Telezé: conheça gírias e expressões do vocabulário amazônico

São várias as expressões e gírias que marcam o vocabulário do amazônida, entre elas, a palavra ‘égua’, muito comum e que dependendo da intensidade, expressa surpresa, raiva, frustração e outros sentimentos.

“Égua” é uma das expressões linguísticas mais comuns nas cidades amazônicas e dependendo da entonação, pode significar espanto, admiração, coisa boa, lamento e uma variedade de utilidades.

“Amazonês”. (Arte:AVG/Rede Amazônica)

Na Amazônia, além de “égua”, várias outras expressões comunicam ideias e sentimentos, e são usadas na linguagem coloquial, aquela informal do nosso dia a dia.

Nesse vocabulário informal temos as gírias, que segundo a professora doutora Socorro Cardoso, da Universidade do Estado do Pará, são conhecidas como código linguístico e são usadas por determinados grupos sociais.

“As vezes, as pessoas tem um conceito errado de gíria, onde elas acham que todo mundo fala gíria, e não é bem assim. A gíria é, por exemplo, um grupo de jovens com determinados termos que só eles conhecem e da feita que cai em domínio público não é mais gíria. Então, a gíria é própria de um grupo social, político, religioso. Sempre são códigos que só o grupo entende”, ressalta a professora.

Prof. Dra. Socorro Cardoso. (Foto: Acervo Pessoal)

Para a professora, é difícil mensurar e identificar as gírias de determinados grupos. Não só pela infinidade de termos, mas pela mudança constante delas.

“A gíria comunica é uma forma também dos grupos se protegerem. No presídio, por exemplo, eles tem uma gíria e um código que só eles conhecem. E a partir do mundo que o sistema penal descobre os códigos, eles mudam, pois umas das características da gíria é se defender. Defesa do grupo para se manter como grupo”, pontua.

Na região, são várias as formas de comunicar. Há palavras que só quem vive essa realidade, entende. Além das gírias amazônicas, traços linguísticos do processo de colonização e expressões que são marcas da identidade do caboclo, do ribeirinho e dos povos da região.

Algumas expressões e gírias são comuns em alguns estados e cidades, conforme a aproximação geográfica, outras são bem diferentes, mas a equipe do Portal Amazônia conseguiu mapear várias delas para te apresentar um pouco mais vocabulário amazônida. “Te abicora” e “borimbora” conhecê-las:

Telezé
Abreviação da pergunta ‘Tu é Leso, é?’. Se refere a pessoa ser doida ou estar fora de juízo, ter algum problema na cabeça ou ser babaca.


Te abicora
É usada para iniciar uma jogada, dar partida, comum no jogo de peteca (bolinha de gude).

Borimbora
Expressão abreviada de ‘vamos embora’.

De rocha (Drx)
A expressão é uma confirmação da verdade.

Panema
Pessoa sem sorte, azarado.

Pegar o beco
Usada para dizer que vai ou quer ir embora.

Vem timbora
Convidando para voltar.

Buiado, estribado ou granado
Quem recebeu ou tem alguma quantia alta em dinheiro.

Te arreda
Para se afastar, se distanciar.

Aplica
Quando se conta uma história e a outra pessoa não acredita, como se fosse mentira o que está sendo dito.

Muito palha
Dito para algo fraco, chato e sem graça.

Pavulagem
Usado para chamar o outro de convencido ou metido.

Só o filé ou filé da Gurijuba
Quando se está em uma situação onde tudo está como planejado.

Torar
Quebrar, cortar, partir.

Pão careca ou massa grossa
Como se chama o pão francês.

Lá em baixo
Se refere ao centro comercial.

Gito
Pequeno

Porrudo ou maceta
Algo ou alguém grande, enorme.

Escangalhar
Quebrar ou deixar com defeito.

Não que não
Usado para dizer sim.

“Amazonês”. (Arte:AVG/Rede Amazônica)

Malaco ou galeroso
Como se chama alguém que é pivete, de gangue ou arruaceiro.

Me roba logo
Quando acha algum produto ou algo caro demais. Com alto preço.

Bora lá só tu
Usa-se para dizer que não vou.

Disque
Usado para desdém, desmentir algo.

Abera
Que fica cercando, olhando como estivesse pedindo ou querendo algo.

Psica ou psica da velha chica
Deseja má sorte, má agouro ao oponente, uma forma de enfraquecê-lo.

Escabriado
Medroso, desconfiado, com receio.

Se agasalha
Ir se preparar para dormir ou vestir uma roupa e ficar quieto.

Não tem combate
Sem condições, impossível.

Toma-lhe-te
Bem feito, mereceu.

Maluvido
Desobediente.

Espoquei de rir
Gargalhada, ri com intensidade

Dar uma forra
Retribuir, dar algo em favor.

Rasga
Se retire, saia fora.

Mufino
Diz-se para quem está triste, abatido.

Levou o farelo
Quando morre.

Chutado
Quando se corre muito, com muita pressa.

Bazuca
Ciclete ou goma de mascar.

Afudega
Se apressa.

Alvará
Usado para substituir o imagina!.

Toda empiriquitada
Maquiada e bem arrumada.

Sem termo
Que não para quieto, não se comporta.

Passamento
Mal estar ou enjoo.

Levar uma pisa
Apanhar, levar uma surra.

Nem te bate
Não ligar para que o outro diz ou faz.

Esbandalhar ou escangalhar
Quebrar ou destruir.

Filho de pipira
Quem pede muito, pedinte.

Abestado ou tobó
Tolo, bobo, imbecil.

Até o tucupi
Cheio demais.

Baixa da égua
Refere-se a um local distante

Brocado ou laricado
Com fome.

Capar o gato
Ir embora

Chibata
Coisa boa

De bubuia
Descansado, tranquilo, relaxando.

Din din, flau, chopp, geladinho. (Foto:Divulgação)

Dindin, chopp, flau, geladinho, gelinho, chup chup e sacolé
Algumas das inúmeras variedades para dar nome ao suco congelado de alguma fruta e vendido dentro de um saco em formato cilíndrico.

Te avia
Tomar juízo e também para se apressar.

Chabocar a venta
Dar um murro na cara.

Lazarento
Alguém que é infeliz.

Orelha seca
Conhecido como ajudante de pedreiro.

Só a capa da gaita ou só o pau (pó) da rabiola
Pessoa magra demais.

Mais sujo que acari-bodó em poço de lama
Dito a pessoa que já cometeu crimes ou que deve muito.

Arrodear
Dar a volta.

Xiringar
Espalhar algo ou alguma coisa.

Espocar
O mesmo que estourar.

Gastar
Derramar algo por estar muito cheio.

Afrontado
Usado para dizer que a pessoa está muito cheia.

Fuleiro
Pessoa pouco confiável ou objeto de valor duvidoso.

Grelhar
Fazer sucesso, se destacar e chamar a atenção dos outros.

Morreu de colar
Se refere a quando algo dá certo.

Pai d´égua
Algo ou alguma coisa que é muito legal.

Você também pode nos ajudar a construir esse glossário amazônico. Deixe nos comentários, as expressões e gírias da sua cidade.

*Colaboraram as jornalistas Sílvia Vieira, do G1 Santarém e Lorena Kubota, da Rede Amazônica Amapá.


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