Mais dois municípios da calha do Rio Juruá, no Amazonas, decretaram situação de emergência por causa da cheia: Eirunepé e Itamarati. Pelo menos 3,2 mil famílias foram afetadas nas duas cidades, que vão receber ajuda humanitária dos governos federal e estadual.
“Agora já são quatro municípios em emergência naquela calha que é afetada pela cheia deste ano e pelas fortes chuvas, que são comuns no período de inverno amazônico. Houve o transbordamento do rio afetando mais de 6 mil famílias nos quatro municípios. A Defesa Civil do estado trabalha em conjunto com as defesas municipais, com o apoio do governo federal, na distribuição de ajuda humanitária”, explicou o secretário executivo da Defesa Civil do Estado, coronel Fernando Pires Júnior.
Os primeiros municípios a decretarem situação de emergência foram Guajará e Ipixuna. Nesta semana, a Defesa Civil do Amazonas iniciou a distribuição de ajuda humanitária às famílias afetadas. São 21 toneladas de mantimentos para as duas cidades, que incluem cestas básicas, kits de medicamentos e de higiene pessoal, lençol, rede, mosquiteiro e ainda, hipoclorito de sódio, para purificação da água.
Mais três municípios da calha do Juruá estão em situação de alerta e sete da calha do Solimões, em estado de atenção por causa da cheia. A Defesa Civil estadual está elaborando um plano de ação caso ocorra uma grande cheia. A confirmação de tal previsão para o estado só deve sair no dia 31 de março, quando o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), divulgará o primeiro boletim de alerta para cheia.
Agricultura
Em entrevista ao programa Nossa Terra, da Rádio Nacional da Amazônia, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas, Muni Lourenço, disse que ainda não há um levantamento da extensão dos danos e do número de produtores afetados, mas algumas culturas, como a de hortaliças, começam a ficar prejudicadas. “Podemos dizer que estão bem, mas com um grau de preocupação, porque temos acompanhando algo que não estava previsto, a princípio, pelos órgãos de meteorologia. Mas agora, com a forte intensidade das chuvas no estado, começa preocupar, e se essa forte cheia se concretizar, pode trazer muitos prejuízos”, afirmou.
Muni Lourenço recomendou, como forma de prevenção, que os agricultores antecipem a colheita. “Se for possível, porque há situações em que a subida das águas não permite essa colheita, ou então a própria cultura, o fruto, a hortaliça ou a fibra não está no ponto de ser comercializada, e aí não tem nem como antecipar. Mas, quando for possível, que seja, então, antecipada a colheita para que o produtor ainda tenha uma renda desse produto antes de ele ficar debaixo d’água e apodrecer.”
A federação preocupa-se também com os agricultores que pegaram crédito rural, caso a cheia se agrave. “Com o comprometimento da safra, por motivo alheio a sua vontade, o produtor pode ter dificuldade de honrar esse compromisso. Recomendamos que, nesse caso, ele procure os escritórios do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), para que um técnico emita um laudo de perda de safra, e o produtor possa renegociar seu débito com o banco.”