Mais de 31 detentos são mortos em presídio de Roraima

Trinta e um presos foram mortos na madrugada desta sexta-feira (6), na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em Boa Vista (RR). As informações foram divulgadas em nota pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc). O ministro da Justiça, Alexandre de Moares, seguirá para a cidade ainda nesta sexta.

Segundo a secretaria, a situação está sob controle e não houve rebelião ou fugas. Equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Militar (PM/RR) estão no local que fica na zona Rural da capital.

As mortes acontecem menos de uma semana após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, que deixou 56 mortos. O caso ganhou repercussão internacional e desencadeou uma crise no sistema prisional do Brasil.

De acordo com o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro, que foi ao local, não houve rebelião e a matança seria de responsabilidade de presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estavam concentrados neste centro de detenção. Ainda segundo o secretário, não foram encontradas, até o momento, armas de fogo no local, mas os corpos estariam ‘destroçados’ e diversos decapitados.

Visita do ministro

Na manhã desta sexta-feira (6), o ministro da Justiça, Alexandre de Moares, participa de uma coletiva de imprensa para detalhar o plano de segurança em meio a crise carcerária. Ele afirmou que seguirá para Roraima assim que apresentar o projeto. Moraes visitaria a cidade de Boa vista na última terça-feira (3), mas precisou cancelar por causa da rebelião que aconteceu no Compaj, em Manaus.

Segundo o ministro, aparentemente as mortes na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, foi motivado por uma rivalidade entre os detentos. “Nesse presídio houve a separação das facções, então todos eram da mesma facção, ligados ao PCC. A matança é um acerto interno, o que não retira em momento algum a gravidade da situação”, destacou Moares.

De acordo com a assessoria de imprensa do ministro, a primeira visita em Roraima seria para debater a situação da fronteira entre o Brasil e a Venezuela. “Ele acreditou que seria possível conciliar as duas visitas (ao Amazonas e a Roraima), mas acabou vendo que não seria, pois ele ainda terá atividades em Manaus ao longo do dia”, informou a nota. A assessoria acrescentou ainda que depois dois compromissos, Moraes voltaria a Brasília. “A ida para Roraima ficará para outra ocasião”, finalizaram.

Familiares

As famílias dos detentos estão em frente à Penitenciária Agrícola para saber informações sobre os mortos. A maioria dos familiares souberam da matança através da imprensa e das redes sociais. Outros decidiram seguir para o Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista. “Soube pela mídia que ocorreram mortes no presídio e vim para cá. Vou ficar até saber o que aconteceu lá dentro”, disse Dorinha Dorentina, mãe de dois presos. 

Foto:  Inaê Brandão/Rede Amazônica

Onda de violência

No dia 17 de Outubro de 2016, uma rebelião na Pamc vitimizou 25 presos. Na ocasião familiares dos detentos foram feitos reféns, mas liberadas após intervenção da Polícia Militar. O confronto entre as facções começou durante o horários de visitas quando homens de uma das alas quebraram os cadeados e dominaram o presídio. 

Foto:  Inaê Brandão/Rede Amazônica

A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é a maior unidade prisional de Roraima e até outubro abrigava mais de 1,4 mil presos, o dobro da capacidade. O presídio é administrado pelo próprio estado.*A Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima revisou o número de detentos mortos do massacre do Presídio Agrícola de Monte Cristo para 30 ao invés de 33 como havia informado no início das investigações.

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