Hip Hop: mais que cultura popular, um estilo de vida

O Portal Amazônia entrevistou personagens que estão inseridos no cenário do Hip Hop local

O Hip Hop é uma cultura popular que nasceu no bairro do Bronx em Nova York. Ele inclui alguns tipos de expressões artísticas como, por exemplo, o Rap, dança, grafites e moda. Em Manaus, o Hip Hop se confunde com a ancestralidade dos amazônidas, resultando em uma mistura singular e rica.

O Portal Amazônia entrevistou personagens que estão inseridos no cenário do Hip Hop local, que falam sobre a importância deste gênero para a região.

O rapper Jander Manauara é um entusiasta das causas amazônicas, tanto das questões naturais como sociais. Há 20 anos, o artista integra a cultura Hip Hop e divulga a Amazônia através dos seus versos. “Faço o denominado ‘Rap de mensagem’, que vem mais da vertente ‘old school’, porque misturo a sonoridade sintética do eletrônico com o orgânico de instrumentos mais regionais persuasivos, voltando para o contexto amazônico”, disse.

De acordo com o rapper, a sonoridade do rap é mais difundido nos grandes centros, porém, existentes em todas as localidades urbanas e, hoje, como maior cultura de rua do mundo, junto com o Breaking dance, a discotecagem e o graffiti. Ainda mais se colocar no meio a força propulsora da internet.

Sobre colocar a Amazônia em seus versos, o artista afirmou que acontece de maneira orgânica. “Flui com simplicidade e muita pesquisa sobre os nossos espaços. Não penso em seguir o padrão urbano, digamos, no quesito rap, eu escrevo minha vivências e meus laços são totalmente voltados para a Amazônia pelo meu pertencimento local”, contou Jander.

Jandar Manauara gosta de misturar o Rap com a temática amazônica. Foto: Reprodução/Instagram

O crescimento do rap é visível no Amazonas. Em qualquer lugar é possível encontrar pessoas fazendo batalha de rima ou envolvido em algum grupo de rap. “Com certeza, o rap foi um dos seguimentos que mais produziu durante a pandemia por aqui e agora expandiu para toda grande Manaus”, disse.

Mas não pense que a vida de um rapper é fácil, além de criar as rimas, o artista precisa ter foco em pesquisas. “Acho que a busca do autoconhecimento passa pelos locais que pisamos também. Deveríamos honrar com mais estudo e pesquisa em valores tanto econômicos como naturais toda a Amazônia e todos aqueles que lutam pelas causas. A minha parte é cantar a Amazônia e subir um degrau das suas escadas em cada produção”, destacou o artista. 

Movimentos que falam

O Rei do Pop, Michael Jackson, foi a porta de entrada para o coreógrafo Fernando Castelo Branco entrar no mundo do Hip Hop. Em 2007, época em que o acesso a internet era limitado, Fernando se apaixonou pelas coreografias de Michael. A partir de alguns vídeos, o amazonense buscou todas as referências e teve um encontro avassalador com o Hip Hop.

“Deixei o Pop de lado e me aprofundei mais no Hip Hop. Na época, as minhas fontes de pesquisa eram fitas VHS, DVD’s, revistas e livros. Aos poucos, compreendi que o Hip Hop era mais que cultura, mas um estilo de vida”, explicou Fernando, que recordou a escasses de material de Hip Hop, antes da popularização da internet.

Atualmente, Fernando se dedica a ensinar o Hip Hop para outras pessoas. “Virei professor por acidente. Antes da popularização da internet haviam poucas referências do Hip Hop em Manaus, logo, não existiam pessoas qualificadas para ensinar. Porém, eu já contava com uma certa experiência e, atualmente, sou professor de dança”, contou.

Além de ensinar, Fernando se mantém ativo no cenário do Hip Hop amazonense. Ele participa de eventos, batalhas de dança e palestra sobre o tema. “O Hip Hop se tornou um estilo de vida. Através da dança consigo expressar uma gama de sentimentos. Existe uma troca legal entre o Hip Hop e a comunidade”, disse. 

Foto: Reprodução/Instagram

Arte das ruas

Aos poucos Manaus vem ganhando uma nova perspectiva com um tipo de arte bem peculiar, o graffiti. Cores, texturas, linguagem e beleza cobrem diversas áreas da cidade e provam que os artistas da capital conseguem se expressar através dos desenhos urbanos.

O graffiti surgiu em 2014 na vida da artista Deborah Erê, que já era estudante de artes. “Conheci o graffiti por meio de um amigo e me apaixonei. Levou um tempo até eu desenvolver uma certa técnica, principalmente, devido ao processo criativo do graffiti que é aberto ao público, ou seja, ficamos expostos e vulneráveis. Para quem está começando é um processo de desconstrução grande”, afirmou.

Por estar inserida em um ambiente majoritariamente masculino, a artista encontrou resistência, principalmente, do público externo. “Em 2014, eu estava pintando muro com autorização, mas as pessoas me hostilizaram. Existe também a questão do machismo. Em duas situações, as pessoas pensaram que outras pessoas eram responsáveis pelas minhas artes”, contou Deborah.

 

Foto: Reprodução/Instagram

Recentemente, a artista finalizou uma obra no bairro de Adrianópolis, que ela considera ser o seu xodó. Diferente das primeiras reações, Deborah recebeu diversos elogios. “As pessoas passavam e admiravam o trabalho, alguns carros paravam para fotografar o processo de criação. Aproveitei para divulgar a minha página no Instagram e me surpreendi com a quantidade de seguidores que ganhei”, revelou.

 

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