Um quarto dos eleitores de Cuiabá se absteve de votar no segundo turno

Foto: Reprodução/Fotos Públicas

Um em cada quatro eleitores de Cuiabá, capital do Mato Grosso, se absteve de votar neste domingo (30), no segundo turno das Eleições 2016. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o percentual de abstenções na cidade foi de 25,11%, maior que o percentual nacional, 21,55%. Em todas as capitais da Amazônia Legal, houve aumento de 16% no número de abstenções, totalizando 680 mil. Na opinião do cientista político, Helso Ribeiro, o cenário não é único. Em eleições anteriores, as abstenções também foram expressivas. Para o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, os índices não devem ser desprezados e mostram distanciamento entre eleitores e candidatos. 

Arte: Felipe Lima/Portal Amazônia

Para se ter uma ideia, o número de abstenções em toda a região foi maior que o número de votos obtidos pelo prefeito reeleito de Manaus, Artur Neto (PSDB), 581.77. A capital do Amazonas foi que teve menor percentual de abstenções, com 9,5%.

Porto Velho
, em Rondônia, teve o segundo maior percentual de abstenções na região, com 23,35% (74.689 eleitores). A terceira foi Belém, no Pará, com 221.641 abstenções, o que representa 21,25% do total de eleitores.Na opinião de Helso, isso acontece, principalmente, porque o voto é obrigatório no Brasil. “Apenas Brasil, Grécia, Bélgica e Turquia, se não me engano, têm o voto obrigatório. Nestes casos, a pessoa é obrigada a votar e acaba utilizando a abstenção, os votos nulos e brancos, como forma de demonstrar o seu desencanto ou falta de interesse pela política”, avalia.

O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, expressou opinião semelhante em coletiva de imprensa na noite deste domingo (30) após a apuração das urnas no Rio de Janeiro. Na cidade, os índices de abstenção e de votos nulos também superaram a média nacional. A abstenção na capital fluminense chegou a 26,85% (1,3 milhão de faltantes) e foram registrados 569,4 mil votos nulos (15,9% do total).

O ministro avalia que os índices não devem ser desprezados, mas também devem levar em conta imprecisões do cadastro eleitoral, como pessoas que mudam de endereço e não fazem a atualização de seus dados. “Percebe-se que alguma coisa ocorre no que diz respeito a esse estranhamento ou a esse distanciamento entre o eleitor e os políticos que eventualmente o representam. Alguma coisa traduz a ausência ou também na opção pelo voto nulo, especialmente no segundo turno”, disse.O cientista político Helso Ribeiro acrescenta que a taxa de abstenção é muito maior em países onde o voto não é obrigatório. “Em Manaus, a taxa de abstenção foi relativamente pequena. Se você comparar com países como Hungria e Suécia, onde as taxas de abstenção chegam a 60%, e onde o voto não é obrigatório, é possível perceber que as pessoas votam porque realmente se sentem representadas por algum candidato. Nestes casos, dificilmente alguém faz voto de protesto ou algo do gênero”, diz.

Em todo o país, 25,8 milhões de eleitores (78,45%) compareceram às urnas, de um total de 32,9 milhões que estavam aptos a votar. Ou seja, cerca de 7 milhões não votaram, levando a uma abstenção de 21,55% neste segundo turno.

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