Sete municípios de Roraima estão em quarentena por causa da mosca da carambola e produtores de frutas do Estado estão impedidos de exportar seus produtos porque duas barreiras fitossanitárias estão inativas.
Essas estruturas ajudam a controlar a passagem dos frutos entre as regiões do Estado e o recurso para a manutenção das barreiras vinha do Governo Federal, que vetou a comercialização dos frutos por conta dos focos no Estado. Mas, segundo o governo estadual, desde junho não é feito o repasse mensal de cerca de R$ 135 mil reais.
O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do estado, Gelb Platão, explica que as barreiras têm um custo elevado e o governo local não tem como arcar.
Segundo ele, o Estado de Roraima e o Ministério da Agricultura estão em negociação para alterar a norma que prevê a impossibilidade de venda de produtos de municípios que estão em quarentena por causa da incidência da praga. Ele afirma que cidades que apresentaram focos no passado não têm a presença da mosca.
O superintendente do Ministério da Agricultura em Roraima, Plácido Alves, explicou que a liberação do dinheiro já foi solicitada e cabe agora ao Ministério da Economia fazer o repasse. Segundo ele, a estimativa é que o Estado possa voltar a vender os frutos em cerca de 60 dias.
O perigo da Mosca da Carambola
As moscas-das-frutas estão entre as pragas mais prejudiciais à produção de frutas brasileiras. O Brasil tem cerca de 100 espécies de moscas-das-frutas. Algumas destas são consideradas pragas quarentenárias, pois os países que importam frutos in natura impõem barreiras para impedir a introdução de espécies exóticas em seus territórios, obrigando os países exportadores a aprimorar suas técnicas de controle das pragas.
A mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae Drew & Hancock) é originária do sudeste asiático. Foi detectada no Brasil em 1996, em Oiapoque, Estado do Amapá. É considerada uma praga quarentenária A2 para o Brasil (localizada em área restrita no país e submetida a controle oficial), podendo causar grande impacto sócio-econômico e ambiental ao se dispersar para outras regiões.
A mosca-da-carambola ataca mais de 100 espécies de frutíferas na sua região de origem. No Amapá, sabe-se que a praga ataca frutos carnosos (carambola, goiaba, biribá, acerola, jambo, manga). Certamente existem diversos outros hospedeiros ainda não identificados. No Suriname, país geograficamente próximo ao Amapá, já foram identificadas 20 espécies de frutos hospedeiros.
Danos
O ataque da mosca-da-carambola provoca perdas na produção, pois os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem precocemente (perda direta). As medidas empregadas para o controle de moscas-das-frutas aumentam os custos de produção.
A depreciação do fruto infestado implica em menor valor comercial e em frutos que suportam menos tempo na prateleira, pois apodrecem precocemente. A presença da praga pode levar a perda de mercados importantes, visto que os países livres da sua presença não importam frutos de regiões frutíferas onde ela ocorre (perda indireta).
Estima-se que, se a praga ficar fora de controle no Brasil, poderá gerar um prejuízo potencial de US$ 30,7 milhões no ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhões no terceiro ano de infestação.