Análise
Para o presidente da Comissão de Reforma Política da Ordem dos Advogados do Amazonas (OAB-AM), Carlos Santiago, os indígenas são pouco representados por causa do processo de admissão de candidatos. “É importante perceber que para se candidatar no Brasil é preciso estar filiado a um partido político. Geralmente, quem comanda esses partidos são famílias, que têm interesse em utilizar cargos públicos para facilitar seus próprios negócios. Dificilmente indígenas, negros e mulheres vão fazer parte dos interesses desse grupo, a não ser que façam parte da família desses grupos políticos”, avalia.
O historiador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Francisco Jorge, busca no passado a explicação para o número de candidatos indígenas. “Eles eram marginalizados e não tinham cidadania. Eram deixados de lado. Não só os indígenas, mas afrodescendentes e pobres foram por muito tempo esquecidos pelo poder público. Para se ter uma ideia, só dos anos 1970 para cá aconteceram mudanças na lei que possibilitaram indígenas de concorrer às eleições”.
Na opinião de Santiago, algumas leis têm diminuído essa diferença, mas muito ainda precisa ser feito. “Atualmente, sem o financiamento de empresas, é possível perceber uma mudança nas eleições. A diferença entre os candidatos tem ficado menor e o que mais tem interessado às pessoas são as propostas. Esperamos que cada vez mais os partidos tenham indígenas, mulheres e afrodescendentes como candidatos”, disse Santiago.