Indigenista da Funai é morto após ser atacado por índios isolados em Rondônia

Rieli Franciscato tinha 56 anos e foi morto após ser flechado no tórax, segundo testemunhas, por índios conhecidos como “Isolados do Cautário”.

O indigenista, da Fundação Nacional do Índio (Funai), Rieli Franciscato, de 56 anos, foi morto na tarde desta quarta-feira (9), após ser atingido no tórax por uma flechada disparada por índios isolados, na zona rural de Seringueiras (distante 527 quilômetro da capital Porto Velho), em Rondônia.

Rieli Franciscato. (Foto:Reprodução/Redes Sociais)

O servidor trabalhava no monitoramento da Terra Uru-Eu-Wau-Wau e estava em diligências com apoio de policiais investigando o aparecimento de índios conhecidos como “Isolados do Cautário”, em uma residência na zona rural da cidade, região da Linha 6, conforme informações da Polícia Civil e da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

Em entrevista ao G1 Rondônia, a ambientalista e coordenadora da Associação Kanindé, Ivaneide Bandeira ressaltou que os indígenas isolados não sabem a distinção entre defensor e inimigo, reforçando que o território “está sendo invadido e os índios estão tentando sobreviver”.

Ainda segundo a ambientalista, Rieli era uma das grandes referências nos trabalhos de proteção aos indígenas isolados da Amazônia e defendia o não contato com o grupo, onde atuava para evitar um conflito com a população local. Também fez parte da equipe que demarcou a primeira terra exclusiva para indígenas isolados.

“Ele fundou a Kanindé junto comigo. É uma perda enorme aos indígenas e ao Brasil. A vida toda ele trabalhou com indígenas isolados”, disse Ivaneide.

Flecha que acertou Rieli. (Foto:Reprodução/Redes Sociais)

Segundo informações da Polícia Civil, Franciscato estava em uma missão com apoio da Polícia Militar.

“Segundo os policiais, ao perceberem que estavam sendo atacados por flechas, se abrigaram atrás da viatura, mas a vítima (Rieli) não conseguiu se abrigar a tempo. Quando cessaram os ataques, viram a vítima caída e já não havia indígenas”, explicou o delegado de Seringueiras Jeremias Mendes ao G1 Rondônia.

Um áudio, com o relato de um dos policiais que acompanharam Rieli, revela o ocorrido no momento em que o ambientalista foi flechado. Ouça:

Sobre o ambientalista

Franciscato nasceu em Alta Floresta, Rondônia, e estava desde 2007 na Funai, onde atuava como coordenador da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau (FPEUEWW), desde 2013.

Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau

Segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), há pelo menos 209 pessoas vivendo na área, divididos entre 8 povos, são eles: Amondawa, Isolados Bananeira, Isolados do Cautário, Isolados no Igarapé Oriente, Isolados no Igarapé Tiradentes, Juma, Kawahiva Isolado do Rio Muqui, Oro Win e Uru-Eu-Wau-Wau.

Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau . (Foto:Reprodução/ISA)

Isolados do Cautário

Os registros apontam que a Funai tem conhecimento do grupo conhecido como “isolados do Cautário”, desde os anos de 1990. No entanto, pelo isolamento, não há tantos dados coletados.

Funai

Em nota publicada em seu site, a Fundação Nacional do Índio (Funai) lamentou, com pesar, o falecimento do servidor, mais de 30 anos de dedicação à proteção dos índios isolados no Brasil e pontuou que está acompanhando o caso.

“Rieli dedicou a vida à causa indígena. Com mais de três décadas de serviços prestados na área, deixa um imenso legado para a política de proteção desses povos”, afirma o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Ricardo Lopes Dias.

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