Queimadas que ocorrem na região da Amazônia contribuíram para a ‘escuridão’ que afetou a cidade de São Paulo, na Região Sudeste do país, às 15h desta segunda-feira (19). O fenômeno do “dia virar noite”também está relacionado à chegada de uma frente fria na capital paulista.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que, além da frente fria, a escuridão também é causada por partículas oriundas da fumaça produzida em incêndios florestais na região amazônica.
“O material particulado, oriundo da fumaça produzida por esses incêndios silvestres de grande porte que estão acontecendo na Bolívia, conjugado com o ar frio e úmido que está no litoral de São Paulo, causou a escuridão”, disse Franco Vilela, meteorologista do Inmet, ao G1.
De acordo com o Climatempo, a fumaça proveniente de queimadas na região amazônica, nos estados do Acre e Rondônia e na Bolívia, chegou a São Paulo pela ação dos ventos. No final de semana, a direção do vento estava levando a fumaça para o Sul do Brasil. Com a chegada da frente fria no Sudeste, a fumaça começou a ser direcionada para o estado de São Paulo, segundo o Climatempo.
Os meteorologistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que também monitora o clima no país, ainda não verificaram influência das queimadas no aumento na nebulosidade que tornou o céu da capital tão escuro. “O vento até pode trazer essa fumaça de queimadas, mas teria que ser bem intenso o incêndio. Geralmente, isso ocorre mais com fumaça de vulcões”, diz Caroline Vidal, meteorologista do Inpe.
Além disso, a cidade “está dentro de uma nuvem” por causa da atuação de duas massas com temperaturas diferentes. “Isso acontece por conta dessa convergência de massas tão diferentes. A frente fria da capital, junto com as temperaturas amenas que vêm do oceano e do vento quente do interior, provocam essa turbulência e isso baixou o nível da nuvem. Assim, nós estamos dentro de uma nuvem,” diz Helena Balbino, meteorologista do Inmet.
O tema “são 15h” em São Paulo acompanhado de fotos com o céu muito escuro para o horário é um dos trending topics do Twitter no Brasil.
Acre em estado de alerta ambiental
Preocupado com o risco de desastres em decorrências de incêndios florestais, de desabastecimento de água e de aumento da emissão de fumaça, o Governo do Acre declarou estado de alerta ambiental. O decreto levou em conta a escassez de chuvas desde o primeiro semestre, e que deve permanecer por mais três meses, com severa diminuição do nível dos rios e da Umidade Relativa do Ar.
Com a medida, será criada uma sala de Situação de Alerta Ambiental coordenada pela Defesa Civil e com o apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e do Corpo de Bombeiros Militar do Acre.
A equipe deverá adotar medidas como diagnosticar a situação das queimadas e ocorrência de chuvas nos municípios, mobilizar militares para o combate e controle de queimadas e desenvolver ações de orientação e educação ambiental para sensibilizar a população sobre o uso indevido do fogo, que é crime ambiental.
Este ano, o Acre já registrou 1.257 focos de incêndio e está em quinto lugar, entre os estados da Amazônia que mais registraram queimadas, segundo o governo estadual.
Incêndio por 20 dias em reserva ambiental
Após a chuva que atingiu a região de Nova União (RO) a 370 quilômetros de Porto Velho, o fogo que consumia a reserva ambiental Margarida Alves foi controlado, no domingo (18). A chuva durou cerca de 1h. O incêndio de grandes proporções começou no final de julho e destruiu mais de 1 mil hectares, segundo o Corpo de Bombeiros.
A reserva ambiental Margarida Alves tem uma área de mais de 10 mil hectares e é uma das maiores da região central do estado. Em 2018, a região também foi atingida por um incêndio, que durou mais de 10 dias.