Jovem indígena fotografa cotidiano em aldeia no Acre

Jornalistas, fotógrafos e cineastas, foram os responsáveis por despertar o desejo da indígena Yara Luiza pela fotografia 

A fotografia sempre inspirou curiosidade na jovem indígena Yara Luiza Piyãko Pinhanta, de 17 anos, que mora na Aldeia Apiwtxa, terra indígena Kampa do Rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre.

A jovem conta que sempre se interessou por fotografia e que via pessoas de fora da aldeia, como repórteres, jornalistas, fotógrafos, cineastas, irem até o local para fazer registros e despertou ainda mais o desejo de pegar em uma daquelas câmeras e começar a fotografar tudo que via pela frente.

Foto: Arquivo Pessoal

 Aos 14 anos, ela fez um curso e desde então registra as diversas faces do povo indígena e seu dia a dia em fotografias cheias de personalidade e um olhar apaixonado por suas origens. Com cores mais escuras ou mais vivas, as imagens revelam a mítica que envolve o cotidiano do índio.

Por ser tímida, ela diz que sempre foi muito observadora e que isso, com certeza, ajudou no processo de aprendizagem sobre a fotografia. Com o pai cineasta, Yara conta que, vez ou outra, pegava a câmera filmadora para testar ângulos, mas que queria mesmo era aprender a usar uma câmera fotográfica.

“Assisto bastante filme da aldeia e quando eu via as imagens daqui serem tiradas, eu dizia que se as pessoas podem pegar imagens daqui e levar para fora, porque eu não posso tirar fotos daqui e divulgar para fora, sendo uma pessoa da aldeia, indígena a tirar foto da comunidade. A fotografia para mim é uma coisa muito importante, faz parte da minha vida. A fotografia é cultura, é uma forma de mostrar nossas belezas raras e tradição. Quando começo a tirar foto é uma alegria imensa que tenho dentro de mim”, disse.

Foto: Arquivo Pessoal

 Atualmente, ela é a pessoa responsável pelos equipamentos fotográficos da aldeia. Cuida, faz a limpeza e usa para registrar reuniões, encontros e também o dia a dia dos moradores. A jovem fotógrafa diz que gosta de fotografar cenas em movimento, como pessoas trabalhando, fazendo artesanato, pinturas.

“Sou uma fotógrafa que não peço ninguém para parar o que está fazendo para tirar a foto, eu tiro quando as coisas vão acontecendo. Uma coisa importante foi o incentivo do meu pai, da minha mãe, dos meus tios, das lideranças aqui na comunidade, que colocaram uma confiança em mim. Comecei a tirar fotos por interesse, curiosidade, sou uma jovem e esse é só o começo, vou aprender mais e mais e vou divulgar a cultura Ashaninka para todo o mundo ver como se vive, como é o cotidiano aqui na comunidade”, concluiu.

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