Está marcado para este domingo (2) o retorno de 88 indígenas da etnia warao para a Venezuela. No início de fevereiro, 117 imigrantes, entre indígenas e não indígenas, chegaram a Manaus fugindo da crise política e econômica na nação vizinha.
A maior parte deles passou a viver em barracas improvisadas na rodoviária da cidade e a pedir esmolas nos semáforos e em ruas mais movimentadas. Diante dessa situação, o governo do estado formou um grupo de trabalho com 22 instituições públicas e da sociedade civil do Amazonas, sob a coordenação da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) para buscar soluções para o problema.
“Nós não estamos fazendo deportação. Nós alugamos dois ônibus: um será custeado pelo governo do estado e outro pela prefeitura de Manaus para fazer o retorno das pessoas que querem ir, que manifestam o desejo de ir”, afirmou a secretária da pasta que coordena o grupo, Graça Prola.
Os ônibus vão levar os indígenas venezuelanos até o município roraimaense de Pacaraima, na fronteira com a cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén.
Raysa Dario veio para Manaus porque estava passando fome na Venezuela. Ela conta que está feliz em voltar para casa porque conseguiu muitas doações. “Ganhamos roupa, comida, calçado, fraldas para as crianças. Na Venezuela não há alimento, por isso, viemos para cá. Aqui há comida. Comemos bem aqui em Manaus”, conta Raysa.
A secretária Graça Prola informou que pediu apoio do Governo de Roraima para promover o retorno do grupo. Também solicitou ao Consulado da Venezuela que facilite a entrada dos indígenas no país.
“Vamos conversar com o Cônsul da Venezuela para que ele dê uma autorização coletiva para eles adentrarem de volta ao seu país sem nenhum atropelo, sem nenhum constrangimento levando tudo que eles receberam de doações aqui”, disse Graça ao lembrar que vários venezuelanos não tem documentos: “Muitos não têm documentação ou porque perderam, foram roubados ou porque já entraram no país sem documentos. Outros já estão com o protocolo vencido. Eles têm medo de ficarem presos logo na entrada”, ressaltou.
Ainda de acordo com a secretária, os imigrantes que permanecerem em Manaus vão continuar recebendo assistência social e de saúde. É o caso de duas crianças venezuelanas que chegaram com tuberculose a Manaus e estão internadas na capital amazonense.