Defesa Civil do Mato Grosso orienta população sobre período de fortes chuvas

Todos os anos, entre dezembro e começo de março, as chuvas não dão trégua em Mato Grosso. Algumas regiões, especialmente aquelas banhadas por grandes rios, despertam atenção especial. O estado de alerta deve ser priorizado por pessoas que moram em áreas de riscos, ou seja, às margens dos rios ou córregos.

Secretário-adjunto de Proteção e Defesa civil, tenente coronel Abadio José da Cunha Junior, esclarece dúvidas. Foto: Rafaella Zanol / Secid-MT
Nesta entrevista, o secretário-adjunto de Proteção e Defesa civil, tenente coronel Abadio José da Cunha Junior, esclarece que não há motivos para pânico, que não há riscos de rompimento da barragem de Manso e reforça medidas de autoproteção importantes para evitar tragédias. Confira:

Por que Mato Grosso está em estado de alerta?

O estado está sob alerta até o final do mês de fevereiro para casos de fortes chuvas ou chuvas acima de 100 milímetros, que podem impactar sensivelmente na vida de moradores tanto da área urbana quanto da área rural. No caso de áreas urbanas, 100 milímetros é uma quantidade que geralmente os sistemas de drenagem não foram dimensionados para suportar de forma tão rápida. Então, a gente pode ter a possibilidade de alagamentos ou de enxurradas fortes, dependendo do tipo de topografia do solo. Nós temos alguns córregos que passam a ficar cheios em função do período de chuvas mais intensas. E, mesmo assim, muitas pessoas insistem em morar em áreas de risco.

Quais são as áreas mais críticas?

Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço têm cheias anunciadas praticamente todos os anos, porque nesse período as águas já se avolumaram no Pantanal, então elas começam a atingir as comunidades ribeirinhas. As cidades começaram a sentir um pouco, mas não ainda sensivelmente. Mas todos os anos nós temos esse cenário. Temos também a região do Araguaia, que está praticamente toda sob água, há vários municípios, como Santa Terezinha, Santa Cruz do Xingu, Confresa, que estão já com muita dificuldade, como na locomoção do transporte da soja, e crianças da área rural que não conseguem ir até as escolas porque os ônibus não estão conseguindo transitar nas estradas cheias de lama. Campo Novo do Parecis teve agora essa tempestade. Estamos com solicitação de visita para Rio Branco, Salto do Céu, e Colniza também já pediu uma visita dos nossos técnicos.

Este período sempre apresenta chuvas, mas este ano há alguma anormalidade?

A gente teve um período historicamente abaixo da média no mês de janeiro de todos os anos. Não há como precisar a quantidade de milímetros de água para todo o estado no mês de fevereiro, mas 100 milímetros correspondem àquela quantidade de água que o solo não consegue absorver de caráter imediato. A gente tem a previsão de mais de 100 milímetros, mas para todo mês. Chove-se um pouco hoje, um pouco amanhã, um pouco depois. Mas o que acontece é que está chovendo muito num dia só, que são as tempestades, e este é o fato de anormalidade desse período. E o volume de chuvas em fevereiro é o maior dos últimos cinco anos.

Quais a orientações da Defesa Civil para a população?

A principal orientação é para quem mora em áreas de risco. O ideal, primeiramente, é procurar locais mais seguros para poder se deslocar, para sair com total segurança. Pode ser casa de parentes, vizinhos, enfim, áreas mais seguras, caso a cheia venha a acontecer. Também é importante colocar os móveis em condições de serem levados, caso ocorra o alagamento, além dos pertences e documentos, pois é muito comum as pessoas perderem tudo. Isso pode ser feito com atitudes simples, como reforçar os pés de uma mesa, colocar a televisão em cima de uma mesa mais alta, pegar o colchão e colocar num espaço mais alto, porque geralmente o acúmulo de água atinge um metro, ou um metro e meio. Depois, é recomendado ainda evitar que crianças e animais de estimação fiquem transitando nessas áreas de risco no momento da chuva, porque correm o risco de rodar com a força da água. Uma medida fundamental é que essas pessoas se cadastrem nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) municipais e nos projetos sociais do Governo do Estado o mais rápido possível, para que a gente tente fazer a remoção para áreas mais seguras.

Foram veiculados alguns boatos, principalmente sobre o Manso, nas redes sociais. Qual a real situação da barragem?

Manso está totalmente sob controle. A Defesa Civil tem uma comunicação diária com os responsáveis pela usina. Inclusive, está abaixo da sua capacidade de acúmulo de água para este período, com registro de 70% do total que a barragem comporta. Nós temos apenas duas das quatro máquinas que geram energia elétrica funcionando. Em anos anteriores, já tivemos as quatro em funcionamento, e hoje são só duas. Então, não há qualquer risco de que Manso venha a romper ou tenha algum tipo de liberação de vertedouro acima da média. Essas divulgações feitas pelas redes sociais são frutos de pessoas de má índole, que queriam causar um tumulto, quiseram fazer uma brincadeira – de muito mau gosto, inclusive. Então, a população pode ficar tranquila, porque está tudo dentro da normalidade. As chuvas são uma dádiva para um estado como o nosso, que passa por longo período de seca, e temos que saber conviver com isso. É preciso ignorar esses tipos de boato e confiar nos órgãos de controle.

Como o cidadão pode contribuir para evitar tragédias?

Quero deixar ao cidadão mato-grossense a mensagem sobre o termo “cidadão resiliente”, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), que representa aquele cidadão que sabe que o problema existe, como ele pode fazer para se precaver, como pode se proteger de um desastre. Então, essas medidas de poda de árvore, limpeza de calhas nas residências, fortalecimento dos telhados, tudo isso tem que ser feito antes do período de chuva, identificar locais mais altos para onde é possível se locomover durante chuvas fortes. Então, você mesmo começa a buscar mecanismos de autoproteção. Se você começa a jogar garrafa PET no chão, bitucas de cigarro, latinhas, papel, ou não separa o lixo em casa de forma adequada, e não dá a destinação correta e isso acaba indo para a rede de esgoto, pode causar o entupimento dos bueiros, um assoreamento ou enchimento da rede fluvial. Resto de materiais utilizados em obras, como areia, por exemplo, tudo isso vai para a rede de esgoto e causa o entupimento de toda a rede fluvial. Por isso, sempre reforçamos que cada um precisa fazer o seu papel, e esse já é começo de um caminho que faz a diferença no ambiente em que vivemos.

Quais os canais de acesso da população à Defesa Civil?

A Defesa Civil tem intensificado os canais de comunicação com a sociedade. Um deles é o próprio Opens external link in new windowFacebook , onde a gente tem publicado essas informações diárias de boletins meteorológicos. Também temos disponibilizado as informações no site. O telefone para contato é o (65) 3613-8400, que funciona em horário comercial, durante a semana, e estamos prestes a lançar o 199, que ficará ativo 24 horas, para casos de emergências envolvendo alagamentos, enchentes e outras demandas da Defesa Civil. Este número já está funcionando, mas em regime de teste, para fazer alguns ajustes. Vale ressaltar que toda situação que envolve socorro imediato é de competência do Corpo de Bombeiros Militar, que pode ser acionado pelo 193. Nas cidades em que não há equipe de Corpo de Bombeiros, o cidadão pode procurar as prefeituras, por meio das secretarias de infraestrutura, e de assistência social. E estamos solicitando aos prefeitos que criem as defesas civis nos municípios que ainda não possuem, para que as pessoas possam ter esse caminho de comunicação de socorro.

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