Empresa de transportes do Paraná oferece emprego a venezuelanos que vivem em Roraima

Representantes de uma empresa de transportes do Paraná vieram a Boa Vista para selecionar 70 imigrantes que tenham interesse em trabalhar como caminhoneiros no Sul do país. Toda ação é acompanhada pela Operação Acolhida, do Exército Brasileiro.

Em fila, um grupo de venezuelanos tenta não apenas um emprego, mas uma oportunidade de recomeçar a vida. No Brasil há um ano, o imigrante Adbel Martinez, de 34 anos, afirma já ter trabalhado como caminhoneiro no país natal, por isso acredita ter chances de conseguir uma das vagas no país que o acolheu.

“Na Venezuela eu trabalhava [como caminhoneiro] carregando petróleo, diluentes e agora, aqui no Brasil, eu pretendo trabalhar como motorista também”, afirma Adbel.

Foto:  Reprodução/Rede Amazônica

Mais de 12 mil venezuelanos já participaram voluntariamente do processo de interiorização do Governo Federal. Entretanto, mais de 10 mil, que ainda vivem em Roraima, também aguardam uma oportunidade.

E uma dessas chances de recomeçar partiu da oferta de emprego de uma empresa da cidade de Maringá, ao Norte do Paraná. Ela tem recrutado durante quatro dias, de 22 a 25 de junho, imigrantes capacitados para trabalhar no transporte de cargas.

De acordo com o gerente de Recursos Humanos da empresa paranaense, Jean Salgals, eles acreditam que muitos imigrantes que fugiram para o Brasil tem mão de obra qualificada. Por isso, a empresa entrou em contato com o Exército para definir uma estratégia de recrutamento desses trabalhadores. Aos selecionados serão oferecidos moradia, alimentação e treinamento.

“Em Maringá eles passarão por um curso de formação e aperfeiçoamento de motorista, com duração de 25 a 30 dias, é uma parceria nossa com o Sest Senat, e nesse período eles terão também a CNH regularizada, para que poderem atuar como motorista profissional no Brasil”, explica o gerente de RH.

“Durante 30 dias eles vão viajar acompanhados de um motorista da empresa, o que chamamos de ‘motorista padrinho’, para daí sim eles serem liberados para atuarem sozinhos na estrada”,
Jean Salgals

A busca por empresas interessadas em contratar trabalhadores venezuelanos já é uma prática adotada pela Operação Acolhida em um dos formatos que fazem parte do processo de interiorização. Uma equipe do Exército entra em contato com empresas de diversas regiões do país oferecendo a oportunidade.

Foto: reprodução/Rede Amazônica

“É necessário que esse pessoal, os venezuelanos que estão aqui em Roraima, sejam interiorizados. E essa quantidade de venezuelanos que tem aqui ela seja demandada para o interior do Brasil. Dessa forma nós visamos garantir o fluxo migratório”, justifica o coordenador adjunto da Operação Acolhida, capitão Willem Garcia de Francisco.

E como forma de ajudar na ação de recrutamento da empresa, o Exército também disponibilizou um caminhão para a seleção dos candidatos durante o teste prático.

Uma oportunidade que Eduardo Morales tenta agarrar. Aos 38 anos, ele está vivendo sozinho em Boa Vista e busca um emprego no Brasil para enviar dinheiro à família que continua na Venezuela.

“Tenho muita experiência. Quero seguir trabalhando para ajudar os meus filhos, a minha família que está na Venezuela e, quando tiver condições, trazer meus filhos aqui para o Brasil”, afirma o imigrante.
 

Enquanto isso, a tentativa por um recomeço segue com a ajuda de voluntários e empresários brasileiros.

“É isso o que eu espero aqui no Brasil. Seguir em frente, ter uma vida boa aqui no Brasil, porque lá na Venezuela a situação está difícil, muito ruim, mas aqui está melhorando. Graças a Deus, essa oportunidade é para todos nós”, conta Adbel.


Refugiados na América Latina

O Brasil é o quarto país da América Latina que mais recebeu imigrantes, com um total de 168 mil, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Antes dele estão a Colômbia, que já recebeu 1,3 milhão de pessoas, Peru, com 768 mil e o Chile, 288 mil. Conforme o relatório, mais de 4 milhões de venezuelanos já deixaram o país governado por Nicolás Maduro.

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