MANAUS – Engravidar e ter uma família ainda é o sonho de muitas mulheres, mesmo com as mudanças sociais dos tempos modernos. De acordo com Assumpto Iaconelli Junior, especialista em Medicina Reprodutiva, são cinco os principais fatores de risco para infertilidade feminina: idade, fumo, álcool e outras drogas, extremo ganho ou perda de peso, estresse emocional e físico. “Idade avançada é realmente um dos fatores que mais comprometem a fertilidade. Ao envelhecer, os ovários se tornam menos hábeis em liberar óvulos. A paciente, inclusive, tem uma reserva ovariana que diminui mensalmente, sendo que nem todos óvulos são saudáveis. Por fim, um dos ovários pode ser preguiçoso. Ou seja, falta a ele a capacidade de nutrir os óvulos, contribuindo para sua maturação. É importante ressaltar que sempre há um lado dominante, que pode ser o ovário esquerdo ou direito, dependendo da informação genética”. O médico explica que a Síndrome do Ovário Preguiçoso pode ter origem em fatores hereditários, no processo de envelhecimento, ser resultado de um desequilíbrio hormonal, endometriose, cisto ovariano, circulação sanguínea deficiente, degeneração dos folículos ovarianos e até mesmo na contaminação ovariana por poluição e metais pesados. “Durante exames realizados na investigação de infertilidade é que costumamos identificar esse tipo de problema. O ovário preguiçoso pode ser acompanhado por menstruação irregular e baixos níveis de progesterona – também chamada de deficiência na fase lútea”.Em geral, o diagnóstico de ovário preguiçoso já é um bom indicador para se recorrer às técnicas de Reprodução Assistida, como inseminação intrauterina ou fertilização in vitro – principalmente quando o ovário dominante também apresenta problemas como fibrose ou adesão. “Obviamente, é possível que uma paciente tenha todos os seus filhos contando com apenas um ovário saudável. Neste caso, é importante melhorar o máximo possível o desempenho do ovário deficiente através de medicamentos e de uma dieta saudável. Assim, as chances de gravidez se mantêm em níveis promissores”, avalia o especialista.Com ou sem ovário preguiçoso, Iaconelli diz que um dos principais fatores que explicam o fato de haver cada vez mais pessoas enfrentando dificuldades para engravidar é o adiamento da primeira gestação. “Muitas mulheres estão deixando para ter filhos na casa dos 30 ou 40 anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade média para se ter o primeiro filho é de 35 anos. No Brasil, quanto maior o nível educacional, mais mulheres investem na carreira antes e na maternidade depois. Além de a idade ser um fator de risco muito importante para a infertilidade feminina, mulheres mais velhas costumam enfrentar mais problemas ginecológicos, têm mais chances de sofrer hemorragias, abortamentos e, inclusive, de dar à luz um bebê com doenças genéticas. Por isso, atualmente, o recurso mais indicado para mulheres saudáveis que desejam adiar a maternidade é a criopreservação dos óvulos. Assim como nas finanças, é como se elas estivessem ‘poupando’ recursos para um futuro garantido”.
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