O ser humano tem o dom de se adaptar a todas situações, o importante é não desistir. Em Manaus, por exemplo, os imigrantes venezuelanos se viram nos 30 para ganhar dinheiro, alguns inclusive, usam as artes circenses como fonte de renda. A equipe do Portal Amazônia foi às ruas para conhecer as histórias desses personagens que encantam os motoristas que transitam pela cidade.
O primeiro artista de rua venezuelano que encontramos foi Gandhi de Jesus Hernandez. Ele chegou em Manaus na última semana e não perdeu tempo, pegou seus bastões e começou a se apresentar nas principais avenidas da capita. Por dia, Gandhi fatura em torno de 50 reais, o que segundo ele, é o suficiente para pagar o aluguel e comprar comida. “Gosto de me apresentar nas avenidas, pois, o fluxo de pessoas é maior. Os manauara são receptivos e tem me apoiado bastante”, afirmou o jovem.
A arte circense apareceu na vida de Gandhi naturalmente. O jovem não fez nenhum curso para aprender a controlar os malabares de fogo, todo conhecimento o foi adquirido através de tutorais na internet. As apresentações foram se aperfeiçoando nas ruas venezuelanas. “É uma arte linda, e se destaca à noite. Desde que eu comecei a fazer malabarismo com fogo nunca sofri nenhum acidente grave, somente uma queimadura ou outra, mas isso é porque adoto todos os meios de segurança possíveis. Apesar de jovem, tenho a mentalidade, experiência e habilidade que me ajudam na arte”, explicou.
A irmandade
Ao lado da Arena da Amazônia, dois jovens se revezavam a cada vez que o sinal abria, nossa equipe se aproximou e descobriu que Helio e Fábio Perez são irmãos, eles se mudaram para Manaus em 2018, e sua principal fonte de renda vem de arte de rua. “Ficamos pelo menos quatro horas nos semáforos, o nosso faturamento é relativo, já conseguimos R$ 100 em um único dia, outras vezes, um valor menor. Quando a situação aperta, nós trabalhamos em dois turnos, de manhã e a noite”, revelou Helio.
Os irmãos são autodidata e se ajudam na execução dos números. “Trabalhamos em sintonia, e graças a Deus, tem funcionado bastante”, esclareceu Helio, enquanto assistia o irmão se apresentando no sinal. Eles também atuavam nas ruas da Venezuela, e quando a situação ficou insustentável, eles decidiram se mudar para o Brasil. “É única coisa que sabemos fazer bem, e por enquanto, está dando para se virar em Manaus. Podemos dizer que a arte da rua salvou nossas vidas”, disse.
Enquanto Hélio é o rei dos malabares com fogo, o trabalho de Fábio é se equilibrar em prancha. “Comecei a praticar a arte da rua aos seis anos”, salientou Fábio. A reação dos motoristas é sempre a mesma, alguns olham com atenção, outros sacam os celulares para registrarem o momento, e tem quem ajude com uma quantia alta. “É muito engraçado, pois, quem está na frente não tira os olhos de nós. Acho que é gratificante ser artista de rua, não faria outra coisa da minha vida”, destacou.
Mas não pensem que os artistas venezuelanos levam suas artes apenas para os semáforos. Segundo Fábio, os irmãos estão comendo a estender as apresentações para outros lugares, como por exemplo, aniversários, baladas e raves. “É uma arte que nos possibilita entreter os mais variados públicos, desde crianças até idosos, mas a arte de rua sempre será a nossa principal fonte de renda, seja aqui ou na Venezuela. Só torcemos para que toda a situação melhore, enquanto isso, vamos fazendo nosso trabalho no Brasil”, afirmou.