Dos 217 municípios do Maranhão, 35 estão em situação de emergência por causa da estiagem. Oito foram reconhecidos pelo governo federal. A falta de chuva não é incomum no Estado, mas segundo a Defesa Civil Estadual, a condição tem se tornado cada vez mais comum em locais onde antes isso não acontecia. “Falta de chuva é algo comum por causa da nossa posição geográfica. Todo ano nós temos essa situação na região central. Mas hoje, os municípios em situação mais crítica estão do Sul”, conta o chefe do departamento de desastres, capitão Rodrigues.
Os municípios em situação de emergência são: Alto Parnaíba, Balsas, Benedito Leite, Campestre do Maranhão, Carolina, Chapadinha, Colina, Estreito, Feira Nova do Maranhão, Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueira, Fortuna, Governador Archer, Grajaú, Jatobá, Loreto, Mirador, Nova Colina, Paraibano, Passagem Franca, Pastos Bons, Porto Franco, Riachão, Sambaíba, São Domingos do Azeitão, São Félix de Balsas, São João do Paraíso, São João dos Patos, São Pedro dos Crentes, São Raimundo das Mangabeiras, Sítio Novo, Sucupira do Norte, Sucupira do Riachão, Tasso Fragoso e Tufilândia.
De acordo com o capitão, o nível dos rios na região Sul do Estado está baixo, mas não comprometeu totalmente atividades de navegação, pesca e abastecimento. “Os problemas mais graves dizem respeito ao abastecimento de água e às atividades econômicas, como agricultura. A situação é crítica, mas não tão grave ao ponto de comprometer totalmente a vida da população”, revela o capitão. “A Defesa Civil do Estado mantém contato com as defesas civis municipais e tem orientado sobre questões administrativas, para que elas não percam prazos de envio de documentação para o reconhecimento da situação de emergência. Caso contrário, os municípios podem deixar de receber recursos para assistir a população”.
Imperatriz
“Esta é a primeira vez que os moradores de Imperatriz veem o fundo do rio”, a declaração é do superintendente da Defesa Civil do município, Francisco Planalto, sobre a situação em que se encontra o Rio Tocantins no local. Segundo ele, o cidade do sudoeste do Maranhão, e que tem a segunda maior população do Estado, nunca viu o rio tão seco. De acordo com Planalto, a condição é ocasionada pela forte estiagem que atinge a região e por causa da redução na vazão da Usina Hidrelétrica de Estreito.
O Tocantins faz parte da Bacia Tocantins-Araguaia e é o segundo maior rio totalmente brasileiro. Ele nasce do Distrito Federal, na Estação Ecológica de Águas Emendadas, e passa pelos estados de Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará, onde fica a sua foz, próximo a Belém, na ilha de Marajó.
Segundo o superintendente de Imperatriz, o município vive hoje as consequências do El Niño que afetou a Amazônia em 2015. Ele também diz que, a vazão provocada pela Hidrelétrica de Estreito para a geração de energia, afeta o nível do rio, pois o município fica a jusante da barragem. Francisco explica que, quando a vazão da hidrelétrica é reduzida, o nível do rio diminui. “O nível do rio tem diminuído drasticamente na região depois que a hidrelétrica diminui a vazante das comportas. Por enquanto, nós estamos fazendo rodízio para abastecer toda a cidade”, diz.
De acordo com a gerência do Consórcio Estreito Energia, que administra a hidrelétrica, a redução na vazão foi uma orientação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Tocantins (Ibama-TO). “A diminuição da vazão tem acontecido gradualmente desde a última sexta-feira (23) e tem impacto diretamente as cidades de Imperatriz, Porto Franco, Estreito, Aguiarnópolis, Tocantinópolis e Itaguantins”, informou por meio de nota. Ainda segundo o consórcio, a orientação do órgão é para que a vazão mínima seja de 744 m³ por segundo.
O sistema operacional de vigilância da usina também informou que há previsão de chuva na segunda quinzena do mês de outubro no alto Tocantins, o que deve melhorar a situação do rio e do reservatório da hidrelétrica.