Conhecido não apenas por ser um dos fundadores do Grupo Rede Amazônica de Rádio e Televisão, Phelippe Daou também era um ícone na luta pela Amazônia. O jornalista morreu na tarde desta quarta-feira (14), aos 87 anos, em decorrência de infarto no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde estava internado. Para os amigos e companheiros de trabalho além do engajamento pela comunicação na região e investimento no jornalismo, sua paixão pela Amazônia é seu maior legado.
Segundo o diretor administrativo do Grupo, Alexandre Caxias, a Rede Amazônica foi idealizada por ele e seus sócios, Joaquim Margarido e Milton de Magalhães Cordeiro, para justamente fincar essa bandeira na região e defendê-la. “Eu acho que não só a família Rede Amazônica como todo o Estado do Amazonas, como toda a região amazônica, está de luto. O Brasil está de luto pela perda irreparável desse brilhante empresário, um visionário, um homem que até o último momento, até antes de embarcar para esta viagem [a São Paulo] estava falando sobre a Amazônia, pela qual ele tanto lutou. É lamentável. Vai fazer falta o doutor Phelippe”, declarou.
Legado
Para o gerente de jornalismo da Rádio Amazonas FM, Getúlio Cetraro, foi um “privilégio” conviver com o jornalista. “Foi de muito aprendizado, sobretudo em defesa da Amazônia. Grande homem, grande amazônida, que eu pude comprovar em conversas pessoais com ele. Realmente, um homem que deixa um espaço muito grande na comunicação do Amazonas. O legado é a Rede Amazônica e nós temos a obrigação de dar continuidade a esse ideal que ele teve desde 1972 com seus sócios, que é de defender a região amazônica, a zona franca, que ele sempre primou, e foi um lutador. Ele serve de exemplo, era um homem de coração maior que a região, um homem de visão, bom, companheiro, amigo, leal. São vários adjetivos e faltariam para definir Phelippe Daou”, comentou.
O diretor de jornalismo da Rede Amazônica, Luís Augusto, também lamentou a perda do amigo, que não deixa pouca coisa. “Ele nos deixa muitos legados. Uma coisa que eu estava pensando há pouco, é difícil a gente falar agora da dimensão do trabalho dele. É uma pessoa que, quando criou a Rede Amazônica, como ele dizia, fez essa obra para projetar a Amazônia, para divulgar a Amazônia para o Brasil e para o mundo. Sempre atuou em vária frentes, pelo desenvolvimento da Amazônia, pela Zona Franca de Manaus, pela reconstrução da BR-319, pela preservação da floresta”, lembrou.
O incentivo ao jornalismo é um dos principais legados que deve ser continuado, segundo Augusto. “Acho que tem toda essa contribuição que ele deixa pra gente, além do trabalho que ele sempre foi um grande incentivador do nosso jornalismo, das nossas mídias, de procurar sempre transformar nossos jornais num espaço para que a população reivindicasse suas melhorias, e a gente sempre estar junto cuidando dos anseios dela. Temos agora a obrigação de levar tudo que ele plantou para aumentar ainda mais essa obra que é a Rede Amazônica”.
Ao lado de Phelippe Daou desde o início da empreitada, o vice-presidente de operações e logística, Aluísio Daou, emocionou-se. “Essa obra toda foi ele. Ele na parte técnica e eu na parte operacional. Com 161 emissoras na Amazônia, fomos nós dois. Quarenta e quatro anos com ele. Desde a inauguração. Não tenho uma lembrança só que seja especial, todas são. Quando a gente errava, não conseguia, não dava certo, ele dizia ‘vamos tentar e na próxima a gente acerta’. Nunca criticava ninguém, era um líder”, disse.
“Apesar de estar com 88 anos ele continuava uma pessoa extremamente ativa, lúcida, e sempre no comando aqui da empresa, mostrando os caminhos. Era uma situação muito irregular para ele estar preso em um hospital. Ele tem vários legados. O primeiro é a grande obra que ele deixou, da Rede Amazônica e tudo aquilo que ele fez pela Amazônia. Desde o Estatuto da Zona Franca de Manaus, que ele participou, até criar a maior rede de comunicação da região. Infelizmente ele deixou alguns projetos inacabados, ele tinha projetos de integração maior e esperamos que se concluam mesmo com sua ausência”, completou o vice-presidente de Tecnologia da Rede Amazônica de Rádio e Televisão, Nivelle Daou Jr. “Também deixou um grande legado na família, que sempre foi uma pessoa que congregou a família e vai fazer muita falta. Já está fazendo”, completou.
O radiojornalista Patrick Mota destacou a paixão de Phelippe Daou pela Amazônia. “Um homem que nunca se conformou e sempre foi ativo, um homem que era um amazônida nato, uma pessoa que hoje é moda falar em ecologia, meio ambiente, mas 40 e poucos anos atrás já se preocupava. Uma frase dele que não sai da minha mente é ‘A Amazônia não é patrimônio da humanidade coisa nenhuma, a Amazônia é patrimônio do povo brasileiro à serviço da humanidade'”, contou.
“Era um homem extremamente preocupado com o ser humano. Nunca vi dr. Phelippe, sendo presidente da Rede Amazônica, tratar alguém mal. É um vazio abe, que para colaboradores como eu, é muito grande. Pedimos a Deus que conserve o espírito dele e que ampare a família”, desejou Mota.