No ofício, a governadora frisa o “caráter de urgência” do pedido e admite que o estado não é capaz de garantir a integridade física dos presos “de forma plena”, sem que seja comprometido o policiamento ostensivo de corporações nas ruas para atuar “na proteção” dos roraimenses. De acordo com o governo de Roraima, o ofício já foi protocolado nesta segunda-feira (9) aos destinatários.
Transferência de líderes
Suely Campos pede a transferência de oito detentos identificados como líderes de facções criminosas para unidades federais de segurança máxima para diminuir o que classificou de “conflitos internos” no presídio onde ocorreram os assassinatos. Ela também solitica o repasse de R$ 9,9 milhões para a conclusão da Penitenciária de Rorainópolis e do anexo da Cadeia Pública de Boa Vista, que conforme explicou, vão criar 660 novas vagas para o sistema penitenciário estadual.
A governadora diz reiterar o pedido para que 100 policiais da Força Nacional de Segurança sejam enviados ao estado para auxiliar os efetivos estaduais “no controle da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo”. Em novembro do ano passado, o governo de Roraima chegou a solicitar a presença da Força Nacional após a morte de 10 detentos na mesma penitenciária, mas o pedido foi negado.
Nesse domingo (8), Suely Campos informou que conversou com o ministro da Justiça, de quem ouviu que em poucos dias o governo federal deve enviar o apoio necessário para garantir a ordem pública e enfrentar a grave tensão instalada. Outro pedido feito é para que a Força de Intervenção Penitenciária Integrada, que atuou recentemente no Ceará, também seja enviada ao estado.
“Por fim, ressalto ainda que a nossa gestão jamais fechou os olhos para a grave crise carcerária do nosso estado, contudo, a solução passa pela atuação conjunta com a União”, concluiu a governadora no ofício.
Dois dos 33 mortos na penitenciária agrícola na madrugada da última sexta-feira (6) só foram encontrados na tarde de sábado (7), após a denúncia de familiares, como a dona de casa Simone Alves, de 24 anos. “Vocês não sabem o meu sofrimento de saber que o meu marido está enterrado em um buraco dentro da cozinha e ninguém faz nada. A polícia fecha os olhos. O que está faltando, meu Deus, para vocês entrarem e procurarem o meu marido, o que tá faltando?”, desabafou a mulher.
O trabalho de necropsia foi encerrado nesse domingo (8) e quase todos os corpos já foram entregues aos familiares. As exceções são os corpos de um venezuelano e um rondoniense que ainda não foram entregues por falta de documentação. Ainda há o corpo de um detento, que não foi reclamado pela família.