Em 2020, Franjo iniciou uma série de lives com artistas independentes e de grande renome no Instagram e, desses bate-papos e parcerias, acabou retomando um projeto que tinha há muito tempo: o de reunir uma série de artistas de diferentes estilos para criar uma obra épica misturando terror, fantasia e ficção, além de tudo aquilo que a imaginação permitisse.
“São compilações de vários desenhistas do mercado internacional, que trabalham para Marvel, para DC, e para as editoras independentes, que estão produzindo o primeiro projeto deles fora do mercado tradicional. É tipo um projeto paralelo, independente, underground deles”,
explica Cabral sobre o projeto, que é uma homenagem também aos quadrinhos dos anos 60/70.
Cada artista transformou um conto urbano da sua região em quadrinho, respeitando a linha de um projeto de ficção/terror, com personagens mais contemporâneos. Cabral é o único do Acre a fazer parte dessa coletânea e o segundo do Norte.
“O meu capítulo é sobre o boto, o conto clássico, só que uma versão meio Marvel do boto, que entra no quadrinho amazônico. É uma versão bem contemporânea, de exportação. É mais uma coisa mesmo do autoral e da vontade de expor os personagens nacionais e amazônicos”, conta.
Para o artistas, participar de um projeto tão grandioso é uma sensação de reconhecimento e uma forma de representar o Acre, fazer com que as pessoas conheçam o trabalho independente que já faz há anos.
Cabral é ilustrador, cartunista, chargista e desenhistas. Conhecido pelo seu “Mundo Cabralístico”, é comum vê-lo em evento fazendo charges daqueles que curtem seu trabalho.
“Para mim, foi a realização de um sonho de menino, que sempre desenhava quadrinhos na escola, fazia zine underground, zine de bandas, ilustrei muito zine de movimentos sociais e culturais. E isso é a representação de todo mundo que vem comigo, que são os meus amigos, porque sou um cara que transita em várias vertentes da arte. Foi uma honra participar de um projeto desse com os grandes da cena do quadrinho nacional e internacional também”.
A arte sempre esteve na vida de Cabral desde menino. Na escola, ele fazia charges das turmas e desenhava atrás de provas e exercícios que eram passados em aulas: “desde que eu me entendo por gente eu sou assim”. A venda do livro é feita pelo site do Catarse ou direto com o próprio artista.
*Por Tácita Muniz, do g1 Acre