O desaparecimento do acreano Bruno Borges completou três meses no último dia 27. Amigos do jovem foram acusados de falso testemunho sobre o sumiço de Borges e que isso faça parte de um plano de marketing para vender as obras do estudante de 25 anos. Antes de sumir, Borges deixou em seu quarto apenas uma estátua de dois metros do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), mensagens nas paredes e 14 livros criptografados.
Em entrevista ao Bom Dia Amazônia do Acre, nesta segunda-feira (3), o estudante de psicologia Marcelo Ferreira, de 22 anos, que chegou a ser detido no final de maio por falso testemunho, contou como conheceu Bruno Borges e desmentiu as acusações.
Ferreira ajudou o amigo a construir o quarto que chamou a atenção do mundo. Foram 20 dias de parceria entre Bruno e ele até que tudo fosse organizado antes do sumiço do jovem. De acordo com reportagem do G1 Acre, o encontro com a equipe da TV foi na casa do estudante desaparecido.
O jovem afirmou que Bruno não tinha intenção de criar um marketing e que apenas queria ajudar os amigos quando se referiu aos contratos encontrados pela Polícia Civil durante busca e apreensão na sua casa. Na época, foram achados documentos deixados por Bruno destinando parte da venda dos livros para Ferreira, Márcio Gaiote e um primo de Bruno, Eduardo Borges.
“O Bruno falou: ‘Marcelo, as pessoas que acreditaram no meu sonho, elas têm que ganhar um ressarcimento, porque acreditaram em mim, e você foi um desses e merece’. Eu disse: ‘que nada, Bruno, se um dia der certo mesmo, você me ajuda do jeito que você quiser’”, relatou.
O delegado responsável pelo caso, Alcino Sousa Júnior, alega que desaparecimento foi parte de um plano para garantir a divulgação do trabalho de Bruno Borges. “Para a Polícia Civil, a gente encerra neste segundo momento, que é a comprovação de que não foi um homicídio, pelo menos não está comprovado. Não foi um sequestro, mas que se trata sim de uma vontade própria como já foi falado, onde existe um plano para divulgação das obras”, destacou.
Amizade
Marcelo Ferreira contou ainda como conheceu Borges, por meio de amigos em comum: “Conheci o Bruno nos períodos iniciais da faculdade, provavelmente por volta de 2013 e, quando conheci ele, não chegamos nem comentar sobre o projeto. Ele faria uma festa na casa dele e, no caso, conheci ele através de um amigo em comum. Ele me chamou para essa festa e participamos de um diálogo extenso, conversamos muito sobre sonhos lúcidos. E eu disse para ele que tinha muitos sonhos lúcidos e de forma gradativa, mas que na minha infância tinha diariamente. E foi aí que esse diálogo se estendeu porque ele também tinha e, além dos sonhos lúcidos, tinham as projeções”.
Foi na faculdade que ele recebeu o convite para participar do projeto ‘Enzo’ – nome dado pelo próprio desaparecido à sua obra. “Ele falava que estava desenvolvendo várias teorias, que envolviam a filosofia, cosmologia e a metafísica, que publicaria e revolucionaria o mundo essa teoria”, relatou.
Ferreira garantiu que tudo foi feito pelo próprio Bruno e que apenas ajudava com detalhes. “Na totalidade disso tudo aqui, Bruno é o maior percursor. Ele que fez praticamente tudo que está aqui e é tudo dele. As obras são dele, ele quem escreveu, que quem desenvolveu as criptografias. A a única parte que tenho nesse projeto é o auxílio. Tanto nas partes que foram emplastificadas e algumas criptografias, não muitas. Ele sempre dizia que o planeta ia conhecer as obras dele”, revelou.
O jovem comentou também que apesar da amizade como também estudante de psicologia, não sabia que ele sumiria e não sabe onde ele está.