Livro reúne 20 anos de pesquisas da UFMT sobre arquiteturas indígenas

Obra traz artigos e depoimentos sobre as tecnologias utilizadas pelos povos indígenas no Mato Grosso

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Indígenas (Tecnoíndia), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), está lançando uma nova obra, reunindo artigos produzidos ao longo de 20 anos de pesquisa e ensino sobre tecnologias e arquitetura indígenas em Mato Grosso.

Vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFMT, o Núcleo é coordenado pela professora Dorcas Araújo, chefe do Departamento, que também assina a obra como organizadora, e conta com mais 7 autores, entre professores como Ricardo Castor, professor-doutor pela USP, e Yara Galdino, professora-doutora pela UFRJ, e alunos da graduação e pós-graduação. Há também um comovente depoimento de um indígena Bakairi e arquiteto, Jucimar Ipaikire, primeiro indígena arquiteto do Brasil e colaborador do Núcleo.

Foto: Divulgação/Tecnoíndia

São 10 capítulos compostos por artigos que vão da arquitetura e antropologia às artes e à comunicação. “Nosso livro não fala pelos outros, não representa os outros. Nós falamos por nós mesmos, procurando exercer o diálogo transdisciplinar, em uma universidade pública, em campos científicos que não perdem a sua identidade e são capazes de fazer contribuições coletivas, através do saber acumulado, refletido e renovado. Ele é um olhar sobre a capacidade dos povos indígenas de produzir conhecimento, de produzir tecnologia, expressa no valor arquitetônico das suas habitações“, pontua a antropóloga Maria Fátima Machado, um das fundadoras do Núcleo, lembrando que o livro é uma tentativa de ir além dos discursos vazios de inclusão.

“Esperamos que os caminhos da pesquisa continuem a nos aproximar, estabelecendo relações e fortalecendo parcerias a partir das nossas diferenças e entendimentos comuns. Esse é o desafio ao longo da trajetória do Núcleo Tecnoíndia, o de estarmos todos juntos: povos indígenas, pesquisadores de todas as áreas e a sociedade brasileira”, afirma o professor Portocarrero, um dos arquitetos mais respeitados e reconhecidos de Mato Grosso, que hoje é conselheiro federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR).

O Núcleo de Estudos e Pesquisas teve sua origem em 2002, com as pesquisas de seus fundadores, professores José Afonso Botura Portocarrero e Maria Fátima Roberto, vencedores de um edital público do Ministério da Saúde para as unidades de saúde indígena, inspiradas “nas primeiras casas brasileiras”, as casas indígenas. Desde então, o Núcleo vem acumulando experiências que resultaram em obras arquitetônicas em contexto urbano, apresentações em congressos e publicações nacionais e internacionais, além da disciplina sobre tecnologias indígenas, no currículo do Departamento de Arquitetura da UFMT, uma iniciativa pioneira no Brasil. As redes sociais do Núcleo são uma experiência de divulgação científica a elas adaptadas.

“Tecnoíndia: Arquitetura, antropologia e tecnologias indígenas em Mato Grosso” terá exemplares disponíveis para doação no caso de bibliotecas públicas e instituições de ensino, pesquisa e associações indígenas. Aos interessados, o contato pode ser feito através do e-mail tecnoindialivro@gmail.com, pela página do Facebook ou pelo Instagram @tecnoindia.arq. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Projeto de cosméticos sustentáveis assegura renda de comunidades na Amazônia

O Projeto Cosméticos Sustentáveis da Amazônia é uma parceria público-privada que congrega 19 associações de produtores focadas na extração da biodiversidade amazônica.

Leia também

Publicidade