Ao iniciar mais um mandato à frente da prefeitura de Manaus, o diplomata Arthur Virgílio Neto, está otimista e comemora as novas parcerias e conquistas para 2017. Um ano que promete ser difícil na avaliação do prefeito, mas quando a economia der sinais de recuperação, o modelo Zona Franca de Manaus terá destaque no cenário nacional e internacional. Arthur fez modificações no seu secretariado, estreitou relações com o governo federal e garante que será bem-vindo todo investimento do governo do Estado, na capital amazonense. Entre seus compromissos já assumidos com a cidade de Manaus, destaque para as obras de recuperação das vias do Distrito Industrial 1 e 2, que irá fomentar a geração de emprego e renda, novas parcerias público-privadas, novos investimentos,inclusive para tirar do papel o sistema de transporte público, com o Bus Rapid Transit (BRT). Acompanhe a entrevista exclusiva concedida ao JC, que comemora 113 anos.
Arthur Virgílio Neto – Nessa minha terceira gestão, segunda consecutiva, Manaus será gerida sob o signo das parcerias público-privadas, das medidas compensatórias pagas por empresas ao tesouro municipal para obras essenciais, ao mesmo tempo, queremos governar com recursos dos bancos nacionais e internacionais. Queremos usar todas as possibilidades de poder buscar dinheiro onde há, em contrapartida, vamos aplicar onde ele é necessário. Manaus sobreviveu há três anos de cerco e sobreviveria há muito mais. Mas, é muito melhor governar com parcerias, por exemplo, federais como tantas que já estãoem andamento. Nossas emendasparlamentares estão fluindo; navirada do ano a Prefeitura de Manaus recebeu R$ 24,1 milhões do governo federal, sendo R$ 10 milhões para a Saúde e livre uso. Então, tudo isso é ajuda que vem para o custeio e investimento, que nos prepara para enfrentar um ano difícil como será 2017. Eu sempre disse na campanha, que é preciso criatividade, vamos exercitar toda nossa experiência de 38 anos de vida pública e toda nossa capacidade de sermos criativos para dar respostas para Manaus.
JC – Como o senhor avalia essa proximidade da prefeitura com o governo federal?
Arthur – Desde que assumiu a presidência, no final de agosto, o presidente Michel Temer já me recebeu em várias oportunidades, sempre dando encaminhamentos aos pleitos de Manaus. É um presidente muito mais resolutivo. A equipe econômica deste governo é de primeiríssimo nível. Tenho certeza que nossos projetos encontrarão com mais facilidade neste mandato.
JC – Prefeito, esse convênio assinado no dia 26 de dezembro ela Prefeitura de Manaus e a Suframa, com recursos na ordem R$ 150 milhões, é suficiente para regularizar a situação das vias públicas do Distrito Industrial 1 e 2, e ainda modernizar o paisagismo naquela área?
Arthur – Então, o que ficou acertado: são R$ 150 milhões, que era dinheiro não contingenciado. Era dinheiro que estava livre, havia orçamento e financeiro, por isso, não tinha porque não liberar. O presidente Michel Temer, na audiência em que estivemos em Brasília, eu e o senador Eduardo Braga, ele se convenceu disso, autorizou a fazer cuidando, claro, dos detalhes burocráticos e econômicos. Explicamos que se tratava da redenção física de um polo industrial que é o terceiro mais importante do país. E mais, esta obra está agora incluída no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), significa dizer, que se faltar dinheiro para ela nós temos direito de buscar um pouco mais de recursos. Embora, o meu compromisso seja de que não falte dinheiro para a recuperação viária, drenagem, calçada, meio fio com sarjeta, no Distrito 1 e no Distrito 2. Assim vamos acabar com a buraqueira, com a erosão e com todo esse quadro vexatório.
JC – Já tem previsão para o início das obras no Distrito Industrial?
Arthur – Nós estamos prontos aqui. Elaboraremos o projeto com todo o esmero e acreditamos que entre projeto e fase licitatória, isso nos deixará prontos para começarmos as obras no início do verão. É o tempo que encerra o período das chuvas em Manaus.
JC – Para incentivar novos investidores e estimular os que já estão instalados em Manaus, o seu próximo governo pretende dar mais algum tipo de incentivo fiscal, como por exemplo, estender a isenção de impostos?
Arthur – Para atrair investimentos de fora nós damos todos os incentivos que estão ao alcance do governo do Estado e da prefeitura, que são tradicionais da Zona Franca de Manaus. Nós não negaríamos nada, sei que nossas isenções pesam menos, mas sempre estarão à disposição do Distrito Industrial. E digo mais, a simples notícia de que nós estamos recuperando fisicamente o Distrito 1 e 2 já vai animar todo o mundo. Eles vão perceber que tem gente falando sério e isso se deve a Suframa, ao senador Eduardo Braga e ao trabalho da nossa equipe técnica da prefeitura. Eu tenho muito orgulho de dizer que nós vamos transformá-los em cartão postal e assim atrair investidores.
