, da Amazônia, e ter sido escolhida para ser a homenageada desta edição. Eu trago junto comigo nessa homenagem todas as fotógrafas do Brasil, principalmente da Amazônia, que trabalham bravamente e muitas vezes não têm o reconhecimento merecido”,

ressaltou.

Serviço 

A Bienal das Amazônias ocorre de 4 de agosto a 5 de novembro, na rua Senador Manoel Barata, nº 400, de quarta-feira à sexta-feira, de 11h às 19h, e aos sábados, de 11h às 20h, com entrada gratuita.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Arte rupestre amazônica: ciência que chega junto das pessoas e vira moda

Os estudos realizados em Monte Alegre, no Pará, pela arqueóloga Edithe Pereira, já originaram exposições, cartilhas, vídeos, sinalização municipal, aquarelas, história em quadrinhos e mais,

Leia também

Publicidade