Após chacina no Mato Grosso, polícia recebe reforço em busca por suspeitos

Foto:Reprodução/Rede Amazônica

Um grupo de homens armados invadiu um assentamento em Taquaruçu do Norte, a 300 km de Colniza, que fica a 1.065 km de Cuiabá, no Mato Grosso, na última quarta-feira (19). Nove pessoas foram assassinadas e algumas vítimas tinham sinais de tortura. A informação sobre o crime chegou até as autoridades somente na quinta-feira (20), devido à dificuldade de acesso à área. A principal suspeita é de que fazendeiros teriam encomendado o assassinato. As informações são do G1 Mato Grosso.

O Batalhão de Operações Especiais chega nesta segunda-feira (24) ao local da chacina, de acordo com informações do Bom Dia Brasil. O percurso de Colniza até o local da chacina é feito por estrada de terra no meio da floresta amazônica e é preciso percorrer 18 km de barco ou balsa. Chove muito na região.

Segundo a Pastoral da Terra, trabalhadores rurais ocupam a área desde 2002. Ao todo, haviam 70 famílias cadastradas no assentamento. Neste fim de semana, as famílias que ainda permaneciam nesta região fugiram às pressas, por causa de novas ameaças. Elas teriam sido intimidadas pelos assassinos, que ameaçaram voltar.

O Bope saiu de Cuiabá há dois dias e no domingo (23) à noite chegou a Colniza. Nesta segunda, eles devem chegar a Taquaruçu do Norte. A Secretaria de Segurança informou que a força tarefa vai contar com 19 policiais militares, quatro policiais civis, três bombeiros, quatro peritos e dois pilotos. As investigações contam com policiais com treinamento especializado para áreas de mata e conflitos agrários.

Um homem que não quis se identificar disse que saiu do acampamento dias antes da chacina. Ele afirma que a disputa por terras na região é violenta. Segundo ele, em uma reunião, um homem teria dito que iria tomar a terra à bala. “Saiu falando lá que a terra eles não perdia, que se eles perderem na Justiça, eles ganhavam na bala”, disse.

De acordo com as investigações, os criminosos chegaram encapuzados e mataram quem encontraram ao longo de 8 km. Eles usaram armas de grosso calibre, facas e enxadas. O laudo da polícia técnica indicou que alguns corpos foram amarrados e tinham sinais de tortura. Nove vítimas foram identificadas, todos homens entre 23 e 57 anos. Três eram de Rondônia e foram enterrados neste domingo (23).

No sábado (22), testemunhas começaram a ser ouvidas pela polícia, que já identificou alguns suspeitos de terem cometido os assassinatos. “Tem que ser uma operação bastante delicada nesta captura e, por essa razão, entre outras, é que o Bope está vindo”, disse o coronel Eduardo Henrique de Souza, comandante regional da PM-MT. “Com o apoio deles, nossa ação será mais fácil e teremos maior possibilidade de encontrar esses criminosos”, afirmou.

A chacina aconteceu três dias depois de o massacre de Eldorado dos Carajás completar 20 anos. Na época, 19 trabalhadores sem terra foram brutalmente assassinados em um confronto com a polícia. Dados da Pastoral da Terra mostram que nos últimos dez anos, 1.336 famílias foram expulsas e foram registradas 4.421 ameaças armadas.

Segundo Cristiano Cabral, coordenador da Comissão Pastoral da Terra, nos últimos anos foram mais de 120 pessoas assassinadas no campo do Mato Grosso. “Ninguém nunca foi preso”, disse. “Estamos denunciando todos os anos junto aos órgãos competentes, e até agora nada. A culpa direta ou indiretamente é do estado. Eles denunciaram ‘Nós estamos sendo ameaçados, estamos sendo ameaçados…’ e ninguém fez nada”, contou.

Cabral alerta para pessoas que ainda estão desaparecidas. Segundo ele, muitas pessoas estavam na cidade para resolver alguns problemas e, com violência grande, se espalharam. Famílias dizem que não receberam contato dessas pessoas e acreditam que elas possam ter sido mortas. Apesar de toda essa violência, a Secretaria de Segurança disse que não tem conhecimento de pessoas desaparecidas naquela região e que não recebeu denúncia de ameaça aos agricultores.

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