O processo chamado de ecdise está relacionado ao crescimento e amadurecimento da cobra, quando ocorre a liberação de uma peça única e inteira de pele.
As cobras surgiram há cerca de 140 milhões de anos e inicialmente podem ter origem terrestre no planeta. Estima-se que no mundo existem por volta de 2.930 espécies de cobras ou serpentes. O Brasil abriga 321 delas, aproximadamente 10% do total, das quais apenas 36 são peçonhentas.
Na Amazônia brasileira, existem 189 espécies de cobras registradas oficialmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), até o ano de 2017.
Entre as curiosidades sobre esses animais, pode-se destacar que são da classe Reptilia, ou seja, são parentes da jacarés, tartarugas e lagartos, já que essa classe possui quatro ordens: Crocodylia (jacarés, crocodilos e gaviais), Quelonia (tartarugas,cágados e jabutis), Sphenodontida (Tuatara) e Squamata (lagartos, cobras e anfisbenas).
Mas existe uma curiosidade que faz parte do ciclo de vida das cobras que intriga bastante: o momentos que as cobras trocam de pele. Você sabe por que isso ocorre?
O Portal Amazônia conversou com a bióloga coordenadora do serpentário do Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus (AM), Ana Lobo, para entender como e porquê ocorre esse processo.
“A troca de pele das cobras está relacionada ao crescimento. É interessante pensarmos em uma troca de roupa, quando crescemos compramos roupas maiores, pois as roupas não acompanham o crescimento do nosso corpo. Nas cobras, funciona dessa forma, a pele não acompanha o crescimento do corpo, sendo necessário sair dessa pele antiga e produzir uma nova pele”,
explicou.
Quando são juvenis, as cobras passam por um crescimento acelerado, o que faz com que a muda ocorra com bastante frequência, quase todos os meses. “Isso muda quando as espécies se tornam adultas, já que elas passam a ter um crescimento lento, levando essas trocas em médias de quatro a cinco vezes ao ano”, acrescentou.
Apesar do crescimento estar ligado principalmente a esse processo, a bióloga comenta que ele não é o único que influencia nessa troca. Fatores como alimentação, presença de parasitas e ambiente onde estão vivendo são exemplos da relação da troca de pele.
Esse processo é chamado de ecdise e nas cobras ocorre pela liberação de uma peça única e inteira de pele, diferente de outros répteis, como os lagartos, em que a pele sai aos poucos, em pedaços.
“O processo de ecdise leva dias, o ato de trocar leva horas. Se inicia o processo pela cabeça e aos poucos vão se locomovendo entre os substratos, galhos e cipós para que assim consigam auxílio para tirar a pele, já que são animais que não possuem membros. Até que depois de alguns minutos ou horas conseguem retirar toda a pele, que sai do avesso”,
contou Ana ao Portal Amazônia.
E o que acontece com a pele descartada?
Segundo a bióloga, a pele não tem uma boa durabilidade e por ser um material orgânico, acaba se decompondo. “A pele é constituída principalmente de queratina, mesmo material de nossas unhas e cabelos, por exemplo. Esse material é orgânico, então não possuem uma durabilidade boa. Em pouco tempo fungos se apropriam para decompor”, finalizou Ana Lobo
Para você que tem curiosidade em ver como acontece, assista: