Silêncio. Nos olhares, as lágrimas. A dor da perda da família compartilhada por milhares de amazonenses estava lá. O encerramento do velório de Phelippe Daou, na tarde desta sexta-feira (16), foi rápido, com a presença de amigos, que se reuniram antes do enterro. Um dos fundadores do Grupo Rede Amazônica, Daou morreu em função de um infarto na última quarta-feira (14), no hospital Sírio-libanês, em São Paulo.
Por volta das 14h30, teve início o cortejo em direção ao Cemitério São João Batista, em Manaus, acompanhado também por funcionários do grupo e amigos de longa data do jornalista.
O cortejo passou pelos principais locais em que a presença do jornalista será sempre lembrada por seu pioneirismo e perseverança. A saída foi do Studio 5, local em que são realizados os maiores eventos do grupo, onde aconteceu também o velório desde a tarde de quinta-feira (15), data em que o empresário completaria 88 anos.
Em seguida, encaminhou-se à Fundação Rede Amazônica, local que investe na formação e capacitação dos manauaras para o mercado de trabalho, principalmente no jornalismo e tecnologia. Logo após, seguiu para a TV Amazonas, afiliada da Rede Globo no Estado, onde Daou dedicou a maior parte de sua vida. Funcionários de todos os núcleos do grupo bateram palmas durante sua passagem, em agradecimento por seu legado.
Dia de muita chuva na capital, o mal tempo deu uma trégua até a chegada ao cemitério São João Batista, onde o corpo foi sepultado. Dezenas de pessoas esperavam a chegada do cortejo para prestar suas homenagens. Ao som de ‘Amigos para sempre’ e outras canções em referência a sua amizade por todos, executadas pela Banda do Comando Militar da Amazônia, os presentes cantaram em homenagem ao empresário.
“Eu vi a Rede Amazônica começar onde depois foi a Fundação. Via o doutor Phelippe Daou lá como se fosse o filho dele hoje. Eu morava bem em frente e vi de perto tudo começar. Vim hoje porque é muita emoção, de ver algo nascer e conhecer a integridade dele, porque ele cobre toda a Amazônia. Todo domingo de manhã eu assistia a missa do Amazon Sat e ele estava lá e isso me tocava muito, com esse jeito de ser família e paizão. Nunca fui na Rede Amazônica, mas acompanhava e isso que me trouxe aqui”, contou ao Portal Amazônia a aposentada Glória Farias.
Já o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, afirmou que perdeu um amigo. “É a perda do amigo, do cidadão amazonense, do amigo de Manaus, do amigo do Exército, que vimos nessa bela homenagem aqui. Eu tinha alguns assuntos de extrema relevância para mim e estava programando o retorno dele para ir ao seu escritório para abrir meu coração e nessa hora a ficha cai, que não tem mais como falar com ele”, revelou.
Apaixonado pela Amazônia, para muitos a chuva que voltou a cair discretamente durante a cerimônia de enterro, era um sinal de sua presença e da falta que fará na luta pelo desenvolvimento da região.
“Nós perdemos um grande defensor da Amazônia, um homem que fez valer o nome Amazônia no mundo. Ele sempre se preocupou com a região e com as pessoas que vivem nela. Hoje é um dia triste, mas ao mesmo tempo alegre para nós, porque temos certeza que somos capazes, com o apoio dele lá de cima, de dar continuidade ao trabalho de desenvolver a região de forma sustentável, gerar emprego e renda e integração dos estados que compõem a região”, afirmou o CEO da Amazônia Cabo, Luciano Maia, que trabalha há quase 14 anos no Grupo.
Nascido no dia 15 de dezembro de 1928 e de origem libanesa, o jornalista completaria 88 anos nesta quinta-feira (15). Filho do comerciante José Nagib Daou e de Nazira Chamma Daou, fez seus primeiros estudos na Escola Progresso de Manaus, dirigida pela professora Julita Berjona. Em seguida, ingressou no Colégio Estadual do Amazonas, onde concluiu o secundário e científico.
Prestou vestibular para a Faculdade de Direito do Amazonas, onde formou-se. Muito cedo ainda, iniciou no jornalismo como repórter do Jornal do Comércio, mas a ascensão na carreira começaria um ano depois, com sua transferência para a empresa Archer Pinto, proprietária, na época, de ‘O Jornal e Diário da Tarde’, onde exerceu diversas funções redacionais. Atuou ainda como redator da Rádio Rio Mar.
Em 1968, ele e os empresários Milton Magalhães de Cordeiro e Joaquim Margarido fundaram a Amazonas Publicidade (atualmente Amazonas Distribuidora), com o objetivo de implantar um conglomerado de mídia no Amazonas. Daou foi o último do trio a morrer.