Com as propostas de Reforma da Previdência e Trabalhista, o trabalhador brasileiro só poderá se aposentar quando completar 65 anos. Essa é uma das medidas criadas pelo Governo Federal, que, entre outras mudanças, revoltou a população. Em Manaus, assim como em todo o país, nesta quarta-feira (15), centenas de pessoas foram às ruas para protestar contra essas alterações.
Sindicatos e trabalhadores de várias categorias se reuniram na Praça do Congresso, no Centro, por volta das 15h30, para reinvidicar direitos trabalhistas, além de pautas locais, como o transporte público. Os manifestantes fizeram uma caminhada por diversas ruas e paralizaram a passagem de veículos entre Constantino Nery e Leonardo Malcher. Ônibus também pararam no Terminal 1 por conta do bloqueio. A concentração foi na Avenida Eduardo Ribeiro, uma das principais vias da região.
A organização nacional é das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Já em Manaus, a responsável é a Frente de Lutas-Fora Temer, que reúne várias organizações e sindicatos. Segundo a presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB-AM), Isis Tavares, a reunião dos diversos sindicatos, ativistas, organizações e outros participantes foi uma convocação de sucesso para mostrar o desagrado quanto a reforma.
“Aqui é um reflexo do [movimento] nacional. Nós articulamos em torno da reforma da previdência e das trabalhistas que estão vindo. Mas hoje, principalmente, é contra a reforma da previdência, que atinge os trabalhadores, pensionistas, aposentados. Quebra os municípios e vai ser muito ruim para nós. Categorias como a dos professores, que tem aposentadorias especiais, vão perder tudo que já foi conquistado. Ou seja, vamos morrer trabalhando e quem conseguir se aposentar não vai usufruir disso”, informou ao Portal Amazônia.
Quem concorda é o professor Flávio Pereira: “Temos que lutar contra isso, porque é um absurdo para os professores. Essa reforma nós pegou de surpresa e não podemos aceitar. Todos os meus colegas estão aqui porque sabemos que afeta todo mundo.
Pedro Chaves, membro da diretoria da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou ainda que a maior preocupação é com os jovens. “A juventude é uma das que mais vai perder. Por isso estamos buscando o apoio deles para que entendam que isso vai afetar a todos, o futuro de todos”, declarou.
A estudante Flávia Carmem Sampaio, de 18 anos, afirmou que entende o quanto a reforma pode dificultar sua carreira. “Eu sempre quis ser professora e com essa reforma não tem como ter boas perspectivas na profissão, que já não é fácil. Espero que mais gente da minha idade compreenda o quanto isso tudo vai nos deixar na mão no futuro”, afirmou.Para o deputado Luiz Castro, que compareceu à manifestação desde o início da movimentação, o papel da Assembléia Legislativa é “somar” com os manifestantes, em apoio às reivindicações. “Sobretudo com esses segmentos que estão sendo ameaçados por uma reforma que está dessintonizada com toda uma luta de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros. Eu falo especialmente em relação à educação porque se tem uma perda enorme para os professores. Uma professora hoje trabalha 25 anos e tem direito à aposentadoria. O governo quer que ela trabalhe 49 anos, ou seja, praticamente o dobro”, destacou. Castro também enfatizou apoio à luta dos trabalhadores rurais, que também tem forte papel na economia do Estado. “Agora está se tirando o direito desses trabalhadores quando precisamos apoiá-los a continuar no setor rural para que não sejam motivadas a ir para os grandes centros e ficarem sem emprego”, declarou. “A reforma pode até ser feita, mas não da forma como estão propondo. O governo Temer quer cobrar, na verdade, das pessoas mais pobres da sociedade, o custo de uma série de erros de governança pública. Lembrando que pela constituição, muitos recursos que deveriam ir para a previdência, não vão, fi desviado para outras áreas. Então não existe deficit da previdência. Isso é uma mistificação. Se ela receber os recursos que a constituição federal definiu, ela é superavitária. Sobra dinheiro. Então não tem sentido promover uma reforma absurda, que vai prejudicar tanto os trabalhadores”, concluiu. Sobre a manifestação
De acordo com a polícia militar, cerca de 400 pessoas participaram da manifestação durante a tarde, enquanto a organização estimou em cerca de 1,5 mil. Pela manhã, as reivindicações ocorreram nas Zonas Oeste e no Centro da cidade. Na própria Praça do Congresso, um protesto promovido pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM) também ocorreu.
O projeto tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados por meio da Proposta de Emenda Constitucional 287/2016 e também pretende aumentar o tempo de contribuição de 15 para 25 anos. As manifestações são uma iniciativa conjunta das centrais de trabalhadores de todo o país e estavam previstas para acontecer em outras capitais da Amazônia:
Amapá
Paralisações descentralizadas
Mato Grosso Cuiabá: 16h – Praça do Ipiranga
Pará
Belém: 9h – Praça da República
Rondônia
Porto Velho: 9h – Praça Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Roraima
Boa Vista: 8h – Assembleia Legislativa
Tocantins
Palmas: 8h30 – Colégio São Francisco
Veja momentos da manifestação em Manaus: