Paraíso do Tuiuti escolheu explicar como os búfalos foram parar na Ilha de Marajó, no Pará; enquanto a Unidos do Porto da Pedra contou a aventura imaginária de Júlio Verne inspirada na região.
A Amazônia é um dos grandes temas que perpassam nos mais diversos âmbitos de discussão e não poderia ficar de fora também de uma das maiores festas populares brasileiras: o Carnaval. A região ganhou homenagens de duas escolas de samba do Rio de Janeiro este ano.
Confira:
Unidos do Porto da Pedra – a invenção da Amazônia
A Unidos do Porto da Pedra, escola de São Gonçalo, tem o enredo ‘A invenção da Amazônia, um delírio do imaginário de Júlio Verne’, e está na série Ouro. O francês Júlio Verne (1828-1905) nunca esteve no Brasil, mas escreveu um romance que se passa no Rio Amazonas, publicado em 1881 em formato de folhetim e livro: ‘A jangada’, inspiração para a escola este ano.
Alas e carros alegóricos foram criados repletos de elementos da Amazônia e com a mensagem de preservação da floresta. O destaque é o carro ‘Amazônia Viva, Arte, Luta e Resistência’ com a representação de grandes defensores da região, como Chico Mendes, Dorothy Stang e as mais recentes perdas Bruno Pereira e Dom Philips. A escola é uma das favoritas para levar o acesso ao Grupo Especial em 2024.
Paraíso do Tuiuti – o búfalo de Marajó, no Pará
Paraíso do Tuiuti, escola de São Cristóvão, escolheu a história de como o búfalo foi parar na Ilha de Marajó, no Pará. Por meio do enredo, a escola exalta a cultura paraense também com o carimbó.
‘Mogangueiro da Cara Preta’
Autores: Claudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia
Intérprete: Wander Pires
Num mar de tempestade e ventania
Foi trazendo especiarias
Que o barco naufragou
Noz-moscada, cravo, iguarias
No caminho para as índias
A história eternizou
O marinheiro se perdeu na madrugada
O mogangueiro correu para o igarapé
A curuminha entoou uma toada
Enquanto abria-se a flor do mururé
E nesse encontro entre o rio e o oceano
A grande ilha que cultiva o carimbó
Dizem que bichos ainda falam com humanos
Há muitos anos na Ilha de Marajó
Eh! batuqueiro no samba de roda, curimbó
Quero ver você cantar, como canta o curió
Okê caboclo! Onde vai a piracema?
Rio acima segue o voo de uma juriti-pepena
Há mão que modela a vida
No barro marajoara
E o búfalo que pisa
Esse chão do Parauara
Chama o Mestre Damasceno
Pra entoar esta canção
Das cantigas da vovó
Do tempo da escravidão
É lá! É lá! É lá!
Canoeiro vive só, “morená”
É lá! É lá! É lá!
Mas precisa de um xodó
Cadê o boi?
O mogangueiro, o mandigueiro de oyá
Meu Tuiuti não tem medo de careta
Traz o boi da cara preta do Estado do Pará
Vila Isabel – Círio de Nazaré e Boi-bumbá de Parintins
A Vila Isabel foi a terceira a desfilar no segundo dia de Grupo Especial do Carnaval no Rio de Janeiro, na madrugada de terça-feira (21). O enredo é assinado pelo carnavalesco Paulo Barros e mostrou formas de celebrar a fé em 29 alas. Entre elas estava o Círio de Nazaré, que toma conta de Belém (PA) em outubro. Além disso, um carro celebrou o Festival de Parintins, no Amazonas, com esculturas gigantes dos bois Caprichoso e Garantido.
Na página oficial da escola de samba, eles justificam as escolhas:
“Em Belém do Pará, acontece o Círio de Nazaré, a maior manifestação católica do país e um dos maiores eventos sagrados do mundo! A cidade inteira é pura emoção e alegria! Milhares de pessoas querem participar da procissão e agarrar a corda utilizada para puxar a luxuosa berlinda que transporta a imagem da santa. Para os romeiros, a corda representa o elo com Nossa Senhora de Nazaré. Ao tocá-la, participam intensamente da fé do Círio de Nazaré. Símbolo da magia amazônica, o Festival de Parintins arrebata multidões e brincantes, que, ao som dos tambores e da toada, defendem as cores dos bois-bumbás. A grande manifestação folclórica brasileira envolve religiosidade e fantasia, para contar a história dos povos da floresta e as lendas do boi-bumbá. O apogeu do espetáculo é o auto da ressurreição do boi, com a intervenção do poderoso pajé. O público vibra!”
Beija-Flor – levantes populares
A escola de samba Beija-Flor lembrou os 200 anos da independência da Bahia e aproveitou para trabalhar a luta pela demarcação das terras indígenas e parte das alas homenageou os levantes populares, entre eles a cabanagem, com o tema “Orgulho cabano e identidade amazônica” e os quilombolas “Um grito de liberdade quilombola”.