José Melo, ex-governador do AM deixa penitenciária

Na manhã desta quarta-feira (27), o ex-governador do Amazonas, José Melo (PROS), deixou o Centro de Detenção Provisória Masculino II (CDPM II) após uma nova decisão da Justiça que anulou a determinação expedida na terça-feira (26) que havia prorrogado a prisão temporária do ex-governador. As informações são do G1 Amazonas.
Melo tinha sido preso em seu sítio, na última semana, durante a terceira fase da operação Maus Caminhos. Cassado por compra de votos na eleição de 2014, ele é suspeito de participar de um esquema de desvio de verbas da saúde.
A defesa do ex-governador informou à Rede Amazônica que Melo foi liberado do CDPM II, localizado no Km 8 da BR-147, que liga Manaus até Boa Vista (RR), por volta das 9h (horário local).
Ainda segundo a defesa, o alvará de soltura foi expedido às 22h de terça-feira (26), durante audiência de custódia, o documento foi assinada pelo juiz Ricardo Sales.
“Procede essa informação. Passou pela audiência de custódia e já recebeu alvará de soltura”, disse ao G1 o advogado de defesa Felipe Nascimento.
Na terça-feira (26), a Justiça tinha determinado a prorrogação da prisão temporária por mais cinco dias.

Foto: Reprodução / Rede Amazônica
Maus Caminhos
A investigação da Operação Maus Caminhos apontou que a movimentação financeira do ex-governador do Amazonas, José Melo (PROS), é considerada incompatível com sua renda. Ele teria recebido dinheiro em espécie do médico Mouhamad Moustafa, apontado como o chefe do esquema que desviou recursos destinados à saúde pública.
A participação de Melo no esquema foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão do ex-governador, Evandro Melo, e Mouhamad Moustafa. Ex-secretários de governo também foram presos durante a Maus Caminhos.
“Nota técnica da CGU [Controladoria-Geral da União] aponta indícios de enriquecimento de José Melo, especialmente em virtude da aquisição de um imóvel de alto valor, avaliado em cerca de R$ 7 milhões, além de reformas vultuosas em sítio também de sua propriedade”, informou comunicado do MPF.
Em 2016, a primeira fase da Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o governo do estado para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do Centro de Reabilitação em Dependência Química (CRDQ) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva. A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.
A apuração indica, ainda, o desvio de R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.  

Prisão
José Melo foi preso, no dia 21 de dezembro, em um sítio em Rio Preto da Eva, na Região Metropolitana de Manaus, e encaminhado para a sede da Polícia Federal (PF), na capital. No sítio, a PF apreendeu cerca de R$ 90 mil. Aproximadamente R$ 300 foram localizados em outra residência onde foi cumprido mandado de busca e apreensão.
Além da prisão de Melo, a PF cumpriu mandados em empresas de propriedade da esposa do governador cassado, na manhã desta quinta-feira.
O caseiro do sítio de José Melo também foi preso por porte ilegal de arma de fogo, segundo o delegado da PF Alexandre Teixeira.
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