“No Brasil, no mês de junho
Tem foguete, tem quentão
Tem quadrilha e roupa bonita
Milho e reza pra São João
Menina vestida de chita
Santo Antônio no coração
Mas pra diversão ficar completa
Não podemos abusar
Muito cuidado com os fogos
Porque pode se queimar
O alerta é pra todos
Pra festa não acabar”
O repente é animado, mas não é brincadeira. Com festas juninas ocorrendo entre os meses de junho e julho em todo o estado, o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fazem um alerta sobre o risco de queimaduras pelo manuseio de fogos de artifício, fogueiras, bombinhas e os chamados ‘estalinhos’.
Segundo o Corpo de Bombeiros, todos esses artefatos podem causar queimaduras e lesões graves em membros, olhos e ouvidos, caso não sejam manuseados corretamente. Além disso, existe o risco de incêndio pelo armazenamento e direcionamento incorreto, como no caso dos fogos de artifício.
Para evitar acidentes, a orientação é armazenar o material em local seguro, longe de qualquer fonte de calor e não permitir o acesso de crianças. O manuseio deve ser feito por pessoas acima de 18 anos, que devem estar sóbrias e obedecer às instruções que constam na embalagem de cada produto.
A queima dos fogos, independente da classe de cada produto, deve ser realizada em local afastado, distante do público, casas e fiação de energia elétrica. Em caso de falha no explosivo, não se deve direcionar o produto para o rosto ou para outra pessoa, como alerta o tenente Bombeiro Militar, Janisley Teodoro, pois pode haver um retardo na explosão.
“A maior parte dos acidentes acontece por descuido no manuseio ou falha no explosivo. Além de ocasionar queimadura, o mau uso do foguete pode resultar em amputação de mãos, cegueira e danos à audição”, explica. Ele acrescenta que o risco de queimaduras e lesão nos olhos e ouvidos também existe com as bombinhas e estalinhos, caso não sejam usados corretamente.
Fogueiras
No caso específico de fogueiras, o Corpo de Bombeiros lembra que é proibido atear fogo em área urbana em qualquer época do ano, ou seja, quem acender fogueira está sujeito à punição. A fiscalização, nesses casos, é de competência dos municípios.
Para não correr risco de ser penalizado, o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do Estado (BEA-MT), tenente coronel Paulo Barroso, afirma que o ideal é que o organizador da festa junina procure o órgão ambiental do município para saber como proceder em caso de fogueira para uma festividade tradicional.
Já para quem mora em comunidade rural e quer manter a tradição, é necessário seguir as orientações do Corpo de Bombeiros. A principal delas é realizar a fogueira longe de residências e de produtos inflamáveis. Também é indicado limpar a área ao redor (aceiramento) para evitar que as chamas se alastrem. No fim da festa, ao apagar o fogo, é importante jogar água e enterrar as cinzas.
Primeiros socorros
Em casos de queimaduras, o primeiro procedimento é afastar a vítima da fonte de calor e avaliar a extensão da lesão, como orienta a gerente médica do SAMU em Cuiabá, Ingrid Rodrigues. “Feito isso, a orientação é mergulhar a área queimada em água limpa e fria para alívio da dor e, após resfriar a área, envolve-la em pano limpo e encaminhar a vítima para o hospital”, completa.
Pelo número 192, o SAMU oferece orientações de como proceder nos primeiros socorros. O usuário deve relatar ao médico regulador o máximo de informações sobre o acidente e sobre as lesões. Segundo Ingrid, queimaduras em até 15% de área corporal podem ser consideradas de baixo risco, exceto se ocorrerem em pescoço e na face. A mensuração da área pode ser feita tomando como base a palma da mão, que equivale a 1%.
Mas, independente do tamanho da lesão, a especialista alerta para os procedimentos que não devem ser realizados, entre eles: utilizar cremes, pomadas, pasta de dente, pó de café ou qualquer outro “remédio” caseiro, não estourar as bolhas, nem colocar gelo sobre a queimadura.