O mandado de prisão temporária foi para prender o ex-governador do Amazonas, José Melo (PROS), cassado por compra de votos em 2016. Melo estava em seu sítio quando a Polícia Federal efetuou a prisão. Segundo o delegado da Polícia Federal Alexandre Teixeira, que conduziu a operação, o ex-governador foi identificado pelo desdobramento da segunda fase da operação, quando Melo teve seu irmão e ex-secretário Evandro Melo preso.
“Colhemos provas de pagamentos de vantagens indevidas na segunda fase da operação, que nos levaram até o ex-governador. Provas essas que se basearam em materiais colhidos em conversas de Melo com o irmão e outros secretários”, disse.
O objetivo da ação é investigar crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e de organização criminosa em suposto esquema que envolve o ex-governador cassado do Estado do Amazonas, José Melo. O nome da nova fase da operação é uma referência ao decreto assinado por Melo em 2016, que colocou o Amazonas em estado de emergência econômica e criou um gabinete de crise, devido à situação de calamidade pública que se encontrava a prestação de serviços de saúde.Por meio de nota, a PF informou que: “Os fatos relacionados ao envolvimento do ex-governador do Estado somente aparecem após o avanço da investigação e dão conta de que o chefe maior do executivo estadual recebia pagamentos periódicos dos membros da organização criminosa”.
Aumento no patrimônioAnálises realizadas pela CGU indicam que houve um aumento do patrimônio do ex-governador considerado incompatível com a renda dele, tendo em vista que o salário mensal de Governador do Estado era estimado à época no valor de R$ 30 mil. Nota técnica da CGU aponta indícios de enriquecimento de José Melo, especialmente em virtude da aquisição de um imóvel de alto valor, avaliado em cerca de R$ 7 milhões, além de reformas vultuosas em um sítio também de sua propriedade.
Coletiva
Durante coletiva de imprensa, representantes da Polícia Federal, MPF e CGU falaram com a imprensa sobre a operação “Estado de Emergência que prendeu o ex-governador. Na ocasião, eles falaram sobre a estrutura da operação ‘Maus Caminhos’, a participação da esposa de Melo, Edilene Gomes, e os próximos passados da ação. “O Melo ainda não prestou depoimento, e está em uma cela reservada. Em breve, ele passará por um exame de corpo delito no Instituto Médico Legal”, destacou o delegado Alexandre Teixeira.
Maus caminhos
A operação Maus Caminhos teve início em setembro de 2016, com a prisão do médico Mouhamad Mustafa, apontado como o chefe do esquema. A segunda fase da operação, intitulada ‘Custo Político’, foi responsável pela prisão de de dois ex-secretários de saúde, um ex-secretário de Administração e Gestão e um ex-chefe da Casa Civil, bem como dois ex-secretários executivos da Secretária de Saúde do Amazonas.
Confira a lista com o nome dos presos na operação Maus Caminhos: Mouhamad Mustafa, médico
Pedro Elias, ex-secretário de Saúde do Amazonas e diretor do Hospital Francisca Mendes – prisão preventiva;
Wilson Alecrim, ex-secretário de Saúde do Amazonas – prisão preventiva;
Aroldo Pinheiro, ex-subcomandante da Polícia Militar – prisão preventiva;
Raul Zaidan, ex-chefe da Casa Civil – prisão temporária;
Evandro Melo, ex-secretário de Administração do Amazonas – prisão preventiva;
Afonso Lobo, ex-Secretaria de Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM) – prisão preventiva;
José Melo, ex-governador do Amazonas (PROS) – prisão temporária;
Dois ex-secretários executivos da Secretária de Saúde do Amazonas que não tiveram as identidades reveladas.As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões de reais repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões de reais teriam sido destinados ao INC.
Saldo positivo
Na opinião do sociólogo e advogado, Carlos Santiago, o saldo da operação ‘Maus Caminhos’ é positivo. Ele parabeniza o trabalho feito pela Justiça Federal do Amazonas. “Há indícios fortes de um grave desvio de dinheiro, isso em apenas um contrato que foi questionado pela CGU. Lembrando que foram feitas várias auditorias, e descobriram que 90% dos desvios são de setores primordiais para a sociedade, como a saúde e educação”, afirmou.
“A mudança da postura dos gestores públicos é primordial para o crescimento do país”, afirmou Santigo. Ele também destacou que o Brasil vive um momento delicado. “Três ex-governadores do Rio de Janeiro foram presos, um ex-governador e ex-prefeito de São Paulo também, e agora o Amazonas entrou para a lista. Isso é um exemplo para as instituições de fiscalização, se outras investigações forem promovidas, novas irregularidades serão encontradas”, falou.saiba mais