Desde 2013 a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), mantém 17 barcos alugados com 30 e 60 lugares e quatro lanchas próprias com 15 lugares para atender os 550 alunos das escolas Sebastião Quaresma e Milton Montes, além dos anexos escolares Nazaré, Santo Antônio e Nossa Senhora dos Navegantes.
As embarcações são adquiridas por licitação pública e todas são vistoriadas pela Capitania dos Portos. O município investiu R$ 320 mil na aquisição de lanchas e cerca de R$ 8 milhões em barcos alugados, incluindo dois barcos que atendem as ilhas norte, de Cotijuba e Mosqueiro.
“Na região de ribeirinha, o transporte escolar é fundamental para que esse aluno chegue e permaneça na escola. Para alguns alunos seria inviável estudar sem este transporte. Digo que é uma política pública essencial para garantir o direito à educação para essas crianças”, afirma o diretor da escola Milton Montes, Thiago Oliveira. “Os pais veem o transporte escolar do município como referência de qualidade, segurança e atendimento dos monitores e pilotos”, diz ele.
Ribeirinhos
O estudante Miguel da Silva, de 10 anos, aluno do 4° ano da Escola Milton Montes, antes ia para a escola de rabeta com o tio e mais seis primos. Há oito anos ele conta com o transporte escolar. A avó, Maria de Fátima Lobato, disse que nem sempre o tio de Miguel podia deixá-lo na escola.
“Agora está ótimo. Chegou o barco e assim ele pode ir todos os dias para a escola. Com fé em Deus o meu filho será alguém na vida”, conta, feliz, Maria de Fátima. “Era perigo ir de rabeta. Tinha uma boia, mas não era seguro. E agora é mais divertido e seguro, porque o barco é bem maior”, comenta Miguel, que sonha ser jogador de futebol.
Para a dona de casa Deusa Lima, avó de Maria Paula de Lima, de 10 anos, o barco da Prefeitura de Belém nem se compara aos de municípios vizinhos. “Antes tinha um barco simples que vinha do Acará, mas sem condições. E agora fico muito feliz e segura de saber a minha neta vai num transporte de qualidade. Melhorou bastante”, diz Deusa. “Me sinto mais segura porque o barco é maior, tem colete, cabem mais pessoas”, conta Maria Paula, que sonha em ser médica.
Emprego
O transporte escolar também se tornou uma oportunidade de emprego fixo para moradores das ilhas, que antes viviam exclusivamente da pesca e do açaí. Há dois anos pilotando o barco, Daniel Tavares, morador da ilha do Maracujá, confirma e sabe que seu trabalho é muito importante para as crianças da região.
“Pego primeiro os professores às 5h e depois sigo pegando os alunos nas suas casas. Por volta das 7h já estamos chegando à escola. Temos o cuidado de colocar o colete nas crianças. Algumas já colocam sozinhas. É muito bom ajudar eles para que daqui para a frente consigam alguma coisa boa para eles”, afirma Daniel.
O barqueiro acrescenta que antes os alunos iam para a escola de barco a remo e rabetinha e que essa realidade mudou com o transporte escolar. “Me ajudou a ter uma renda também, porque antes eu trabalhava com açaí quando estava na época dele”, conta Daniel.