Phelippe Daou é sepultado em Manaus

Daou foi enterrado no mesmo túmulo de sua esposa, Magdalena Arce Daou. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Silêncio. Nos olhares, as lágrimas. A dor da perda da família compartilhada por milhares de amazonenses estava lá. O encerramento do velório de Phelippe Daou, na tarde desta sexta-feira (16), foi rápido, com a presença de amigos, que se reuniram antes do enterro. Um dos fundadores do Grupo Rede Amazônica, Daou morreu em função de um infarto na última quarta-feira (14), no hospital Sírio-libanês, em São Paulo.

Por volta das 14h30, teve início o cortejo em direção ao Cemitério São João Batista, em Manaus, acompanhado também por funcionários do grupo e amigos de longa data do jornalista. 

Velório aconteceu no Studio 5. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
“Essa convivência [com Phelippe Daou] foi de aprendizado. Não só isso. Foi impossível, como deve ser, deixar de se inspirar em um mestre, buscando sempre a excelência, que foi exatamente o que fiz. Devido aos ensinamentos dele, aos exemplos, até o último dia que frequentou a empresa ele deu exemplos de dignidade, de empreendedorismo e principalmente de amor. Amor pela família, pelos amigos, por Manaus e pela Amazônia. O ‘doutor’ Phelippe foi um dos mais autênticos nativos de Manaus e ao mesmo tempo, na minha opinião, um dos filhos mais amorosos e honrados da Amazônia”, afirmou o jornalista Humberto Amorim, que conviveu por mais de 20 anos com Daou.

O cortejo passou pelos principais locais em que a presença do jornalista será sempre lembrada por seu pioneirismo e perseverança. A saída foi do Studio 5, local em que são realizados os maiores eventos do grupo, onde aconteceu também o velório desde a tarde de quinta-feira (15), data em que o empresário completaria 88 anos.

Em seguida, encaminhou-se à Fundação Rede Amazônica, local que investe na formação e capacitação dos manauaras para o mercado de trabalho, principalmente no jornalismo e tecnologia. Logo após, seguiu para a TV Amazonas, afiliada da Rede Globo no Estado, onde Daou dedicou a maior parte de sua vida. Funcionários de todos os núcleos do grupo bateram palmas durante sua passagem, em agradecimento por seu legado.

Dia de muita chuva na capital, o mal tempo deu uma trégua até a chegada ao cemitério São João Batista, onde o corpo foi sepultado. Dezenas de pessoas esperavam a chegada do cortejo para prestar suas homenagens. Ao som de ‘Amigos para sempre’ e outras canções em referência a sua amizade por todos, executadas pela Banda do Comando Militar da Amazônia, os presentes cantaram em homenagem ao empresário.

“Eu vi a Rede Amazônica começar onde depois foi a Fundação. Via o doutor Phelippe Daou lá como se fosse o filho dele hoje. Eu morava bem em frente e vi de perto tudo começar. Vim hoje porque é muita emoção, de ver algo nascer e conhecer a integridade dele, porque ele cobre toda a Amazônia. Todo domingo de manhã eu assistia a missa do Amazon Sat e ele estava lá e isso me tocava muito, com esse jeito de ser família e paizão. Nunca fui na Rede Amazônica, mas acompanhava e isso que me trouxe aqui”, contou ao Portal Amazônia a aposentada Glória Farias. 

Muitas pessoas levaram imagens de santas e flores para deixar como homenagem ao jornalista. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
O enterro também teve a presença de autoridades da Marinha, empresários e muitos amazonenses que queriam dar o adeus ao jornalista. O governador do Amazonas, José Melo, declarou que este é um “momento de muita dor para todos” e que os amazônidas se despedem “daquela que foi a voz mais firme que se teve em defesa dos interesses da Amazônia”.

Já o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, afirmou que perdeu um amigo. “É a perda do amigo, do cidadão amazonense, do amigo de Manaus, do amigo do Exército, que vimos nessa bela homenagem aqui. Eu tinha alguns assuntos de extrema relevância para mim e estava programando o retorno dele para ir ao seu escritório para abrir meu coração e nessa hora a ficha cai, que não tem mais como falar com ele”, revelou.

Apaixonado pela Amazônia, para muitos a chuva que voltou a cair discretamente durante a cerimônia de enterro, era um sinal de sua presença e da falta que fará na luta pelo desenvolvimento da região.

“Nós perdemos um grande defensor da Amazônia, um homem que fez valer o nome Amazônia no mundo. Ele sempre se preocupou com a região e com as pessoas que vivem nela. Hoje é um dia triste, mas ao mesmo tempo alegre para nós, porque temos certeza que somos capazes, com o apoio dele lá de cima, de dar continuidade ao trabalho de desenvolver a região de forma sustentável, gerar emprego e renda e integração dos estados que compõem a região”, afirmou o CEO da Amazônia Cabo, Luciano Maia, que trabalha há quase 14 anos no Grupo.

A família recebeu os amigos e a população após o sepultamento. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
A saudade do pai, irmão, amigo e chefe fica marcada em todos. O filho, Phelippe Daou Júnior, disse que as crenças do pai se perpetuarão. “Ele usou essa empresa para servir a região. Todas as escolhas que ele fez foi para atender uma região que não tinha atendimento no passado. Ver que ele acredita, continua acreditando, mesmo longe de nós, no desenvolvimento da nossa região e partindo do núcleo mais elementar de toda e qualquer sociedade, a família. Ele apostava na família, apostava nas famílias das pessoas com quem ele convivia e servia. Antes de falecer ele estava falando sobre sonhos, sobre planos, projetos. Esse é meu pai”, revelou.

Jornalista e fundador do grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia
Biografia 

Nascido no dia 15 de dezembro de 1928 e de origem libanesa, o jornalista completaria 88 anos nesta quinta-feira (15). Filho do comerciante José Nagib Daou e de Nazira Chamma Daou, fez seus primeiros estudos na Escola Progresso de Manaus, dirigida pela professora Julita Berjona. Em seguida, ingressou no Colégio Estadual do Amazonas, onde concluiu o secundário e científico.

Prestou vestibular para a Faculdade de Direito do Amazonas, onde formou-se. Muito cedo ainda, iniciou no jornalismo como repórter do Jornal do Comércio, mas a ascensão na carreira começaria um ano depois, com sua transferência para a empresa Archer Pinto, proprietária, na época, de ‘O Jornal e Diário da Tarde’, onde exerceu diversas funções redacionais. Atuou ainda como redator da Rádio Rio Mar.

Em 1968, ele e os empresários Milton Magalhães de Cordeiro e Joaquim Margarido fundaram a Amazonas Publicidade (atualmente Amazonas Distribuidora), com o objetivo de implantar um conglomerado de mídia no Amazonas. Daou foi o último do trio a morrer. 

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