Portal Amazônia responde: qual a diferença entre o maracujá e o maracujá-do-mato?

Com nome de origem indígena, existem cerca de 150 espécies de maracujá no País, muitas encontradas e consumidas na Amazônia brasileira.

Com importância social e econômica para o país, o maracujá é uma fruta típica do Brasil. O nome do fruto tem origem do tupi-guarani: maracujá significa “alimento que se toma de sorvo” ou “alimento em forma de cuia”.

Bastante saboroso e diferenciado, o fruto é um dos queridinhos na gastronomia, mas o que muitos podem não saber é que existem dezenas de espécies de maracujá no Brasil. Dentre eles se destacam o maracujá-azedo (o mais comum) e o maracujá-do-mato.

O Portal Amazônia conversou com o engenheiro florestal do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo, que explicou as diferenças desses maracujás e ainda sobre as principais espécies da região amazônica.

Foto: Afonso Rabelo/Acervo Pessoal

Uma das diferenças é que os frutos do maracujá-do-mato (Passiflora nitida Kunth) não possuem aroma. Afonso Rabelo conta que esses frutos são compostos por epicarpo, mesocarpo, endocarpo, arilos (polpa) e semente.

“Quando atingem o ponto de maturação, os frutos não se desprendem dos ramos, assim sendo, a colheita deva ser realizada diretamente na própria planta”, relata.

Já os frutos do maracujá-azedo ou do maracujá-roxo (Passiflora edulis Sims) são muito aromáticos e também possuem a mesma composição: mesocarpo, endocarpo, arilo e sementes. Porém tamanho, comprimento e peso são diferentes. Confira: 

 Diferenças

Maracujá-do-mato Maracujá-azedo
ou marcujá-roxo
Os frutos medem entre 6,22 e 8,04 cm de comprimento, por 4,09 a 8,03 cm de diâmetro. Os frutos medem
entre 9,5 e 13,7 cm de comprimento, por 7,5 a 10,70 cm de diâmetro.
Pesam em média 52,94 gramas.  O peso varia entre 160 e 375 gramas, com média de 245 gramas.
O epicarpo (casca) possui superfície externa com coloração amarela-laranja, textura lisa, espessura fina e consistência fraca. O epicarpo (casca) possui superfície externa com coloração amarela ou roxo-clara brilhante, espessura fina, textura lisa e consistência rígida.
O mesocarpo possui coloração esbranquiçada, espessura grossa, textura esponjosa e consistência mole.   O mesocarpo com rendimento em torno de 56% do peso total do fruto possui coloração branca, espessura grossa, textura carnosa-esponjosa e consistência mole.  
Os arilos (polpas) possuem coloração cinza-translúcida, textura suculenta viscosa e sabor adocicado. O consumo pode ser na forma in natura, ou usado para preparar sucos do maracujá-do-mato misturados com o suco do limão ou com as polpas de outros frutos acidíferos. Os arilos (polpas) possuem coloração amarela-translúcida, textura suculenta cremosa e, sabor muito azedo e acidífero, por esse motivo, o consumo na forma in natura é rejeitado, contudo, é muito utilizado na gastronomia para preparar bolos, mousses, iogurtes, geleias, pudins, tortas, sorvetes, sucos, condimentos e outras centenas de receitas, além disso, possui grande potencial tecnológico agregado para ser empregado nas indústrias de alimentos, bebidas, cosméticos e de produtos fitoterápicos.

Comercialização

Em relação à comercialização, o pesquisador conta que os frutos inteiros do maracujá-do-mato podem ser encontrados em algumas feiras e quiosque na região amazônica.

“Na Amazônia Central, os frutos são comercializados com mais frequência durante os meses de março, abril, maio e junho, e eventualmente em outros. Após as colheitas os frutos são tolerantes ao manuseio e transporte, todavia, tornam-se muito perecíveis quando são armazenados sob temperatura ambiente. Contudo, para aumentar a viabilidade, é necessário higienizar os frutos, embalar em sacos plásticos e conservar em geladeira por sete dias”,

comenta Afonso Rabelo.

Já os frutos do maracujá são comercializados inteiros ou de polpa concentrada com/sem as sementes. Além dos frutos e da polpa concentrada, o maracujá poder ser encontrado na forma de farinhas, geleias, polpas liofilizadas, sucos concentrados, óleos das sementes, cosméticos e produtos fitoterápicos.

Principais espécies de maracujá da região amazônica

Ao todo, existem cerca de 520 espécies conhecidas de maracujazeiros. Destas, o Brasil abriga aproximadamente 150 espécies. O engenheiro florestal pontua as principais espécies da Amazônia:


  • Maracujá-do-mato (Passiflora nitida Kunth);
  • Maracujá-azedo (Passiflora edulis Sims);
  • Maracujá-doce (Passiflora ambigua Hemsl.);
  • Maracujá-rajado (Passiflora cocinea Aubl.);
  • Maracujá-fedorento (Passiflora foetida L.);
  • Maracujá-laranja (Passiflora laurifolia L.);
  • Maracujazinho-roxo (Passiflora micropetala Mart. ex Mast.);
  • Maracujá-açu (Passiflora quadrangulares L.);
  • Maracujá-folha-de-uva (Passiflora vitifolia Kunth). 
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