Carretas seguem em vias de Manaus com restrições

Mesmo com restrições de tráfego para caminhões e contêineres nas principais vias da capital, ainda é comum
 

Mesmo com restrições de tráfego para caminhões e contêineres nas principais vias da capital, ainda é comum ver esses veículos circulando em horários proibidos. De acordo com o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização no Trânsito (Manaustrans), entre janeiro de 2015 a 25 de outubro deste ano, 2.738 condutores foram autuados por transitar em área de restrição. Só na manhã de ontem, dois acidentes de trânsito envolvendo esses tipos de veículos congestionaram o trânsito em Manaus.

Segundo entidades, a falta de estrutura é o que obriga o uso das vias urbanas por caminhões pesados. Entre as possíveis soluções para melhorar o trânsito de veículos pesados estão a permissão do tráfego nas faixas azul e a mudança no horário de circulação.

De acordo com o secretário executivo do Sindicato das Empresas de Agenciamento, Logística e Transportes Aéreos e Rodoviários de Cargas do Amazonas (Setcam), Raimundo Augusto Neto, a falta de estrutura adequada é o que obriga o uso das vias urbanas por caminhões pesados. “A capital é uma cidade industrial e não foi projetada para atender a demanda de veículos que só cresce e isso afeta as operações de carga e descarga. Hoje, temos uma frota de 600 mil veículos, 300 mil a mais do que os engenheiros de trânsito dizem suportar, sendo que 15% desse montante corresponde a caminhões e carretas”, conta.

Desde 2013, o Manaustrans implantou a Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC) em dez trechos de ruas no Centro, além das avenidas Constantino Nery, Djalma Batista, Mário Ipiranga Monteiro e Umberto Calderaro. Segundo Augusto, as medidas disciplinadoras implantadas são ações que não atendem o setor. “As restrições de tráfego na área central impedem o bom trabalho de carga e descarga e nos horários noturno, além dos extras, temos que nos preocupar com segurança”, afirma.

Para ele, a permissão do tráfego nas faixas azul e a mudança no horário de circulação estão entre as possíveis soluções para melhorar o trânsito de veículos pesados na capital amazonense. “Na faixa azul, por exemplo, poderia permitir a circulação dos caminhões e carretas, tirando os veículos pesados das outras vias, deixando-as liberadas para os carros particulares. Outro ponto seria repensar o horário de circulação, uma vez que, o comercial não atende à demanda, muitas entregas são em zonas distantes, o que exige cruzar a cidade esbarrando em enormes congestionamentos. Estamos dispostos a negociar com o poder público para encontrar medidas que garanta a segurança de todos”, ressalta Augusto.

Setor Comercial

Segundo o responsável pelo transporte na empresa Tomateti, Hildebrando Franco, da sede da empresa que fica no Ceasa até a área central, há corredores que facilitam o acesso, como é o caso da Manaus Moderna que liga a zona Sul ao porto. “Mas se as entregas forem para outras zonas, só temos como caminho cruzar a cidade por dentro. Aí vemos a falta de capacidade do trânsito de Manaus em comportar a enorme frota de veículos”, afirma.

Franco ainda cita as restrições de horário para circulação em algumas vias da cidade como fator de encarecimento do transporte. Ele explica que, as restrições são necessárias, mas acredita que as autoridades deveriam pensar em estratégias para atender o setor.

“Por exemplo, fazer da Manaus Moderna um corredor exclusivo para cargas, já que disputamos espaço com carros particulares, temos poucas vagas de estacionamento e a maioria dos barcos parte durante o dia e embarcar cargas na madrugada onera o empresário que precisa pagar horas extras”, finaliza o motorista.

Para o gerente geral da Empacotadora Amazonas, Maurício Lira, é normal em cidades grandes haver as restrições de horário e isso não interfere no fluxo de vendas e entregas da empresa. “As mudanças nos trechos não interferiram na demanda porque ficamos próximo do porto e nossos caminhões são pequenos. Quando temos que ir em zonas distantes com os veículos maiores, vamos pela zona leste que é permitido o tráfego. Assim, evitamos trechos como a Djalma Batista e Constantino Nery”, explica. A distribuidora de alimentos possui cinco caminhões e faz uma média de duas entregas por dia.

Restrições nas vias

O Manaustrans implantou, a ZMRC em dez trechos de ruas no Centro, além das avenidas Constantino Nery, Djalma Batista, Mário Ipiranga Monteiro e Umberto Calderaro. Também foram sinalizados outros corredores, como as avenidas Efigênio Sales e Rodrigo Otávio, para indicar que caminhões e carretas devem circular pelo lado direito da via, conforme determina o Código de Trânsito Brasileiro CTB). Conforme o órgão, estudos vêm sendo realizados para verificar a possibilidade de ampliar a restrição de circulação em outras vias.

De acordo com o CTB, transitar em veículos com dimensões ou cargas superiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização é infração grave, equivalente a cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), com multa no valor de R$ 127,69 e retenção do veículo.

O caminhão que transitar em locais e horários não permitidos pela regulamentação será autuado em infração média, multa de R$ 85,13 e mais quatro pontos da Carteira de Habilitação. Segundo a Manaustras, de janeiro de 2015 a 25 de outubro deste ano, 2.738 condutores foram autuados por transitar em área de restrição. Conforme o órgão, a fiscalização é realizada diariamente.

Perigo em circulação

Só na manhã de ontem, dois acidentes de trânsito envolvendo esses tipos de veículos congestionaram o trânsito em Manaus. Um contêiner tombou a carga em cima de um ônibus na avenida Umberto Calderaro, ferindo quatro pessoas. No dia 21 de maio do ano passado, uma carreta com contêiner acoplado capotou e caiu no mesmo local. Na ocasião, o motorista do veículo foi levado a um hospital com escoriações pelo corpo. Duas faixas da avenida foram

retidas e o trânsito ficou congestionado por várias horas. Em outro trecho, dessa vez envolvendo dois caminhões aconteceu mais um acidente na avenida Torquato Tapajós. O motorista de um dos caminhões ficou preso nas ferragens e teve machucados no abdômen e cabeça.
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