A comida é, acima de tudo, cultura. Aquilo que comemos, como comemos, quando e onde comemos é resultado de acumulações, que fazem parte da nossa história de vida, do ambiente em que estamos inseridos e das relações que estabelecemos com os outros na construção da nossa própria identidade. Um dos aspectos que torna nossa cultura perene reside nas memórias que dela guardamos e reproduzimos, seja de seus símbolos, práticas, rituais, etc.
Estas lembranças afetivas na Gastronomia são chamadas de “comfort food” ou seja, a comida de conforto. E confortam porque nos remetem a momentos felizes, nostálgicos, significativos de tempos de alegria, como uma infância bem vivida, por exemplo. A dimensão da afetividade eleva o patamar de importância que a comida já possui: ela é um elemento de prazer, de deleite e de ligação social e familiar.
Quais são nossas memórias cheias de amor, ligadas à comida: lamber a tigela de massa de bolo ainda cru? A água que lava o restinho de açaí da vasilha e que não nos deixa ter azia? O bolinho de farinha com açúcar e canela, que comíamos em dia de chuva? A pupunha com café no final da tarde? O caribé quentinho que tomávamos ao adoecer? O capitão de arroz e feijão que ajudava a terminar a comida no prato?
Que as memórias felizes que guardamos nos possibilitem respeitar o alimento e seu espaço nas nossas vidas, para que o ritmo veloz da modernidade não apague o prazer de comer juntos e além disso, privilegiar tudo aquilo que nos dá saúde e valorizar quem tão devotadamente o produz.
Para saber mais, sugiro a leitura do artigo “Comfort food: sobre conceitos e principais características”, disponível no endereço: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistacontextos/wp-content/uploads/2016/03/72_CA_artigo_revisado.pdf