Órgãos ambientais devem mostrar plano de proteção de tartarugas no Pará

O início do período de migração e reprodução dos quelônios acendeu o alerta ambiental. Procuradores federais paraenses querem saber quais medidas foram e serão tomadas para proteger as tartarugas amazônicas. Para isso, notificaram os órgãos ambientais e a empresa Norte Energia, que deverão apresentar até o próximo dia 22 o plano de fiscalização do Tabuleiro do Embaubal.

O refúgio, localizado no município de Senador José Porfírio, sudoeste do Pará, abriga um dos maiores e mais importantes sítios de reprodução de quelônios da bacia amazônica e do mundo. É uma área de reprodução de fêmeas de tartarugas que migram mais de 400 quilômetros, desde o arquipélago do Marajó e do baixo Amazonas, até o local.

Foto: Acervo/ICMBio

Os ovos dos quelônios são comercializados de forma ilegal pois se tornaram uma iguaria culinária na região. A procuradora da República Thais Santi afirma que as vistorias realizadas no Tabuleiro do Embaubal apontam para o aumento da pesca ilegal e do tráfico de animais. “E ficou constatado também que o equipamento e as instalações de infraestrutura do tabuleiro são insuficientes para fazer frente às demandas da localidade.”

Em nota, o governo do Pará afirma que enviará a documentação solicitada e vai participar de reunião com os procuradores. Além disso, informou que entre as ações de preservação que já adotadas está a criação de duas unidades estaduais de conservação na região do Tabuleiro. 

A empresa Norte Energia, que administra a hidrelétrica de Belo Monte, também foi acionada pelo Ministério Público Federal. Em nota, a concessionária afirma que cumpre as contrapartidas obrigatórias para o fortalecimento da fiscalização ambiental da região.

Desde 2012, teriam sido repassados ao município de Senador José Porfírio R$ 3,5 milhões para aquisição de equipamentos e materiais de insumo. A Norte Energia diz ainda que ações de monitoramento e manejo no Tabuleiro do Embaubal já contabilizam mais de 3 milhões e 800 mil filhotes de quelônio protegidos e soltos na natureza desde 2011.

Soltura de filhotes de tartaruga-oliva

Filhotes da espécie tartaruga-oliva, ameaçada de extinção, foram soltos na praia da Marieta, na Reserva Extrativista Maracanã, nordeste do Pará. Foram 21 tartarugas que passaram por checagem das equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da organização não governamental Bicho D’Água, antes de serem soltas na praia. 

Foto: Acervo/ICMBio

Alguns precisaram de uma força para chegar ao mar e depois foram acompanhados. Conforme o ICMBio, a desova aconteceu na última semana. Pescadores da praia ajudaram a descobrir os ovos, que foram protegidos de predadores.

Os ovos foram resgatados no dia 5 de junho, durante uma atividade de educação ambiental em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, na praia Vila do Penha, maior comunidade da Resex. A equipe do ICMBio levou os ovos para a praia de Marieta para proteger a espécie de ataques de coletores e predadores naturais. 

Na praia da Marieta, residem apenas alguns pescadores artesanais em ranchos de pesca. Entre eles, o pescador Domingos do Espírito Santo Filho, famoso na região por ser considerado um guardião das tartarugas marinhas. Foi ele o responsável pelo cuidado dos ovos até as tartarugas serem soltas no mar. Domingos recebeu treinamento dos pesquisadores, aprendendo a manusear os ovos e soltar os filhotes, aumentando as chances de sobrevivência dos indivíduos, e contribuindo para a conservação da espécie.

A equipe da Resex Maracanã, em parceria com a ONG Bicho d’água, visitou às comunidades da Vila do Mota, Vila do Penha e Praia da Marieta. Eles pretendem promover a capacitação dos pescadores para o resgate de tartarugas marinhas, cetáceos e outros animais que são capturados nos currais e nas redes de pesca, e que não são recursos pesqueiros de interesse econômico. 

Na região, há a desova de diversos animais marinhos. As espécies mais comuns na região são a tartaruga verde ou aruanã, tartaruga oliva e tartaruga cabeçuda ou mestiça.

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