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Sexta, 19 Abril 2024

Terra preta de índio: características, usos e benefícios

A Terra Preta de Índio (TPI) é um tipo de solo encontrado na região amazônica, modificado pela ação humana. Essa modificação, que poderia ter sido provocada por sociedades ameríndias, proporcionou diversas vantagens para a agricultura da época, e isso vem a afetar até a geração atual, seja por meio de pesquisas e busca de técnicas de cultivo que visam aprimorar a produção vegetal. 

A TPI tem atraído atenções devido a suas eminentes características que podem ser analisadas sob aspectos químicos (elevada capacidade de troca catiônica e alto teor de matéria orgânica), físicos (distinção na distribuição granulométrica, elevado teor de retenção de água, tonalidade escura forte) e biológicos (excelente riqueza de microrganismos). 

Terra preta de índio encontrada no Amazonas - Foto: Felipe Santos da Rosa/Embrapa

Segundo pesquisas da Embrapa Amazônia, As TPIs apresentam também elevada fertilidade, contrastando com os solos adjacentes, destacando-se os altos teores de fósforo, cálcio, zinco e manganês, além dos elevados estoques de carbono orgânico nestes solos, com estimativa de até cem vezes superiores aos solos adjacentes.

A Embrapa ainda afirma que As TPIs também se caracterizam por apresentarem artefatos cerâmicos pré-colombianos, corroborando sua origem antrópica.

O que se supõe sobre a origem da TPI é que ela foi formada sob influência do homem, ou seja, ela foi antropizada. Mas há questionamentos acerca da intencionalidade da sua formação: não se sabe se os habitantes, que tiveram contato com a TPI e que se beneficiaram dela, tinham em mente o propósito de criar uma terra altamente eficiente depositando resíduos degradáveis, como folhas, ossos, dejetos, cinzas e resíduos de carvão vegetal. 

Os usos e benefícios da Terra Preta vão desde o seu manejo em canteiros caseiros, até a análise em laboratórios especializados. O interesse crescente por TPI é notado logicamente pelas suas excelsas características, o que estimulou cientistas e pesquisadores a elaborarem um fertilizante orgânico condicionador de solo que imite suas características, o biocarvão (biochar). 

Pesquisadores concluíram que as datações de carbono indicam que a mancha de terra preta estudada precede a presença humana no local. Foto: Arquivo Pessoal

O uso de TPI é destacável devido a sua alta distribuição geográfica pela Amazônia. A maioria dos sítios arqueológicos de TPI é encontrada nas margens de rios, tanto de águas brancas como Purus, Madeira, Juruá, Solimões e Amazonas; quanto os de águas claras, a exemplo do Trombetas, Tapajós e Mapuera; ou ainda margens dos rios de águas negras como o Rio Negro, Urubu, Caxiuanã e Mapuá. O tamanho dos sítios arqueológicos com TPI varia de 1 a 500 ha, mas cerca de 80% apresentam de 2 a 5 ha. O horizonte A antrópico pode variar de 10 a 200 cm de espessura, no entanto, a maioria dos sítios com TPI varia de 30 a 60 cm de profundidade.

Por se tratar de patrimônio da União, a comercialização é proibida pela lei de proteção aos sítios arqueológicos de n° 3.924/61. Assim, o que se pode considerar sobre a TPI é que ela possui alta CTC, quantidades consideráveis de nutrientes e MO, e grande utilidade para o crescimento de plantas dos mais variados tipos. Embora não se saiba exatamente sobre a origem da TPI, grandes pesquisas têm sido realizadas para o desenvolvimento de um composto que simule os mesmos benefícios da TPI, o chamado biocarvão, que é um desafio para as ciências agrárias.


Leia o artigo original: Terra preta de índio: características, usos e benefícios realizado pelos estudantes Leandro Jun Soki Shibutani², Lucas Santos Da Silva², Rivanilson Silva Marinho², Werlleson Nascimento² e Iolanda Maria Soares Reis³ da Universidade Federal do Oeste do Pará 

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