Os efeitos da cheia do Rio Juruá já começam afetar os ribeirinhos do município de Carauari (distante a 542 quilômetros de Manaus). Apesar do cenário desolador, algo curioso chamou atenção dos moradores da Comunidade Ponte do Futuro. O idoso Nelson Ferreira de Araújo, 64 anos, improvisou um barraco com pedaços de madeiras e entulhos em um lago próximo ao porto da cidade. Autoridades e moradores da cidade tentaram retirar Nelson do local, mas não conseguiram.
O G1 recebeu imagens que mostram a ‘casa’ do idoso, que é basicamente entulho, como ventiladores, colchões e até uma bicicleta. “Ele vive nessa situação há oito anos. [O Nelson] tem apenas uma irmã na cidade, com quem chegou a morar, mas, após uma briga que teve até polícia, foi viver nesse barraco”, conta o fotógrafo Ronilson Campelo, morador de Carauari que tem acompanhado a situação do idoso.
Foto: Reprodução
De acordo com o fotógrafo, os próprios moradores de Carauari costumam ajudar Nelson com comida. Ronilson conta que o idoso não aparece fora da casa há meses. Quem o procura não vê o rosto. Apenas a mão de Nelson ocasionalmente sai por entre os pedaços de madeira.
No vídeo enviado à reportagem, é possível ver moradores questionando o idoso sobre a sua opção de nunca sair do local. “Tu quer sair daí, Nelson?”, indaga uma mulher. Um homem o pergunta se ele quer ir para uma outra casa. “Num é ‘pa’ ir ninguém ‘pa’ essa casa aí, não (sic)”, limita-se a dizer o idoso.
Foto: Reprodução
Ao G1, o secretário de Saúde de Carauari, José Maria Santiago Pereira, disse que a prefeitura tomou conhecimento da situação de Nelson há uma semana. “A gente não sabe exatamente o histórico dele. Reunimos com o Ministério Público (MP) e formamos uma equipe [de órgãos municipais] para fazer esse trabalho”, explicou.
Pereira informou que o grupo deve seguir o trabalho nesta quarta-feira (26). Enfermeiros e psicólogos também foram acionados para dar apoio na retirada do idoso. “A gente não sabe o que vai sair daquele ‘casulo’, se é uma pessoa tranquila ou agressiva. Estamos cercando-o de todos os cuidados pra saber de que forma vamos tratá-lo”, finalizou.
A reportagem aguarda posicionamento do MP sobre a situação. Enquanto isso, o ‘homem do lago’ segue dentro do mesmo mundo que viveu nos últimos oito anos.*Com informações do G1 Amazonas
