Sistema busca descobrir o que aves da América do Norte fazem na Amazônia

Com três antenas instaladas no topo do Torre de Observação do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus, pesquisadores buscam descobrir o que as andorinhas-azuis, oriundas da América do Norte, fazem na Amazônia durante o período de migração. O estudo será possível após o Brasil ser integrado ao sistema global e colaborativo de monitoramento da migração de aves.

A equipe do Portal Amazônia acompanhou o ornitólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Mario Cohn-Haft, em uma de suas visitas às antenas, para saber mais sobre a importância desta tecnologia para a região amazônica.

Andorinha-azul. Foto: Divulgação
De acordo com Cohn-Haft, o sistema é relativamente novo. A instalação aconteceu no dia 19 de novembro, na Torre do Musa, que tem 42 metros de altura e fica a cima da copa das árvores. O equipamento é capaz de rastrear qualquer animal que esteja com um transmissor compatível, uma espécie de chip, que alcança até 20 quilômetros de distância.

Em visita à Torre do Musa, Cohn-Haft contou que as andorinhas-azuis são a razão pela qual as antenas foram instaladas. A espécie viaja até o Brasil entre os meses de setembro e março para escapar do frio, e um dos destinos mais visitados pelas aves é a Amazônia. Porém, essa é a única informação que os pesquisadores possuem.

Antena instalada na Torre do Musa. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
“Elas se juntam em grandes congregações, mas não sabemos exatamente o que fazem durante sua estadia na nossa região, como, por exemplo, se ficam nômades ou escolhem um lugar em específico para conhecer. São perguntas que só serão respondidas através do sistema de rastreamento”, contou.

O pesquisador informou que encontrou várias andorinhas-azuis, pousadas em fios de energia, durante uma viagem a Manacapuru (distante a 90 quilômetros de Manaus), pela estrada AM-70. “Eu estimei pelo menos 12 mil andorinhas. Era um grupo muito grande, que estava lá determinado dia. Agora se dormiram, para onde foram em sequência, não sabemos, pois, as mesmas não possuíam o chip”, disse.

Mario Cohn-Haft. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Outra situação, já com a utilização dos chips, mostrou um número considerável de andorinhas-azuis próximas ao Rio Negro. “Estavam em uma ilha, no estreito do Rio Negro. Essas espécies foram chipadas na América do Norte, e, agora, desejamos saber mais sobre o comportamento desses pássaros”, afirmou Cohn-Haft.

Atualmente, uma equipe trabalha para que seja executada a segunda parte do projeto, que é a captura de andorinhas para a implantação do chip. A atenção dos pesquisadores está voltada para o conforto dos pássaros, afinal, a viagem não pode ser atrapalhada.

Segundo Cohn-Haft, a tecnologia possibilita um melhor aproveitamento de materiais. Uma andorinha que pesa entre 60 ou 80 gramas, por exemplo, pode carregar apenas 1g sem se incomodar, então, os cartões foram compactados para a flexibilidade dos pássaros.

O projeto é apoiado pelo Musa, Inpa, Instituto Butantan, de São Paulo, da Universidade de Manitoba em Winnipeg, no Canadá, e da ONG PMCA (Purple Martin Conservation Association). Todo material coletado pode ser baixado através de um aplicativo de celular via rede wirelles, ou seja, está acessível a qualquer pesquisador.

Oportunidade

Para o diretor-geral do Museu da Amazônia, Ennio Candotti, a ação conjunta serve para muitos fins, como por exemplo, evitar proliferação de enfermidades. “Queremos saber tudo sobre essas aves, uma vez que elas passam de um continente para o outro. Nosso objetivo é descobrir ou rastrear possíveis doenças. Tempos atrás tivemos uma influenza aviária, por isso é importante traçar o percurso delas”, disse.

Mas nem tudo é trabalho, na opinião de Candotti, as pessoas deveriam observar mais em volta. “Elas tem uma coloração tão bonita e trazem tanta alegria, um canto diferente, boas notícias de outras terras, é por isso, que estamos felizes em ser um ponto de referência e recepcionar as andorinhas através das nossas torres”, comentou.
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