JC – Então porque a mudança no seu secretariado?
Arthur – Eu quero é chegar a um secretariado forte, o que significa a continuidade do bom trabalho que outros secretários já prestaram a mim e a Manaus, nesses quatro anos.
JC – Em meio à crise, Manaus permanece sem uma solução definitiva para o sistema de transporte público, que já está caótico. A prefeitura pensa num plano emergencial? E nessa linha, como ficou o projeto do BRT e do Monotrilho?
Arthur – Nós estamos pensando no BRT. Há quem sugira uma solução híbrida, mas o essencial seria o BRT que já tem projeto definitivo orçado em R$ 30 milhões. Mas, estamos analisando também a possibilidade de parcerias público privadas e de concessões onerosas. Dessa forma não entra dívida, nem gasto para o município. A minha única preocupação é saber se o modelo que implantariam não oneraria a tarifa. Estamos com a tarifa congelada há três anos, mas eu não quero um projeto perfeito de BRT que eleve a tarifa para R$ 8,00 como iria acontecer com o Monotrilho.
JC – Qual a sua expectativa na política e na economia para 2017?
Arthur – Quando nós recobrarmos a vitalidade econômica, que eu espero que isso aconteça se a política não atrapalhar. Porque a política está atrapalhando e muito a economia, e na pior das hipóteses, a retomada venha no 3º trimestre, senão, no 4º trimestre de 2017, com certeza. A nossa economia não aguenta mais andar para traz, ela tem que andar para frente. Tem que fazer algumas reformas essenciais, tem que haver vontade política da nação inteira para se juntar a essa equipe econômica virtuosa e que merece apoio. Porque sem ela o Brasil pode entrar num verdadeiro caos. E digo mais, na minha previsão eu vou fazer agora, sujeita a chuvas e trovoadas: quando o Brasil retomar o crescimento eu acredito que quem vai demonstrar a maior vitalidade nesta retomada, será a Zona Franca de Manaus, que foi a mais represada na época da crise. O modelo ZFM junto com o Pará -que tem uma economia muito diversificada-, ou seja, o Norte aparecerá de maneira brilhante no processo de retomada, que eu espero que seja logo.
JC – Nesta previsão otimista, também cabe a retomada da aliança política com o governo do Estado, que elegeu o governador José Melo, em 2014, e que também vem investindo na capital?
Arthur – Investir na capital é muito bem-vindo, se fizer isso. Não vi esse anúncio, mas se fizer isso é muito bem-vindo. Investimento criterioso, bem feito, organizado, honrado na capital é muito bem-vindo. Eu só agradecerei se o governador agir assim. Eu penso em Manaus, eu sou Rio Negro e Flamengo no futebol, todo mundo sabe disso, mas tenho um time que está acima disso tudo: eu sou Manaus Futebol Clube.
JC – Prefeito, com as novas tecnologias e o advento da internet, de que forma o senhor vê essa evolução e qual a relação com o impresso, já que o Jornal do Commercio está comemorando 113 anos?
Arthur – O impresso tem que se unir muito à rede na internet. Nós percebemos que essa é uma tendência natural, a internet veio para ficar, por isso temos que nos adaptar a esse novo momento da comunicação global. Vimos claro isso na primeira eleição de Barack Obama contra Hillary Clinton, em 2008. Cada vez mais os instrumentos se multiplicam, mais ferramentas estão à disposição de quem possa ou saiba usá-las. Hoje, uma das formas de se governar é via internet e uma maneira do jornal sobreviver, com o título digno como tem o Jornal do Commercio é, ao meu ver, investir na internet, mas manter essa tradição. Minha tia Finoca só acreditava numa notícia se saísse no Commercio. Acabava de dar a notícia no Jornal Nacional, (ela morava no Rio de Janeiro e as comunicações eram mais lentas), ela dizia: “Vou esperar o Commercio chegar amanhã para ver se é verdade”, eu já disse isso. Em nome do carinho, do respeito, da admiração que eu tenho pelo Jornal do Commercio, quero desejar vida longa e próspera para esse veículo de comunicação centenário que muito orgulha a nossa cidade, o nosso Estado e nosso país, com notícias relevantes e postura sempre ética. Parabéns à toda equipe do Jornal do Commercio e ao meu amigo Guilherme Aluízio, presidente do JC e seu filho Sócrates Bomfim Neto, que herdou sua retidão nos negócios da família.