O estado do Amapá está em alerta, desde o fim de 2018, por conta de focos da mosca da carambola, que foram encontrados nas cidades de Melgaço e Breves, no Pará. A Agência de Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro) informou que deve continuar com o reforço na fiscalização nas estradas, aeroporto, e portos das cidades de Macapá, Santana e Laranjal do Jari, principalmente nos portos do Sul do estado.
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O inseto, que veio da Ásia, entrou no Brasil pela Guiana Francesa e Suriname nos anos de 1996. Para evitar esse dano econômico, a Diagro reforça que as pessoas não devem transportar frutas entre os estados. Por lei, produtores do estado não podem exportar os frutos hospedeiros da mosca como a acerola, goiaba e a própria carambola.
Grande parte desses alimentos vêm do Pará. A maior preocupação é nos portos, como o Igarapé das Mulheres, por onde chegam pelo Rio Amazonas, diariamente, dezenas de embarcações com os frutos. O Amapá faz fronteira com países que têm alta incidência da mosca da carambola, e a chegada do inseto em áreas produtoras de frutas no Brasil poderia gerar um prejuízo econômico para o país seria catastrófico.
O escambo desses produtos, potencialmente contaminados, gerou preocupação entre os governos do Pará e Amapá, que resultou em uma reunião entre os poderes públicos desses estados para que a fiscalização fosse intensificada.
Como o efetivo da agência de inspeção não consegue fiscalizar todas as portas de saída do estado, a solução para evitar a proliferação do contágio dos frutos pela mosca da carambola é a conscientização da população e dos produtores em outros estados.
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O perigo da Mosca da Carambola
As moscas-das-frutas estão entre as pragas mais prejudiciais à produção de frutas brasileiras. O Brasil tem cerca de 100 espécies de moscas-das-frutas. Algumas destas são consideradas pragas quarentenárias, pois os países que importam frutos in natura impõem barreiras para impedir a introdução de espécies exóticas em seus territórios, obrigando os países exportadores a aprimorar suas técnicas de controle das pragas.
A mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae Drew & Hancock) é originária do sudeste asiático. Foi detectada no Brasil em 1996, em Oiapoque, Estado do Amapá. É considerada uma praga quarentenária A2 para o Brasil (localizada em área restrita no país e submetida a controle oficial), podendo causar grande impacto sócio-econômico e ambiental ao se dispersar para outras regiões.
A mosca-da-carambola ataca mais de 100 espécies de frutíferas na sua região de origem. No Amapá, sabe-se que a praga ataca frutos carnosos (carambola, goiaba, biribá, acerola, jambo, manga). Certamente existem diversos outros hospedeiros ainda não identificados. No Suriname, país geograficamente próximo ao Amapá, já foram identificadas 20 espécies de frutos hospedeiros.
Danos
O ataque da mosca-da-carambola provoca perdas na produção, pois os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem precocemente (perda direta). As medidas empregadas para o controle de moscas-das-frutas aumentam os custos de produção.
A depreciação do fruto infestado implica em menor valor comercial e em frutos que suportam menos tempo na prateleira, pois apodrecem precocemente.
A presença da praga pode levar a perda de mercados importantes, visto que os países livres da sua presença não importam frutos de regiões frutíferas onde ela ocorre (perda indireta).
Estima-se que, se a praga ficar fora de controle no Brasil, poderá gerar um prejuízo potencial de US$ 30,7 milhões no ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhões no terceiro ano de infestação.
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