Leitos de igarapés e rios poluídos podem ser vistos em várias partes de Manaus. Durante o período de enchente do Rio Negro, o lixo descartado sem cuidado favorece o aparecimento de animais silvestres como jacarés e cobras na área urbana da capital amazonense. Segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), 20 cobras jiboias foram apreendidas apenas neste ano. Em 2016, foram resgatadas 76 cobras, destas 60 são jiboias. As informações são do G1 Amazonas.
Na Zona Centro-Oeste, moradores convivem com jacarés em um igarapé na frente de um condomínio residencial no bairro Dom Pedro. Os animais chegam a andar pela rua. Segundo o Ipaam, o fator determinante de aparições destes animais é a subida de rios, lagos e igarapés. Devido ao período de chuva, comum no primeiro semestre do ano, o nível da água transfere as margens para pontos mais elevados.
Os animais que habitam essas margens, como os jacarés, acompanham esse processo natural e passam, em alguns casos, a ocupar áreas onde há circulação de pessoas, para onde a margem dos igarapés foi transferida, segundo Instituto.
Cobras
De acordo com a pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Luciana Frazão, as espécies de cobra que costumam aparecer nestes períodos não são venenosas e não apresentam perigo para as pessoas. “As mais comuns a aparecer são jiboias. Com as enchentes e chuvas, elas vêm e acabam se adaptando bem nas áreas urbanas, pois se alimentam de pequenos mamíferos. Como temos bastante lixeiras e ratos, elas acabam comendo. Elas não são venenosas”, disse.
Falsas corais também costumam aparecer, segundo Luciana. Ela explicou que as cobras se abrigam em buracos cavados por elas. Em períodos de cheia, estes buracos são alagados e as cobras tendem a ir para a superfície para buscar abrigo. “Elas aparecem muito e as pessoas as matam, apesar de não oferecerem perigo”, disse a pesquisadora.
Lixo
Conforme Luciana, o descarte correto de lixo é um dos principais modos de evitar possíveis aparições de cobras e jacarés no meio urbano. “No caso de jacarés, eles aparecem muito por causa de enchentes. Muitos alagamentos são causados pelos lixos que as pessoas jogam nos igarapés, o que impede o escoamento da água. Temos níveis de chuva fortes na nossa região. Quando chove muito, os níveis de água sobem, já que não há para onde escorrer a água. A água chega nas ruas, e os jacarés invadem as ruas”, explicou.
De acordo com o Ipaam, raramente esses animais representam risco à vida e à saúde das pessoas. Contudo, a recomendação é sempre evitar aproximação, contato ou tentativa de captura dos mesmos. “Deve-se acionar o resgate o mais breve possível e manter distância do animal. Não se deve tentar imobilizar ou capturar o animal, sob risco do mesmo reagir ou de causar dano a ele. O número da Gerência de Fauna para resgate é o (92) 2123-6774”, alertou o Instituto.
Jacarés em condomínio
Moradores convivem com jacarés em um igarapé na frente de um condomínio residencial na Rua São Lázaro, bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Manaus. Em tempo de cheia e fortes chuvas, os animais chegam até a andar pela rua.
O supervisor geral do Condomínio Residencial Encontro das Águas, Eliude Lopes, comentou que um igarapé passa por baixo da rua de entrada e saída do condomínio e, no local, muitos jacarés de vários tamanhos costumam habitar. “Eu já sou supervisor aqui há 17 anos e eles sempre conviveram aqui”, disse.
Ele explicou que os jacarés não costumam atacar os moradores e, inclusive, quando vai até a mata para colher frutas, passa próximo dos animais. Conforme Lopes, os jacarés só atacam quando se sentem ameaçados.
Apesar desta situação, nenhum morador do condomínio foi atacado por um dos jacarés que convivem no local. “Eles costumam migrar muito durante a noite. Tem um jacaré preto e bem grande que aparece mais durante a noite”, comentou Lopes.
Uma cobra sucuri também foi vista no igarapé, segundo o supervisor. Ele contou que trabalhadores estavam cortando árvores próximas ao local, quando avistaram o animal. “Um deles estava na água, ela passou por entre as pernas dele. Ela tinha uns quatro metros. Era filhote ainda”, lembrou.