Artur não descarta mudanças em secretariado no segundo mandato

Reeleito prefeito de Manaus, no Amazonas, neste domingo (30), Artur Neto (PSDB) afirma que a busca por recursos federais para realização de projetos na cidade é sua prioridade. Segundo o prefeito, a crise econômica brasileira deve perdurar pelos próximos dois anos e para contorná-la buscará apoio em parcerias público-privadas. Artur foi reconduzido ao comando da cidade com 55,96% dos votos válidos. Confira a entrevista concedida do Portal Amazônia nesta segunda-feira (31), em que ele explica seus planos para a nova gestão:Portal Amazônia: Este é o seu terceiro mandato como prefeito de Manaus. O primeiro, o senhor conquistou em 1989, o segundo veio em 2012 e agora o senhor foi reconduzido ao comando da cidade. Como o senhor se sente?

Artur Neto:
 Sinto a necessidade de corresponder a essa expectativa tão alta que vem de uma votação expressiva. Como eu dizia na campanha, somos uma só Manaus. Vou baixar qualquer arma, virar o jogo, virar a página e dizer: acabou a eleição e é hora de congraçamento, é hora de buscar apoio de todos os parlamentares, dos que estavam contra mim, dos que eram a favor. É um dever meu pedir, e um dever deles buscarem atender. Afinal, não estão onde estão para outra coisa a não ser servir Manaus, servir o Amazonas. Também é hora de dizer que não tenho mais adversários, não tenho inimigos, tenho pessoas que representam o Estado e precisam cumprir suas obrigações com ele. No mais, desejo muita sorte ao candidato que tive a honra de enfrentar e derrotei, Marcelo Ramos, mas que seja muito feliz e tome rumos acertados e que seja uma pessoa capaz de dar respostas boas na vida pública. Como será sua relação com a Câmara Municipal de Manaus, com os novos vereadores eleitos?Será boa. Eu não loteio cargos, não loteio secretarias, por isso eu não fui buscar apoio de caciques no segundo turno. Eu simplesmente faço meus acordos com o povo. Nenhum vereador fica contra o povo. Governo popular, governo forte, é apoiado pela Câmara Municipal. Eu tenho que fazer é um governo bom. Tenho certeza que nenhum vereador vai negar sua compreensão e apoio a um governo que esteja fazendo exatamente aquilo que ele, vereador, gostaria de fazer. Por exemplo, nenhuma cidade no Brasil adota emendas parlamentares que nós adotamos e pagamos na hora, pontualmente. A cidade está coalhada de obras e estará mais ainda, oriundas de emendas parlamentares, com o apoio que a prefeitura dá para os vereadores dizerem suas opções. A prefeitura executa e credita a obra ao vereador. Nenhuma cidade faz isso. É uma obrigação do Governo Federal, que começou a cumprir agora, com o governo Temer, mas eu sempre cumpri com os vereadores. Ou seja, a minha relação será elevada, será republicana, será de espírito público e será de colaboração. Confio muito na sensibilidade do povo, que elegeu vereadores que certamente vão mostrar amadurecimento e capacidade de amar Manaus tanto quanto eu amo. Se amar tanto quanto eu amo, vou ficar feliz. Pretende manter o secretariado ou haverá algum tipo de mudança?Poderão haver mudanças, vamos ver. Eu vou analisar caso a caso. É um governo que exige que a gente dê respostas ao prosseguimento de uma crise grave, a mais longa, mais intensa, mais perversa crise econômica que o Brasil já enfrentou e está enfrentando. E 2017 e 2018 serão anos difíceis, muito difíceis e eu vou estar aí para enfrentar. Eu tenho honra também de ser o timoneiro desse barco. Eu quero governar nessa escassez, mostrar amor, mostrar dedicação. Vou compensar com o físico, com o trabalho em mutirão, nós vamos enfrentar o desemprego com mutirões de emprego, uma ideia que foi passada pelo prefeito eleito de São Paulo, Dória, do meu partido. Vamos enfrentar essa crise de cabeça erguida. Aqui não tem esse negócio de decretar falência da saúde, no meu governo não tem nada disso, no meu governo tem firmeza de propostas.Como será a relação com o governo federal para trazer recursos para a cidade?Nós vamos começar ainda esse ano a pegar qualquer ‘tico-ticozinho’, em todos ministérios que puder. O que sobrou, pegar para nós um pouquinho. Vou contar com todos os parlamentares, claro. Com Marcos, com Arthur Bisneto, Conceição Sampaio, vou procurar todos que estiverem lá. Aquilo que possa ter sobrado. As emendas parlamentares não foram todas liberadas ainda, vai nos dar um desafogo. E para o ano que vem, algo que já está em andamento desde este ano, que é o BRT, que encarreguei o vice-prefeito Marcos Rotta de ser o gerente desse grande projeto, que tem que sair do papel, tem que ir para a prática, para a rua, para o trânsito. Enquanto não sai, e é uma obra que vai demorar um período de governo entre tratativas, assinaturas e execução, nós temos que fazer medidas de engenharia que quebrem bons galhos no trânsito. A gente vai fazer o possível. A gente quer viver o hoje intensamente, mas quer planejar hoje e começar executar já no hoje esse belo amanhã que será o BRT, com 50 quilômetros de linhas, um bilhão e 200 mil reais que não podem ser nossos, porque não temos, tem que ser do governo federal. E dizer outra coisa, o símbolo do meu governo será a parceria público-privada, vamos buscar esse apoio. Acho que Manaus é um bom investimento para dar um bom retorno à população. Vamos ampliar as medidas compensatórias pela Semmas, Implurb, para que a partir daí possamos fazer obras que não custem dinheiro do tesouro, como tantas obras que estamos fazendo, academias ao ar livre, as do Centro da cidade, dinheiro nosso. Vou me esmerar nisso, mas tem que conseguir dinheiro, porque Manaus não vai parar, não vai quebrar nunca, vai ficar de pé e de cabeça erguida.Por falar em mobilidade urbana, o senhor pretende manter a faixa azul?Eu entendo a segregação de faixas como um passo para o BRT. Fizemos tudo pensando nisso, como as estações do BRS. Não tínhamos era dinheiro para o BRT. Tem que ter obra de arte, tem que ter viaduto, passagem de nível, tem que ter sete novos terminais de integração, tem que ter quatro estações de conexão, é um projeto custoso, que está fora do alcance das finanças da prefeitura. Mas é um projeto necessário e está sob a responsabilidade do meu vice, Marcos Rotta, que tenho certeza que vai, junto com a minha ajuda, nossa relação com o presidente, vai desencravar esse dinheiro. O Ministro das Cidades, Bruno Araújo, estará aqui em Manaus em novembro e vamos conversar sobre o BRT. A coisa está avançada. Estamos trabalhando há meses em silêncio, com o Ministério das Cidades, para desentocarmos esse BRT, que esse sim é a redenção do nosso trânsito. Nós temos que brigar por ele, para oferecermos um trânsito digno da expectativa do povo de Manaus.
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