“Não me interessei muito em saber o que era aquilo no começo. No início de 2015, ele me procurou perguntando se eu podia auxiliar a fazer alguns manuscritos. Ele falava que, se eu aceitasse fazer a criptografia enquanto ele terminava de escrever o restante, iria me revelar todo o projeto quando eu chegasse no terceiro livro”, lembra.
Vasconcelos diz que, apesar de ter se comprometido, acabou não cumprindo com o combinado devido a outros afazeres. O livro em que trabalhou foi o 13 – intitulado ‘Ensaio sobre as perguntas sem resposta’. A ideia inicial era que os escritos fossem apenas rascunhos para praticar a escrita, no entanto, Bruno gostou do resultado.
O amigo afirma que codificou apenas o início do livro e também não chegou a ler todo o material, respeitando o pedido de sigilo feito por Bruno. “Ele desenvolveu a criptografia e pediu para fazer a transferência. Me deu o livro em português, o alfabeto com os respectivos códigos e pediu para ir transcrevendo”, diz.
No livro, segundo Vasconcelos, Bruno aborda sobre perguntas normalmente feitas durante a infância e que tendem a ser esquecidas no decorrer do envelhecimento: “Quem sou eu? Qual o sentido da vida? Há um Deus?”. No início da obra, o jovem chega a citar o motivo de iniciar o projeto.
“[No livro] ele descreve o momento que recebeu a missão [para começar] e o que precisou fazer para compreender que a informação que chegou realmente era uma missão, que não estava imaginando coisas, fantasiando. Ele fala que começou a se aprofundar lendo histórias e biografias de grandes gênios para compreender como surge a genialidade. Ele só fala que recebeu a mensagem”, ressalta.
Projeção astral
Vasconcelos confirma que – assim como no áudio divulgado pelo Fantástico – Bruno falava algumas vezes de projeção astral, ou seja, que conseguia se concentrar e fazer com que o espírito se separasse do corpo, podendo “viajar” em outras dimensões. “Ele falava que conseguia se projetar quando sentia necessidade. Eu vejo como um processo de evolução até chegar ao momento de receber a missão, mas ele não falou. A gente vai poder descobrir se existe alguma relação após decodificar os livros”, disse.
Investigação
O secretário adjunto de Polícia Civil, Josemar Portes, confirmou ao G1 Acre, na segunda-feira (17), que o nome de Bruno foi incluído na lista de pessoas desaparecidas da Polícia Federal do Acre (PF-AC) e que a Interpol – polícia internacional – foi acionada. Portes afirmou que não existem indícios de que o acreano tenha saído do país, mas a linha de investigação não foi descartada. “A possibilidade dele ter saído do país deve ser investigada, pois ele tinha dinheiro e é um rapaz muito inteligente”, acrescentou.